A decisão da família do apresentador Gugu Liberato de doar os órgãos dele despertou o interesse de muitos brasileiros em fazer o mesmo e diminuir a fila de transplantes. Mas, para isso, a legislação do nosso país torna fundamental que as famílias conversem sobre o assunto.
Na Central Nacional de Transplantes, o plantão é permanente e recebeu a informação de que um bebê, de 1 ano e sete meses, teve morte encefálica e que a família queria doar os órgãos.
“Cada órgão tem um tempo limitado para ficar sem a circulação sanguínea que fornece o oxigênio aos tecidos. Então, a gente tem que correr contra o tempo para que a gente consiga fazer com que a retirada dos órgãos ocorra e chegue até o receptor”, explicou Patrícia Freire, coordenadora da Central Nacional de Transplantes.
Na lei de 1997, que estabeleceu no Brasil a doação de órgãos, valia o conceito de doação presumida. Todo mundo era considerado doador em potencial, a menos que tivesse escrito no documento de identidade ou na carteira de motorista a observação “Não doador de órgãos e tecidos”. Em 2001, essa lei foi modificada e passou a vigorar o conceito de doação consentida.
Hoje, a doação de órgãos só pode ser feita com autorização da família. Por isso, o primeiro passo é deixar claro esse desejo para os parentes, que darão a palavra final. Está apta a doar qualquer pessoa a partir de sete dias de vida e que tenha passado pela triagem de doenças transmissíveis pelo sangue, como a hepatite, por exemplo.
Se for comprovada morte encefálica, todos os órgãos e tecidos do corpo podem ser doados. Nos casos de morte por parada cardiorrespiratória, só é possível doar tecidos para transplante de córnea, vasos, pele, ossos e tendões.
Alguns fatores podem impedir a doação, como morte por doença infecciosa, por exemplo. Também não pode haver a doação sem a identificação do corpo. O doador pode até fazer uma certidão, que pode ou não ser reconhecida pela Justiça.
O Ministério da Saúde contou cerca de seis mil transplantes em 2019. A doutora Lívia Portela, do Hospital Universitário de Brasília, diz que a oferta poderia ser maior. “É muito importante que a população leiga seja esclarecida a respeito da morte encefálica, e da importância de se doar órgãos.”
Fonte: Jornal Nacional – TV Globo Por Delis Ortiz / Brasília
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