Um dos exemplos mais sérios de pensamento hoje é com respeito ao uso das palavras “igreja” e “governo” principalmente quando este pertence a uma ala evangélica como é o caso do presidente Jair Bolsonaro. Quando as pessoas dizem “governo”, elas geralmente querem dizer o Estado ou governo federal, e nada poderia ser mais oportuno do que a reflexão que o Arcebispo Guardião Geral da Fraternidade Católica Anglicana dos Filhos de Assis Dom Sebastião Costa de Lima comenta neste programa “Palavra de Fé!.
Os Puritanos sabiam melhor. O Estado para eles era o “governo civil”. Governo significa em primeiro lugar o auto-governo do cristão. Não existe governo mais básico e importante na sociedade do que esse. Governo significa também a família, uma área muito importante de domínio e autoridade. Significa a escola, que governa a vida dos jovens, e significa também a igreja, uma área muito essencial de governo. Nosso trabalho nos governa, assim como nossos amigos e parentes, e as pessoas da nossa comunidade, por suas atitudes e opiniões. Clubes e organizações aos quais nos filiamos também nos governam. Os tipos de governo são muitos. O governo civil é um importante entre muitos, não o único, e o mais importante de todos os governos na sociedade humana (excetuando o de Deus) é o auto-governo.
O mesmo uso equivocado aparece com a palavra “igreja”. Geralmente queremos dizer por essa palavra uma instituição religiosa, uma denominação, ou algumas vezes um edifício. A igreja, contudo, é em primeiro lugar o corpo místico de Cristo, a congregação verdadeira, viva e sobrenatural de todos os redimidos no tempo e na eternidade. Assim, é muito maior que a nossa igreja ou seu edifício local. Devemos ser leais à nossa igreja visível particular enquanto a mesma for sincera e fielmente obediente a Cristo, e verdadeiramente manifestar e representar o seu corpo, não com perfeição, mas com fé e obediência essencial.
Podemos algumas vezes ser desobedientes a Cristo ao sermos obedientes à “nossa igreja”. Em todo o caso, se limitamos os significados de igreja e governo a uma instituição e um Estado, não temos apenas usado essas palavras equivocadamente, mas também limitado e empobrecido nossas vidas.
Nós somos o governo, cada um na conduta de sua vida sob Deus. Esquecer isso é tomar a estrada para a escravidão. Além disso, a igreja verdadeira é em primeiro e último lugar Jesus Cristo mesmo, e toda congregação particular enquanto for fiel e obediente a ele. Limitar a igreja a uma instituição é colocar a nós mesmos fora da comunhão com ele, que é a igreja. A forma como usamos essas palavras nos diz muito sobre o nosso tempo. Um homem fala a partir do seu coração e fé, e temos confiado muito nas coisas presentes, como as vemos, e não como Deus as ordenou. Pois como um homem “pensa em seu coração, assim ele é” (Pv. 23:7).
Ao longo de seus anos como deputado federal e durante sua campanha à Presidência, Jair Bolsonaro atraiu os holofotes da mídia e, principalmente, a atenção nas redes sociais com declarações divisivas e por vezes polêmicas. Elas compuseram a estratégia bem sucedida que o catapultou de parlamentar do baixo clero a presidente eleito com 57,7 milhões de votos.
Em seus discursos no dia da posse presidencial, ele seguiu seu tom de campanha. “Não podemos deixar que ideologias nefastas venham a dividir os brasileiros”; “Essa é a nossa bandeira, que jamais será vermelha. Só será vermelha se for preciso nosso sangue para mantê-la verde e amarela”; “O Brasil voltará a ser um país livre das amarras ideológicas”: foram algumas das frases que marcaram as falas do novo mandatário do Brasil. Nos últimos meses depois do incêndio na Amazonas, parece que a igreja católica, está rompida com o atual presidente da nação brasileira, que por sua vez, por ser mais voltado aos irmãos evangélicos, pouco se vê, o apoio que algumas igrejas católicas tecem pelo presidente eleito. Neste programa abertamente Dom Sebastião fala de sua admiração ao presidente como chefe supremo da Fraternidade Católica Anglicana dos Filhos de Assis.
Direto da Redação – Apresentação: Dom Sebastião Costa de Lima – Direção: Frei José Neilo Machado – Imagens e edição: Vinícius Domingos – Supervisão técnica: Anderson Campos
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