Na Santa Missa deste domingo, 17 de Janeiro de 2021 através do Evangelho nós tomamos conhecimento de como começou o apostolado de Jesus. João Batista teve um papel determinante e cumpriu sua missão de profeta apontando aos seus próprios discípulos, o verdadeiro Caminho para Deus, Jesus Cristo! Ele não procurou reter os seus discípulos, muito pelo contrário, mostrou-lhes que Jesus era o único que podia salvá-los. Os discípulos de João Batista não duvidaram, mas escutaram a mensagem e reconheceram a verdade e saíram em busca de Jesus que, por sua vez os acolheu, mas, antes perguntou-lhes o que procuravam. Não os forçou, apenas fez com que eles tomassem consciência do que desejavam os seus corações. “Que estais procurando? Somente depois foi que Jesus os chamou: “venham e vocês verão.”
Nós também precisamos ter consciência do que buscamos, a quem buscamos e que desejamos. Eles foram por livre e espontânea vontade. Diante disso, nós também não podemos forçar ninguém a nos seguir e simplesmente fazer o que nós queremos. Cada qual é livre em suas escolhas. Assim como Jesus mudou o nome de Pedro para Cefas, também poderá mudar o nosso nome, nos redimensionar, nos reestruturar, transformar o nosso corpo, a nossa mentalidade e o nosso espírito a fim de que estejamos ajustados ao Plano de Deus na edificação do Reino dos céus.
Jesus sabe quem nós somos, sabe para o que viemos ao mundo e é o Espírito Santo quem nos revela tudo isso. Só Ele conhece qual o propósito do Pai ao nos criar e tem poder para, em qualquer momento da nossa vida, fazer as mudanças e transformações de que precisamos. Você de alguma forma já encontrou o verdadeiro Caminho ou ainda é muito preso a pessoas e coisas? – Você tem consciência do que busca na sua vida? – Você já deixou Jesus mudar o seu nome? Se lembra da data do teu batismo? O que vocês procuram? Tais perguntas pode ser dirigidas a cada um de nós. O ser humano sempre procura algo na vida: emprego, moradia, melhores condições de vida, sentido para a própria existência… Quem não olha para o horizonte ou deixa de buscar, acomoda-se ou perde o sentido de viver.
Como vimos a leitura de 1º Samuel que ouvimos é a história de uma vocação e nos fala da prontidão e disponibilidade para seguir o chamado divino. A escolha dos versículos deixa ver que a intenção da Liturgia não se centra nos pormenores da história, nem na infidelidade de Eli, mas na lição de obediência e prontidão do jovem Samuel. Ele vivia com o sacerdote Eli como servidor do santuário de Silo onde se guardava a Arca da Aliança. Com Samuel inicia-se em Israel o profetismo como ministério constante e ininterrupto. Como veio a suceder com os grandes profetas, a sua missão aparece precedida dum chamamento sobrenatural e bem claro de Deus.
Na 2ª leitura São Paulo exorta os primeiros cristãos a viverem a virtude da castidade. Ela é necessária para ter uma vida humana digna e para corresponder à vocação cristã. Paulo entende que é apenas com a sua vivência que é possível alcançar a verdadeira intimidade com Deus. As virtudes são condições imprescindível para aqueles que receberam a vocação para um maior empenho cristão, quer no celibato quer na vida matrimonial.
No Evangelho João apresenta a vocação dos dois primeiros discípulos que nasce do testemunho de João Batista como já nos referimos no início de nossa homilia. A partir daí surge uma conscientização vocacional que envolve outras pessoas através do testemunho de quem esteve com Jesus: André encontra seu irmão Simão Pedro e o apresenta a Jesus. Em seguida, é Filipe quem encontra Natanael e lhe fala do Senhor. Assim, a partir do testemunho de outros, o grupo dos colaboradores de Jesus vai crescendo.
Neste Evangelho a vocação dos discípulos não se dá da mesma forma que nos outros evangelhos. Neste, Jesus chama pessoalmente e de forma direta. Em João, o seguimento de Jesus se dá porque algumas pessoas sabem quem é Jesus e o comunicam a outros que, por sua vez, passam a fazer a mesma experiência. O testemunho do Batista deve ter mudado completamente a vida dos dois discípulos. Vendo Jesus passar, ele diz: “Eis o Cordeiro de Deus”. João chama Jesus dessa forma porque descobriu N’Ele o cordeiro pascal e o servo sofredor, síntese das expectativas de libertação do passado tornada presente na pessoa de Jesus.
Para eles, bastou o testemunho de João Batista de que Jesus era o libertador. A partir desse momento, descobrem que em Jesus está a resposta a todos os seus anseios. – No versículo 38 encontramos as primeiras palavras de Jesus no Evangelho de João: “O que vocês estão procurando?”
Do início ao fim de nossas vidas, como eu já disse, estamos à procura de algo ou de alguém. Como discípulos, procuramos saber quem é Jesus. E Ele testa nossa sede, perguntando-nos o que estamos procurando. Esta pergunta, que aparece nos momentos cruciais do Evangelho de João, costuma se manifestar nas decisões que fazemos em nossa vida: “O que estamos procurando?” – A resposta dos discípulos é movida pelo desejo de comunhão: “Mestre, onde moras?” Os discípulos não estão interessados em teorias sobre Jesus. Querem, ao contrário, criar laços de intimidade com Ele. Para criar intimidade com Jesus é preciso partir, fazer experiência, entrar em contato com ele de alguma forma: “Venham e verão”!
E o resultado da experiência já aparece: “Então eles foram, e viram onde Jesus morava. E permaneceram com Ele naquele dia”. O verbo ‘permanecer’ é muito importante no Evangelho de João. Por ora os discípulos permanecem com Jesus. Mais adiante, o Mestre dirá: “Permaneçam em mim”. Permanecer com Jesus e com as pessoas é fácil. O difícil é permanecer N’Ele e nas pessoas. Só aí é que a comunhão será plena! – O texto que hoje escutamos afirma que a experiência com Jesus valeu a pena: “Eram mais ou menos quatro horas da tarde”. Quatro horas da tarde, em linguagem simbólica, é o momento gostoso para o encontro, ou a hora das opções acertadas.
O mestre convida quem se dispõe a segui-lo: “Vinde ver onde moro, Venham e verão”. Ora, quem o acompanhou ao longo da vida descobriu que Jesus não tinha sequer uma pedra onde reclinar a cabeça. Ele encontrava-se com frequência no meio da multidão faminta e necessitada de cura. Vivia junto aos doentes, impondo-lhe as mãos, junto aos pecadores, às prostitutas, aos pobres. Fazia refeições com os desprezados pelos “cidadãos de bem”. Esse era seu ambiente favorito.
Hoje, onde encontramos Jesus? Ele está junto aos moradores de rua, acompanhando os doentes nos centros de saúde, nos hospitais, caminhando com os milhões de desempregados em busca de trabalho, convivendo no barraco com a mãe desesperada por ver suas crianças sem comida…Com você ai no aconchego do vosso lar. Quem se habilita a segui-lo?
Direto da Missa com sugestões do LD/MC/JC
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