A Santa Missa em seu Lar, deste domingo 12º do tempo comum será presidida pelo Reverendo Frei Padre José Neilo Machado que nos fala sobre o temor e confiança no Pai. “Estamos retomando o tempo Comum. Iremos perceber que nesta liturgia de hoje, Deus se preocupa e quer cuidar de seu povo. Quer libertá-los de todo tipo de medo e opressão.
Queridos irmãos e queridas irmãs as exigências de nossa missão neste planeta são extremas, podendo incluir a perseguição e a morte! Hoje, Jesus introduz no seu discurso a expressão «Não temais», que ocorre 366 vezes na Bíblia. O nosso texto está estruturado sobre a repetição, a modo de imperativo: “ não tenhais medo”! E depois dá razões pelas quais a confiança deve sempre vencer os nossos temores.
A primeira razão é: ainda que o bem esteja, por agora, velado, e a astúcia contra as forças do mal pareçam escondê-lo, acontecerá uma reviravolta completa e veremos, no triunfo de Cristo, a vitória dos que escolheram praticar o bem. Eis a razão pela qual os discípulos de Jesus são encorajados à falarem abertamente o anúncio das boas novas. O que recebemos é pequeno como uma luz no final do tunel, como um sussurro ao ouvido, mas deve ser dado à plena luz do dia.
Inicialmente, o Evangelho era algo de oculto e misterioso, que era preciso manter em segredo, dado a conhecer a poucos e com as devidas precauções, para não desencadear a perseguição. Mas chega uma hora que é preciso que ele seja conhecido ao mundo inteiro! O pior que pode acontecer aos missionários do Reino é a morte do corpo. Mas seria muito pior a morte da alma, a perda da vida. Ora, só Deus pode tirar a vida. Mas não o faz àqueles que O amam e O temem. Jesus conclui a sua argumentação com duas ilustrações muito ternas: a dos pássaros que, valendo pouco, são amados pelo Pai, e a dos cabelos da cabeça, contados por Ele. Não há, pois, que temer: Ide: proclamai que o Reino do Céu está perto!
O temor de Deus é uma atitude complexa de respeito e reverência, a obediência, a adesão profunda, a adoração, o amor que devemos nestas horas ter um por todos. Foi sentido por muitos profetas e santos, que fizeram a experiência do encontro com Deus, três vezes santo. Diante d´Ele, damo-nos conta da nossa condição de criaturas e da impureza da nossa vida. Já o salmista rezava: «Senhor, nosso Deus, como é admirável o teu nome em toda a terra! Adorarei a tua majestade, mais alta que os céus… que é o homem para te lembrares dele, o filho do homem para com ele te preocupares?» (Sl 8, 2.5). Mas, se nos deixarmos penetrar por esta atitude, também poderemos ter toda a confiança na sua misericórdia. Jesus une o temor de Deus e a confiança: «Não se vendem dois pássaros por uma pequena moeda? E nem um deles cairá por terra sem o consentimento do vosso Pai! … Não temais, pois valeis mais do que muitos pássaros».
Ambas as leituras de hoje nos falam da experiência de temor na presença de Deus, que nos revela e nos convida a uma missão. Mas também em ambas as leituras escutamos a palavra do Senhor que nos diz: «não tenhas medo», «não temais». Aquele que nos ama, purifica-nos. Aquele que nos chama e nos envia, está conosco: «Não temas: eu estarei contigo»; «não temais, eu estarei convosco» . São afirmações que nos trazem esperança e confiança.
Lembremos que a Virgem Maria também experimentou a sua condição de criatura limitada e frágil perante a grandeza e poder de Deus, no dia da Anunciação. Por isso, o Anjo lhe diz: «Não tenhas medo, Maria! O medo e a desconfiança, na relação com Deus, mas também na relação conosco ou com os outros, paralisam-nos, transformam-nos em escravos principalmente nestas horas de isolamento social. Mas Paulo adverte-nos: «Vós não recebestes um espírito de escravidão para recair no medo, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, por meio do qual gritamos: “Abbá, Pai!”. O mesmo Espírito atesta ao nosso espírito que somos filhos de Deus» . «Se vivemos do Espírito, caminhemos segundo o Espírito» nos reza assim, as sagradas escrituras. Nesta relação com Deus, embora conhecendo os nossos limites e os nossos pecados, temos consciência de estar perante um Pai, cheio de amor e de misericórdia. O que renova diariamente as nossas esperanças para dias melhores e que possamos também ter confiança que tudo se normalizará. No exercício da missão que nos confia, na sua obra de salvação do mundo, sabemos que não estamos sós, mas que Ele está conosco. Onde estiver dois ou três reunidos em meu nome ali estarei eu com vós.
Senhor purifica os meus lábios, mas purifica, sobretudo, o meu coração. Quantas vezes alimento pensamentos e desejos, que não nascem da certeza do teu amor, da vontade de lhe corresponder, da confiança em Ti. Quantas vezes me deixam dominar pelo temor, quando surgem dificuldades e problemas no caminho para Ti, ou na missão que me confiaste, ou ainda nestas condições que seu povo está vivendo. Faça-nos escutar novamente a tua palavra: «Não temas; Eu estou contigo!». Purifica-nos, Senhor, e dá-nos coragem e confiança para aceitar a purificação! Dá-nos agilidade no combate espiritual contra as paixões, para que se deseje e queira, sempre, em tudo, somente a tua glória a nos proteger. Assim encontraremos também a paz e a serenidade, que tornarão mais felizes e plenos os breves dias das nossas vidas. E, que assim seja!!
Direto da Homilia – imagens e edição de Vinícius Domingos
Padre auxiliar: Rev. Simeão Pereira de Lima
Leituras: Jr20,10-13 – Rm 5, 12-15 e Mt 10,26 -33.
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