Hoje, com a simplicidade das crianças, consideramos o grande mistério de nossa fé. O nascimento de Jesus marca a chegada da “plenitude dos tempos”. Desde o pecado de nossos primeiros pais, a linhagem humana se havia afastado do Criador. Mas Deus, compadecido de nossa triste situação, enviou o seu Filho eterno, nascido da Virgem Maria, para resgatar-nos da escravidão do pecado.
Na primeira leitura o profeta anima o povo exilado a não perder a esperança de dias melhores. Nem sempre é fácil manter a esperança onde a miséria e a injustiça abundam e muitos cidadãos são “exilados” de sua dignidade. Quando uma nação e qualquer comunidade, se deixa guiar por Deus, com certeza tudo muda para melhor: justiça e paz florescem.
Na segunda Leitura, um bonito texto, Paulo eleva uma ação de graças pelo fato de a comunidade ter acolhido o Evangelho por ele anunciado. Os cristãos de Filipos assumem como sua a causa do apóstolo. Alegria e Ternura – estão bem presentes nesta carta. A sintonia entre as lideranças e a comunidade é muito importante. O autor também exorta os filipenses a fazer o amor crescer sempre mais entre eles.
O apóstolo João o explica usando expressões de grande profundidade teológica: «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.» (Jo 1,1). João chama “Palavra” ao Filho de Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. E Complementa: «E o verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o filho único recebe do seu pai, cheio de graça e de verdade».
Isto é o que celebramos hoje, por isso fazemos festa. Maravilhados, contemplamos Jesus acabado de nascer. É um recém-nascido… E, ao mesmo tempo, Deus onipotente; sem deixar de ser Deus, agora é também um de nós. Veis para morar entre nós.
Veio à terra para devolver-nos a condição de filhos de Deus. Mas é necessário que cada um acolha em seu interior a salvação que Ele nos oferece. Tal como explica São João, «Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» . Ficamos admirados ante este mistério inefável: «O Filho de Deus se fez filho do homem para fazer aos homens filhos de Deus» (São João Crisóstomo).
Acolhamos Jesus, busquemos: somente Nele encontraremos a salvação, a verdadeira solução para nossos problemas; só Ele dá o último sentido da vida e das contrariedades e da dor. Por isto, hoje lhes proponho: vamos ler mais o Evangelho, vamos meditá-lo; vamos procurar viver verdadeiramente de acordo com os ensinamentos de Jesus, ele Filho de Deus que veio a nós. E então veremos como será verdade que, entre todos, faremos um mundo melhor.
Estamos diante do portão de entrada, a primeira coisa que se vê ao abrir o Evangelho de João. O Prólogo é como uma fonte, da qual quanto mais se tira água, mais água aparece. Por isso que há muitos escritos sobre o Prólogo de João e nunca se esgota o assunto. No princípio era a Palavra, luz para todo ser humano. faz pensar na primeira frase da Bíblia que diz: “No princípio Deus criou o céu e a terra”. Deus criou por meio da sua Palavra. “Ele falou e as coisas começaram a existir”. Todas as criaturas são uma expressão da Palavra de Deus.
O testemunho de João Batista foi tão importante que muita gente pensava que Ele fosse o Cristo (Messias) (At 19,3; Jo 1,20). Por isso sabemos que: “João Batista veio apenas para dar testemunho da luz!” Os seus não a receberam (Jo 1,9-11): Assim como a Palavra de Deus se manifesta na natureza, na criação, da mesma maneira ela se manifesta no “mundo”, isto é, na história da humanidade e, de modo particular, na história do povo de Deus. Mas o “mundo” não o reconheceu. Desde os tempos de Abraão e Moisés, ela “veio para o que era seu, mas os seus não a receberam”.
Os que aceitam tornam-se filhos de Deus. A pessoa se torna filho ou filha de Deus não por mérito próprio, nem por ser da raça de Israel, mas pelo simples fato de confiar e crer que Deus, na sua bondade, nos aceita e nos acolhe a qualquer momento, basta desejarmos e crer na sua palavra que entra na pessoa fazendo-a sentir-se acolhida por Deus como filho(a). É o poder da graça de Deus.
A Palavra se fez carne. Deus não quer ficar longe de nós. Por isso a sua Palavra chegou mais perto ainda e se fez presente no meio de nós na pessoa de Jesus. Literalmente o texto diz: “A Palavra se fez carne e montou sua tenda no meio de nós!”. No tempo do Êxodo, lá no deserto, Deus vivia numa tenda, no meio do povo (Ex 25,8). Agora, a tenda onde Deus mora conosco é Jesus, “cheio de graça e de verdade”. Jesus veio revelar quem é este nosso Deus que está presente em tudo, desde o começo da criação.
É a certeza suprema que o próprio Deus, no seu infinito amor, entende dar ao homem de todos os tempos, fazendo do seu povo a sua testemunha. É esse grande mistério da Palavra como supremo dom de Deus que precisamos agradecer, meditar, anunciar à Igreja e a todos os povos, que Jesus de fato voltará. O homem contemporâneo mostra de tantas maneiras que tem uma grande necessidade de ouvir Deus e falar com Ele. Nota-se hoje, entre os cristãos, uma abertura apaixonada para a Palavra de Deus como fonte de vida e graça de encontro do homem com o Senhor. Para isso temos um momento na santa missa, para fazermos nossos pedidos de orações. Se buscarmos, encontraremos.
Não surpreende, portanto, que a essa abertura do homem responda Deus invisível, que, “na abundância do seu amor, fala aos homens como a amigos e conversa com eles, para os convidar e os receber em comunhão com Ele”. Esta generosa revelação de Deus é um contínuo acontecimento de graça. Amém!
Direto dos Estúdios da TV Jornal da Cidade
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