Os anglicanos afirmam, em harmonia com outros cristãos, a autoridade soberana e controladora da Sagrada Escritura. E têm sustentado sempre que as Escrituras do Antigo e Novo Testamento “contém tudo que é necessário para a salvação” e, nesse sentido, elas são o padrão último da fé.
A Escritura é o testemunho único dos atos de Deus para com o povo de Deus, na história do Antigo Pacto e do Novo Pacto, e supremamente, do ato de revelação e redenção de Deus em Jesus Cristo. Ela é o registro e, ao mesmo tempo, interpretação de autoridade desses atos.
É a tarefa da Igreja, em cada geração, entender o que é o “cerne” e o “jugo” da revelação divina. Para isso apelamos para a tradição da comunidade cristã que crê e usamos o dom da razão, dada por Deus e para Ele dirigida, a fim de apropriarmos a verdade da Escritura e da Interpretação contínua da Igreja na tradição.
Aos teólogos e Exegetas cabe o papel especial a desempenhar na compreensão e interpretação das tradições. O objetivo destes encontros de Estudos Bíblicosa que estamos apresentando através da TV Jornal da Cidade, não é embaçar e embaralhar a fé de ninguém em relação à narrativa bíblica, e muito menos diminuir a fé no Livro Sagrado; o objetivo é criar pontes justamente entre a tradição e a razão, fazendo que os leitores da Sagrada Escritura saiam mais fortificados em sua formação bíblica pastoral.
Vamos começar o programa de hoje citando o autor que aguçou a nossa curiosidade sobre as narrativas bíblicas, não simplesmente porque “desmitifica” o texto sagrado, e sim porque traz uma interpretação mais pura e mais racional colocando as ciências como a arqueologia, engenharia, matemática e a própria história a serviço da exegese bíblica e por fim, traz à tona a mensagem atual do texto sagrado para o mundo de hoje.
Vamos começar pelo começo….
O Livro do Gênesis é o livro mais fascinante da Bíblia e o mais complicado. Foi escritos milhares de anos depois dos fatos que ele narra. Foram vários os autores do Gênesis. Dizem os estudiosos que este livro é um conjunto de escritos de vários autores. Porém, ele foi transmitido, de pai para filhos. Faz parte da Tradição Oral. Os textos que o compõem são escritos contendo vários estilos e muito influenciados pelos mitos que existiam nas diversas épocas da vida do Povo hebreu.
A ARCA DE NOÉ DE FATO EXISTIU?
O monte Ararat é uma das montanhas mais visitadas do mundo. O Ararat é uma pequena cadeia de montanhas com 13 Km de largura, localizada entre a Turquia e Armênia e tem dois cumes principais: o Ararat Maior e o Ararat Menor.
Um dos maiores mistérios do século 20 consiste na sobrevivência da antiga arca de Noé. A Bíblia diz que uma grande inundação ocorreu há aproximadamente cinco mil anos, na qual Noé e sua família sobreviveram mediante um grande barco de madeira que haviam construído. Este barco finalmente pousou sobre as montanhas de Ararat (Gn 8.4).
O Historiador Flávio Josefo, que viveu durante a última parte do primeiro século, escreveu em Antigüidades Judaicas que os armênios chamam o lugar onde Noé aportou de ‘Lugar da Descida’ devido à arca ter ficado a salvo nesse ponto e seus restos serem mostrados ali pelos habitantes até hoje.
No dia 20 de janeiro de 1945 a imprensa australiana publicou as declarações da jovem Arleene Deihar, de Sidney que afirmava que seu noivo, também piloto, mas da Royal Air Force, tinha lhe mostrado duas fotos onde se via claramente os restos da arca, mas já não era possível vê-las, pois ele fora abatido.
O engenheiro George Greene em 1952 sobrevoava a região de helicóptero e pode distinguir a forma de um barco aflorando sobre o gelo, inclusive conseguiu tirar 30 fotos que realmente mostrava o que parecia ser uma nave encalhada sobre um precipício. Entusiasmado tentou recolher dinheiro para financiar uma expedição, mas foi assassinado e lamentavelmente todos os seus pertences se perderam inclusive as fotos.
Em 1955 o francês Fernand Navarre, assegurava ter encontrado uma prova segura da existência da arca: um pedaço de madeira negra calafetada com breu, mas submetido à prova do carbono 14 demonstrou remontar-se ao século VI…depois de Cristo!
Muita água para pouca chuva…
Choveu durante 40 dias e 40 noites sem parar (Gn 7,17). Mas o ciclo hidrológico de evaporação que provoca as chuvas mostra-se incapaz de prover semelhante quantidade de água. Todo o planeta segundo o relato bíblico ficou coberto, ora, sabemos hoje que o planeta tem uma superfície de 509.880.000 Km². Também segundo o relato bíblico as águas subiram sete metros acima dos montes mais altos (Gn 7,19-20). Vejamos o Everest é o monte mais alto do planeta e tem 8.846 metros, ou seja, para água alcançar esta altura de quase 9 km, seria preciso que os mares subissem em média 222 metros por dia.
Só uma permanente cadeia de milagres tornaria possíveis todos estes fatos. Coisa improvável,(NÃO IMPOSSÍVEL POR DEUS) porque na Bíblia os milagres servem para aumentar a fé das pessoas, não para exterminá-las.
O relato bíblico mostra-nos a fé e a submissão deste homem incrível chamado Noé, obediente em tudo, e que ao longo dos quatro capítulos do relato jamais pronuncia uma única palavra. Acredito que Noé teve que se inovar para manter um ambiente agradável naquele lugar. Ele tinha um objetivo. Nesse tempo, de forma muito sábia, ele poderia viver com maior profundidade com aqueles que Deus o confiou. E assim o fez.
São esses os caminhos que o programa “Conhecendo sua Bíblia” irá percorrer neste segundo programa, colocando em debate algumas reflexões sobre esse dilúvio narrado em nossas Bíblias. O Reverendo Ismael Hultado é Presbítero da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e Membro professo da The Third Order Society of St. Francis. Uma ótima aventura bíblica a todos.
Direto da Redação – Produção: Ramon Gonzales
Editor: Vinícius Domingos
Diretor Geral: Frei José Neilo Machado
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