O medo ao coronavírus está fechando portas. E, por determinação, nossas casas se transformam em prisões domiciliares. Do medo derivam a desconfiança, o sobressalto, a intolerância e até a violência. A cruz está vazia, como as ruas de nossa cidade. A maioria do comércio de portas fechadas. Alguém diz: Não está mais aqui, porque ressuscitou!
O medo ao coronavírus também fecha as portas de nossos corações. De corações extremamente amedrontados, que se tornam visíveis diante da pandemia invisível, que cresce a cada dia onde temos visto por toda parte morte e destruição de entes queridos da qual colhíamos sabedoria e exemplos de vida.
A intolerância a tudo que estamos vivenciando é tamanha que não se contém em si e se extravasa em nossos sentimentos de fé neste triste Domingo da Páscoa da Ressurreição. E recordamos neste momento de uma passagem bíblica em (João 20,19).
“Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: ‘A paz esteja convosco’”.
Apesar de todo medo e das portas fechadas e de muitas pessoas confinadas em seus lares, o Ressuscitado insiste em aparecer e propor o remédio para tantos males que afligem o ser humano: “A paz esteja convosco”. E ela, a paz, não chega explosiva, nem agressiva e não se impõe diante do dilema que o mundo está vivendo. Apresenta-se como sopro suave do Mestre apresentando o caminho da resistência pacífica como resposta a toda investida de intolerância por estamos longe de todos e principalmente das pessoas que amamos.
Celebrar no entanto, o Domingo da Páscoa nestas condições deprimentes parece não ter sentindo. Aquele dia dedicado à Divina Misericórdia, deveria significar renovar a confiança na presença viva do Ressuscitado e no sopro divino com o qual ele deseja inflar os corações de seus discípulos e de seu povo espalhado por todos os continentes. Mas como?
Continuar celebrando a Ressurreição mesmo num cenário de dor e morte é empenhar-se cada vez mais na solidariedade para com aqueles que estão se tornando vítimas deste peste em suas mais variadas e tristes expressões. É perceber que, em cada morte, números crescentes a cada dia, um pouco da humanidade morre junto e parece que a esperança corre junto num simples lavar de mãos, como fez Pilatos ao condenar Jesus a morte. Por isso, nestas horas é preciso que estejamos todos voltados a um só pensamento e um só ideal, sobreviver com vontade e persistência na prevenção de todo e qualquer tipo de pessoa. Porque todos somos irmãos, e a oração e a fé devem prevalecer diante do que estamos vivendo, aprisionados em nossas residências.
Aí buscamos em Atos 5: 14 e 15 a seguinte escritura: “Crescia sempre mais o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão de homens e mulheres. Chegavam a transportar para as praças os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra tocasse alguns deles.
Ora queridos irmãos em Cristo, O medo impede o anúncio, desta sombra de cura passar por nós e, o testemunho nesta Páscoa é confiar na misericórdia de Deus. Porém Jesus está vivo, ressuscitado, Jesus liberta o povo do medo, mostrando que o amor doado até a morte é sinal de vitória e alegria. E precisa ser comemorado sim! Depois, Ele convoca seus seguidores para a missão no meio do mundo, infunde neles o Espírito da vida nova e mostra-lhes o objetivo da missão: continuar a atividade deles, provocando o julgamento de que seremos libertos pela Verdade. De fato, a aceitação ou recusa do amor de Deus, trazido por Jesus, é o critério de discernimento que leva o homem a tomar consciência da sentença que cada um atrai para si próprio: sentença de libertação ou de condenação. Somente a Verdade é capaz de libertar!
São Tomé simboliza aqueles que não acreditam no testemunho da comunidade e exigem uma experiência particular para acreditar que tudo pode ser passageiro, de quem precisa ver para crer. Jesus, porém, se revela a Tomé dentro da comunidade. Todas as gerações do futuro acreditarão em Jesus vivo e ressuscitado através do testemunho da comunidade cristã pode trazer a salvação do mundo. E essa comunidade cristã, mesmo dentro de suas casas, pode significar libertação da morte, da opressão. Porque Ele vive e podemos crer no amanhã. Mesmo cansados e oprimidos por causa do coronavírus, Ele há de nos libertar!
A Páscoa conclui o relato da vida de Jesus, sua paixão, morte e ressurreição chamando a atenção de todos para o conteúdo e as finalidades do seu evangelho, que contém apenas alguns dos muitos sinais realizados por Jesus para diversas curas. Pelo poder da fé, pela oração e pela aceitação. E todos eles foram narrados para despertar o compromisso da fé que leva a experimentar a vida trazida por Jesus após a sua morte. O túmulo vazio é sinal de que Jesus venceu a morte!
O verdadeiro significado da Páscoa tem tudo a ver com a entrega do Senhor Jesus, a troca que ele fez ao redimir todos os nossos pecados. É perdão por inteiro, sem vestígios de um passado. É recomeço! O recomeço de uma vida melhor e plena no amor de Deus. É nisso que temos que acreditar no presente momento. Num novo recomeço, o recomeço de uma vida melhor para todos e principalmente plena no amor de Deus.
É preciso neste isolamento social, famílias buscarem manter tradições mesmo sem as confraternizações reinventando atividades para celebrar tão significativa data de libertação. Ao buscar pelo significado desta Páscoa diferente, as ideias de transformação e ressurgimento devem logo aparecer. Não nos esquecendo que a data celebra a ressurreição de um dos maiores símbolos espirituais do mundo: Jesus Cristo.
Transportando a celebração para 2020, parece que descobrimos – ou melhor, redescobrimos – um pouco da importância de ainda termos comemorações como essa na atualidade. Em meio à pandemia de coronavírus, os comerciantes locais devem apostar em novos formatos de venda para diminuir o prejuízo e, as famílias de um modo geral reinventarem a comemoração, para seguirmos unidos, mesmo estando distantes uns dos outros. Mas, ainda assim, celebrando a Páscoa reunidos em família porque somos todos irmãos de Cristo, cujo nosso Deus é também nosso Pai.
Portanto, para finalizar, desejo de coração a todos, uma Feliz Páscoa e, sinceramente, Paz e Bem a todos! A paz de Nosso Senhor Jesus Cristo! ‘A paz esteja convosco’”.
Direto da Redação
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