No programa de Hoje o Arcebispo Dom Sebastião Costa de Lima, da Igreja Católica Apostólica Anglicana Unificada nos fala mais uma vez sobre Regras da Vida. Ele fundamenta a vida dos frades e das pessoas que com eles convivem nos seus devidos relacionamentos deixando claro que embora a Igreja não incentive o divórcio, nem o trate como uma questão normal, fruto do desenvolvimento da sociedade ela tem uma estrutura legal e pastoral para auxiliar e acompanhar aquelas pessoas que se encontram em tal situação.
Mas só porque o novo casamento é permitido legalmente, isso não significa que os casais têm o direito automático de se casar na Igreja. Primeiro o novo casamento é sempre permitido se um dos ex-cônjuges está morto. O assunto fica mais complicado se um ou ambos estiverem vivos. Neste caso a posição da igreja é semelhante a das igrejas orientais: o divórcio é uma exceção e não a regra; deve ser analisado caso a caso.
A Igreja emitiu uma posição clara sobre a questão de um novo casamento cristão no Sínodo Geral de 2002 (novamente a diferença com o Brasil é evidente). Em uma votação sobre o casamento após o divórcio, o resultado foi 269 votos contra e 83 favoráveis a mudança.
A declaração afirma que: “A Igreja ensina que o casamento é para a vida toda. Reconhece também que, infelizmente, alguns casamentos fracassam e, se isso acontecer, ele procura estar disponível para todos os envolvidos. A Igreja reconhece que, em circunstâncias excepcionais, uma pessoa divorciada pode casar novamente na igreja durante a vida do ex-cônjuge” (Sínodo Geral, 2002). Destaco o uso da palavra “ensinar”, ao caráter de magistério dos bispos, algo totalmente estranho a TEC e a IEAB, que acreditam que a Igreja apenas deve “aprender com o mundo”…
Dessa forma, embora do ponto de vista civil, os membros do clero tenha a possibilidade de casarem mais de uma vez, desde que o processo de divorcio tenha sido concluído, a Igreja aconselhar a que os seus bispos julguem com muito cuidado tais processos.
A razão para isso são as Sagradas Escrituras e a Tradição da Igreja indivisa. Por isso, apesar das tentativas do atual arcebispo e dos liberais católicos ou protestantes, continua vetado à eleição de bispos divorciados.
De modo geral a Igreja aconselha um clero separado a pensar cuidadosamente antes de contrair um novo matrimônio. É preciso que o processo seja diretamente acompanhado pelo bispo, que deverá julgar se realmente o clérigo está preparado para isso.
As perguntas sugeridas pela Igreja concentram-se nas intenções do casal, além da diminuição de qualquer dado as pessoas envolvidas. Entre elas podemos citar:
a) Será que o casal entende que o divórcio é uma violação da vontade de Deus para o casamento?
b)Será que eles têm a firme determinação que esse novo casamento seja uma parceria fiel por toda a vida?
c)O casal está disposto a viverem numa comunidade Cristã?
d)Já houve tempo suficiente depois do divórcio para que todos tenham se recuperado? Inexistem fatores complicadores da união anterior (processos judiciais ou pagamentos de pensão alimentícia, por exemplo)?
e)Eles parecem dispostos a explorar e crescer na fé cristã?
f)Alguma das partes já se divorciou mais de uma vez?
g)Qual foi a principal causa da ruptura do casamento anterior?
O casamento cristão
Os cristãos sempre acreditaram que o casamento é uma parte importante do plano de Deus. A teologia paulina é bastante clara quando compara o casal a união mística de Cristo e sua Igreja. O casamento é assim, um Dom de Deus, que não deve ser buscado sem o claro discernimento. É a atmosfera ideal para se envolver sexualmente, crescer emocionalmente e construir uma vida familiar plena. Por isso casar na igreja, diante de Deus, é muito importante.
O Livro de Oração, nas suas rubricas gerais para o matrimônio, ensina que o “casamento é uma declaração pública de amor e compromisso, entre um homem e uma mulher”. Esta declaração é feita na frente dos amigos e familiares em uma cerimônia na igreja.
Não é à toa a fórmula para os votos solenes: “Para te amar e cuidar, de hoje em diante, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe” vêem sido recitados nas celebrações anglicanas desde 1552. Provavelmente nenhum outro sacramento tenha permanecido tão estável.
Na verdade o surgimento do Livro de Oração Comum ajudou a consolidar o sentido cristão do matrimonio no Reino Unido. Antes da reforma, os casamentos eram muito mais informais: os casais poderiam simplesmente prometer-se um ao outro, em qualquer tempo ou lugar e a palavra falada era tão bom quanto o contrato escrito.
O Casamento na Igreja
Atualmente a Igreja Católica Apostólica Anglicana Unificada tem utilizado o casamento como uma importante estratégia evangelística. É nesse sentido que devemos entender essas frases: “Se você optar por se casar na igreja há uma nova dimensão – a garantia de que Deus se preocupa com seu relacionamento e que seus recursos e força estarão disponíveis para ajudá-lo nesta decisão. Incluindo a Deus no seu casamento não significa que você evitará todos os altos e baixos habituais, mas você saberá que poderá olhar para Deus pedindo sua ajuda e orientação e que Seu amor te sustentará todos os dias.Você também terá o apoio da família da cristã, que é a Igreja”.
É provável que muitos casais acabem se re-aproximando da Igreja nesse momento. Por isso é tão importante a existência de uma pastoral familiar ou de noivos que possa, em direta e intima colaboração com o sacerdote, levar o amor e a mensagem de Deus nesse momento, acolhendo e acompanhando o casal após a celebração religiosa.
A legislação da Igreja Anglicana Unificada é idêntica a romana. Um casal pode se casar em uma das suas respectivas áreas paroquiais. Na verdade, antes de 2007, a legislação era mais rígida. Eles não poderiam se casar em outra paróquia, a menos que tivesse assistido as celebrações por no mínimo dez meses!
Em julho de 2007, no entanto, a Igreja iniciou uma mudança na lei canônica para tornar mais fácil para os casais terem seus casamentos oficiados em uma paróquia que não fosse a sua. As mudanças tornam mais fácil para um casal a se casar em uma igreja de uma das famílias ou que tenha alguma ligação especial com o casal. Assim a Fraternidade Católica Anglicana dos Filhos de Assis entende que o amor é universal e que todos têm o direito de se refazerem perante Deus, porque o casamento segundo as escrituras sagradas, são coisas para este mundo. E a felicidade de um casal deve estar em primeiro plano. Atentos a explicação de Dom Sebastião compreenderemos melhor este tema tão atual de nossos dias quando o objetivo final é a união de dois corpos que se amam mutuamente.
Direto da Redação com imagens e edição de Vinícius Domingos
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