O Evangelho de hoje, em seu trecho final de Mt 18, vem todo dedicado sobre a fraternidade na vida de cada dia de nós. O que é colocado em evidência na leitura de hoje é a absoluta necessidade da fraternidade para poder acontecer o Reino de Deus na terra. Fraternidade que é sinônimo de tolerância e que tem como consequência à paz, a paz de Deus entre os homens e mulheres aqui na terra.
O Reino de Deus é reservado para quem tem alma de criança, paixão e comprometimento com a salvação dos irmãos e da comunidade de fiéis, perdoando sempre, com generosidade e gratuidade: O cristão, que não sabe perdoar, que não sabe acolher, e aponta o dedo para o seu próximo, está longe, distante do reino de Deus. Perdão é sinônimo de coração generoso, sem orgulho, sempre aberto à aos seus semelhantes. O Reino de Deus pressupõe a correção fraterna e o perdão, porque o Reino de Deus se vive aqui e se plenifica na glória. O Evangelho ilumina a eternidade a partir da caminhada cotidiana que é feita e realizada aqui e agora. De conformidade com nossas atitudes, compromissos, relacionamentos, virtudes e agir cristão seremos assimilados na glória das bem-aventuranças. Construir o Reino de Deus, viver o Reino, pertencer a esse reino é tornar presente a parte divina que está no homem, imitando a prática humana de Jesus Cristo.
Deus nos perdoou uma grande dívida, porque o perdão das ofensas é um dos pontos mais realçados pelos Evangelhos e pelas Cartas apostólicas. O perdão constitui-se na condição fundamental para se entrar e permanecer no Reino de Deus. A salvação só é possível a partir da dimensão do perdão como o próprio Cristo anunciou do alto da Cruz: “Pai, perdoai lhes porque eles não sabem o que fazem!”.
Olhando e refletindo diariamente o Pai-Nosso que rezamos constantemente, Jesus nos ensina que o perdão é a condição cotidiana da vida cristã: “perdoai-nos as nossas ofensas como nós devemos perdoar a quem nos tem ofendido”.
Agora a dimensão do perdão é a metodologia da alegria, da generosidade, da visão gratuita deste dom de Deus. O perdão dado ao primeiro devedor, isto é, o perdão da parte de Deus é tão grande e generoso que nós deveríamos envergonhar quando não sabemos perdoar alguém, muitas vezes pessoas que convivemos boa parte de nossas vidas. Se Deus perdoa uma dívida tão grande, porque não perdoamos as nossas dívidas morais, bem menores, às vezes, pesadas, diante de nossa condição de pecadores perante Deus.
Tudo deve ser voltado para o perdão, principalmente aquilo que nos atinge como as decepções, menosprezos, traições, fingimentos, explorações, antipatias e, especialmente as ingratidões. Perdoar a atitude de alguém que muitas vezes condenamos pelo nosso egoismo, e nos faz afastarmos do reino de Deus, mais do que isso, as pessoas, a pessoa ofensora e aqueles que tiveram participação nestes atos comete pecados que ofendem a Deus, e Ele nos perdoa. Porque nós não podemos perdoar aos irmãos, da qual convivemos em amor e união?
A primeira leitura retirada do livro de Eclesiástico nos diz que quem é capaz de perdoar o próximo, recebe o perdão de Deus. O perdão deve ser ilimitado, generoso e gratuito, sem nada em troca, muito menos com condicionamentos, ah eu perdoou, mas não quero isso e nem aquilo, ele, ela pra lé eu eu pra cá. O perdão é a máxima liberalidade dos cristãos. O livro do Eclesiástico nos ensina que a verdadeira “sabedoria” está em não se deixar dominar pelo rancor, pela ira e pelos sentimentos de vingança. O “sábio” (isto é, aquele que quer ter êxito e ser feliz) é aquele que é capaz de perdoar as ofensas e de ter compaixão pelo seus semelhantes.
Observamos na primeira leitura a relação estabelecida aqui entre o perdão humano e o perdão divino: quem se recusa a perdoar ao irmão, como poderá ter a coragem de pedir o perdão de Deus? Mas quem perdoa as ofensas dos outros, poderá pedir e esperar o perdão do Senhor para as suas próprias falhas. Ao menos dois séculos antes de Cristo o judaísmo já tinha descoberto que existe uma relação entre o perdão que Deus nos oferece e o perdão que ele nos convida a oferecer aos irmãos.
O livro do Eclesiástico convida os seus concidadãos a lembrarem-se da morte: “pensa no teu fim e deixa de ter ódio”. Diante da realidade final que nos espera, que sentido é que fazem os sentimentos de rancor, de ira, de vingança que alimentamos nesta terra? E podemos, com coerência, esperar o perdão final de Deus, se a nossa vida foi vivida numa lógica de ódio e de vingança? Fundamentalmente, temos aqui um apelo a invertermos a lógica do “olho por olho, dente por dente”, de forma a que as nossas relações com os irmãos sejam marcadas por sentimentos de perdão e de misericórdia. É dessa forma que o homem construirá a sua felicidade nesta terra; e é assumindo está lógica que o homem poderá pedir e esperar de Deus o perdão para as suas falhas.
Muitos homens do nosso tempo pensam que só nos afirmamos, só nos realizamos e só triunfamos quando somos fortes e respondemos com força e agressividade dos outros. O livro do Eclesiástico, contudo, ensina que a “sabedoria”, o êxito e a felicidade do homem não passam por cultivar sentimentos de ódio e de rancor, mas por cultivar sentimentos de perdão e de misericórdia.
Diante das palavras de Jesus sobre a correção fraterna e a reconciliação, Pedro pergunta: “Quantas vezes devo perdoar? Até sete vezes?” Nesta pergunta do discípulo podemos ver o conhecimento dele sobre a necessidade de perdoar sempre. Tendo em vista que o número sete, segundo as Sagradas Escrituras, significa perfeição. A este nobre pensamento, Jesus quer que os discípulos avancem para mais longe. Ele não põe limite para o perdão: “Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete!”
O homem, sendo imagem e semelhança de Deus, está vocacionado a viver o perdão de Deus, por amor às criaturas. Assim como Deus é amor, misericórdia e perdão para com as pessoas, assim deve ser as pessoas para com os seus irmãos. Se nós não aprendermos a perdoar os nossos irmãos, o Altíssimo virá e nos chamará de miseráveis e, então, nos mandará para fora do Seu Reino como aquele empregado que não soube perdoar a seu semelhante. Existem nos dias de hoje pessoas que dizem: “Perdoo, mas não esqueço! Não quero conviver com fulano ou beltrano, será isso perdão?” Como cristão no trato com os seus semelhantes?
Será que somos capazes de imitar a Jesus? Que até na hora de sua morte, perdoou seus algozes. Muitas vezes nós queremos que Deus perdoe os nossos pecados, mas não queremos perdoar aos demais, que estão próximos ao nosso lado. Como é que o Todo-poderoso vai nos perdoar se nós não fazemos o mesmo com nossos irmãos? Veja o que Cristo declarou: “É isso o que o meu Pai, que está no céu, vai fazer com vocês se cada um não perdoar sinceramente a seu irmão”. Vamos pensar muito sobre este tema, não vamos julgar ninguém, para não sermos condenados, atire a primeira pedra aquele que se julga o mais honesto perante seus semelhantes. Vamos fazer do perdão a nossa chave mestra, para adentrarmos felizes ao Reino dos Céus.
Direto da Redação – imagens e edição de Vinícius Domingos
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