No Evangelho de hoje, a pergunta dos mestres da lei exigiam de Jesus uma resposta clara segundo a sua tradição. Porém podiam colocar em situação crítica aquele que respondesse legalmente à uma pergunta solicitada, ainda mais baseada a uma Lei impostas por Moisés. Caso Jesus desse uma resposta que fosse contra a lei, ele seria condenado pela autoridade romana como executor de uma sentença de morte, à qual não tinha direito; e, portanto seria punido também como um assassino. Mas a resposta de Jesus não foi negativa, Jesus não despreza a lei pátria, pelo contrário ele contra ataca com outra pergunta.
Por isso, como bom Mestre, Jesus nada responde a princípio, ele se inclina e escreve no chão como quem desenha letras ou qualquer coisa sem sentido na terra. Ele se desentende de um problema que não é seu e que não tem por que responder, pois ele não tinha testemunhado o adultério e não era juiz no caso, que como caso de morte seria o sinédrio quem o julgaria.
Eram as testemunhas que deviam atuar através da denúncia e atirar pedras era um costume da época para quem fosse pego em adultério. É costume entre os árabes fazer traços com o dedo quando o que estão escutando não é de seu interesse. É possível que Jesus atuasse em consonância com esta última suposição. Por isso os acusadores insistem para que responda, porque era desejo deles prender Jesus e executá-lo também.
Para entendermos a resposta de Jesus, devemos buscar precedentes na tradição e na Lei. Já disse que são as testemunhas que deveriam ser as primeiras pessoas a atirar as pedras que deviam ser dirigidas ao coração da vítima para acabar de imediato com sua vida. Então corajosamente Jesus dá uma resposta perguntando: Quem estiver sem pecado entre vós atire a primeira pedra.
Pela resposta de Jesus e vendo que naquele tempo os homens adúlteros eram tantos que se deixou de aplicar a lei. E então, suas atitudes estavam em confronto com a posição do Mestre: O sem pecado entre vós seja o primeiro a lhe atirar a pedra. Ninguém esperava esta resposta que respeita a lei e não é um mandato, mas um aviso e uma lição.
Meu irmão minha irmã, nós que gostamos de julgar e condenar os outros por pouco que façam de errado. Não podemos e nem temos o direito de julgar e condenar se somos culpados do mesmo delito. Porque todos nós de alguma forma pecamos. Veja que os mestres da lei atacaram a Jesus com a lei. Mas Ele os contra-ataca com a consciência, que é a lei suprema para todo homem em particular.
O que aconteceu ontem nos tempos de Jesus se repete em nossos dias. Que aconteceu dentro da consciência dos acusadores? Por que começaram a desfilar, a começar pelos mais velhos? Eles ficaram com a consciência pesada de tantos pecados e por isso foram saindo um por um. Os mais velhos foram os primeiros. Efetivamente os jovens são como discos novos em que o pecado inicia seu caminho de vício e raia com a ação repetitiva a consciência do indivíduo. Os mais velhos entenderam por experiência que agora eram eles, as testemunhas, as que passavam de declarantes a juízes e o processo e a condenação estava transferido de Jesus a eles mesmos. Jesus não poderia ser incriminado nem pela relaxação da lei de Moisés, nem pela execução de uma pessoa que a lei romana não permitia na época.
A morte da adúltera não era o motivo principal da denúncia, pois o que pretendiam era a implicação de Jesus na morte da mesma. Faltando este último, o teatro urdido desmoronava como um castelo de cartas.
Falando do perdão Santo Agostinho, diz que no fim duas pessoas estavam presentes na cena: a miséria e a misericórdia. Se ninguém a condenava, Jesus tampouco a condena. A lei divina foi transformada por esta sentença: sempre que o arrependimento seja sincero e o acompanhe o propósito de não pecar mais, o perdão será absoluto O passado é apagado e o futuro só depende do presente e das disposições do momento. A memória servirá para enaltecer a bondade de Deus que perdoa, sem exigir compensações e réditos pelo passado.
Todos somos pecadores, e não raro, os que condenam são piores do que os condenados. Portanto, todos temos necessidade de conversão. Jesus não condena, baseado no moralismo, mas perdoa, convidando aquela mulher a conversão. Em tempo de quaresma, o tema conversão se impõe. Jesus se mostra humano e misericordioso com as pessoas condenadas, vítimas de injustiças. A verdade verdadeira costuma ter dois lados.
Jesus nos ensina a perdoar sempre quando os nossos nos ofendem. Portanto, a sabedoria de Jesus dá um xeque-mate a quem pensava tê-lo apanhado. E é precisamente por meio de uma consciência que aparentemente não funcionava que os mais velhos reconhecem seu erro e retiram sua denúncia.
Como está a tua consciência quando censuras o teu marido, esposa, filho, filha, pais, vizinho, colega, amigos, funcionários ou qualquer um com quem te encontras pelo caminho pelos mesmos delitos que nós usualmente cometemos e talvez até mais graves do que os que consegues enxergar dos outros?
Lembro-te que muitas falhas, erros que os outros cometem, teriam solução na tua casa se nós os assumíssemos como nossos e nos empenhássemos a resolvê-los. Até porque neles somente os contemplamos para criticá-los e não para ajuda na solução.
Levante os olhos e veja que o perdão divino é mais amplo do que nós geralmente acreditamos. Só exige que tenhamos a vontade de não optar mais pelo mal. Pare de olhar para o erro do outro e de formular um juízo de condenação, pois os teus são maior do que os do outro. A única diferença é que os teus são invisível e dificilmente os vês com os teus olhos ao passo que os dos outros consegues ver. Mas se te colocares no lugar do outro e propor de alguma forma o ajudar para ele se levante e caminhe, terá entendido o que Jesus disse quando mandou amarmos uns aos outros.
Quantos, também hoje não se armam de pedras de todos os tipos e estão prontos para lançá-las contra os outros. Muitos se utilizam dos meios de comunicação, das redes sociais e até da religião para divulgar e espalhar calúnias, a intolerância e as mentiras têm presença marcante em nosso meio. Elas orientam os preconceitos, o dogmatismo e o moralismo. A quaresma adverte – chegou a hora de mudar. Aquela mulher de repente, se vê só diante de Jesus, absolvida, redimida e dignificada, Jesus dá uma ordem: Vá e não tornes mais a pecar! Fica a inquietação para nós: onde estava o adultério a ponto de merecer pena de morte?
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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