A celebração deste domingo nos trás uma parábola contada por Jesus e nos apresenta uma situação onde alguém divide os próprios bens, confiando a três pessoas diferentes quantias para que fossem administradas. A divisão parece ter sido realizada a partir da capacidade dos administradores, e cada qual, fez uma escolha em como aplicar os recursos recebidos.
Quando voltou de sua viagem, este homem pediu contas dos seus bens a seus funcionários e de como foram investidos os valores a eles confiados. Os bons investidores foram recompensados, enquanto o mau investidor foi demitido e castigado. Investir bem foi importante e era exatamente o que ele esperava dos administradores. Os talentos não foram dados para serem enterrados ou desprezados, mas para serem multiplicados e colocados a serviço de todos.
O esforço dos administradores foi valorizado e os bens produzidos também tem um valor que não pode ser ignorado nesta parábola contada por Jesus. Tudo é dom e talento, mas não podem servir a propósitos egoístas, de pessoas que não sabem administrar os dons que Deus colocou a sua disposição. Enterram seus talentos, por comodidade e medo e ficam a merce do patrão que não planta e nem semeia. Riquezas acumuladas sem justiça social são como talentos enterrados.
Administrar bem não é apenas uma questão de lucrar mais, exige a responsabilidade da partilha e da justa divisão social. Uma sociedade que se preocupa em acumular bens, estabelece abismos que separam e marginalizam os mais pobres. Deus distribui em abundancia seus dons. Recebê-los é graça, principalmente quando se trata de servos do senhor, mas colocá-los a serviço do Reino é dever de quem ama de verdade seus semelhantes.
Se o indivíduo não sabe o valor do perdão, está muito longe de saber administrar algo e nestes casos tudo que ajuntou, irá se espalhar. Quem escuta a Palavra do Senhor deve sentir o apelo que ele nos traz, que é servi-lo com alegria, cada um fazendo a sua parte e recebendo o apoio necessário para suas obras. É necessário passar do olhar constrangido para o olhar de transformação, as pessoas têm direitos e devem ser respeitados.
As causas dos porquês precisam ser afrontadas pela comunidade humana, ciente de que não é lícito delegá-la a outros.
É nossa responsabilidade trabalhar os talentos com sabedoria, para construir uma sociedade mais justa, rompendo as barreiras que separam as pessoas por qualquer motivo, muita gente não entende o que é amar seus semelhantes. Na imagem da mulher forte e ágil da primeira leitura, encontramos um exemplo para a vida cristã, abrir as mãos aos necessitados e estendê-las aos pobres. Certamente, essa é a maneira mais eficaz de manter uma vida sóbria e vigilante, como exorta o apostolo Paulo na segunda leitura.
Diante da incerteza em relação ao dia do retorno do Senhor resta-nos, como cristãos sentir já sua presença e deixar-nos conduzir por sua palavra. A vida cristã exige de nós um projeto, um sentido, uma motivação que não se esgota naquilo que se ganha, ou que se recebe, mas que se realiza na partilha e na solidariedade que resgata a dignidade das pessoas. Na parábola dos talentos Jesus nos chama a atenção para permanecermos unidos a Ele, produzindo frutos, ou seja, fazendo frutificar os talentos recebidos, estando unidos a serviço de Deus.
Neste ponto está o verdadeiro sentido da vigilância e como podemos aplicar nossos dons a serviço do Reino de Deus. Não podemos ficar parados esperando passivamente, o momento exige coragem, desprendimento, disponibilidade e amor ao serviço de Deus. Reter esses dons recebidos para si ou simplesmente conservá-los é trair a confiança do Senhor e aprisionar seu Evangelho na comodidade, pensando no que é melhor para você, e esquecendo aquele que pode contribuir mais para o seu crescimento, para o crescimento de sua comunidade.
Jesus dizia que quem não se ajunta, se espalha, é preciso vigiar e estar atento, permanecendo unidos, juntos, interagindo, todos investindo seus dons em um só ideal poderemos gerar frutos e transformar nossos sonhos em realidade. Mas, Jesus adverte, quem tiver medo, que enterre seus talentos. Neste caso, os cristãos são convidados a agir como aquele empregado que, conhecendo a ganância do patrão por dinheiro e bens materiais, se recusa a participar de seus planos egoístas.
O Reino, então, seria o testemunho de quem resiste, não se contentando com um sistema onde uns poucos se contradizem diante de uma autoridade que se julga acima de tudo e de todos, onde o perdão por interesses próprios falam mais altos do que a dignidade humana.
Nestes tempos de pandemia, de coronavírus, estender a mão é sinal que apela imediatamente a proximidade, à solidariedade, a fraternidade de verdadeiros irmãos que desejam crescer juntos em um só ideal e, com justificativa a esses objetivos entendo que o bom pastor é aquele que cuida de suas ovelhas, para que seu rebanho aumente cada dia mais. Nestas horas o amor ao próximo é fundamental. Então, um conselho, não enterre você também os seus talentos!
Direto da Redação com imagens e edição de Vinicius Domingos
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