A liturgia deste domingo nos diz, fundamentalmente, que Jesus é o “Deus conosco”, que veio ao encontro do ser humano para oferecer uma proposta de salvação e de vida nova. Também, o Evangelho deste quarto domingo do advento nos convida a contemplar os últimos acontecimentos que antecederam o nascimento de Jesus. Tudo gira em torno da inesperada gravidez de Maria, pelo Espírito Santo, o embaraço criado em José, e a providência divina na resolução do problema criado.
O profeta Isaías anuncia que o Senhor é o Deus que não abandona o seu Povo e quer percorrer, de mãos dadas com ele, o caminho da história. É em Deus, e não nas sempre falíveis seguranças humanas, que devemos colocar a nossa esperança.
O Evangelho apresenta Jesus como a encarnação viva desse “Deus conosco”, que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação. Contém, naturalmente, um convite implícito a acolher de braços abertos a proposta que Ele traz e a deixar-se transformar por ela.
As leituras sugerem que, do encontro com Jesus, deve resultar o testemunho, ou seja, tendo recebido a Boa Nova da salvação, os seguidores de Jesus devem levá-la a todos. Além disso, devem fazer com que a Boa Nova se torne uma realidade libertadora em todos os tempos e lugares.
Ao contrário de Lucas, que evidencia mais a figura de Maria, na narrativa de Mateus o personagem humano que se destaca neste contexto do nascimento de Jesus é José, sendo ele o destinatário do anúncio divino. É importante recordar que, mais do que descrever fatos, o autor quer mostrar que a vinda de Jesus Cristo não é obra humana. Por essa vinda, Deus faz um forte questionamento à humanidade, pois, à humanidade, representada no texto por José, é lançada uma proposta de vida e libertação. Deus dá a todos a liberdade de acolher ou não a proposta de salvação que ele revela em Jesus, o Verbo encarnado.
O texto inicia com um enunciado bastante rico de informações: “A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a um homem chamado José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo” (v. 18). Para compreender melhor a “origem” de Jesus Cristo é preciso recordar a “genealogia” apresentada nos versículos anteriores do evangelho de Mateus: 1,1-16. Com isso, ele quer mostrar que, mesmo inserido na história do povo eleito, Jesus provoca rupturas com os esquemas tradicionais desde a sua concepção. Nenhuma tradição religiosa ou estrutura familiar e social conseguem controlar a pessoa de Jesus e sua mensagem libertadora.
Assim, a origem de Jesus é, ao mesmo tempo, a origem de uma nova humanidade, uma nova criação e, portanto, de novas relações. Ao afirmar que Jesus não foi gerado por José, o evangelista está dizendo que ele não está atrelado a nenhuma estrutura familiar, é independente, ou seja, ninguém terá domínio sobre o Filho de Deus.
Após o anúncio do anjo, o evangelista diz que “José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado e aceitou sua esposa” (v. 24). Ao invés de seguir a letra morta da Lei, José obedeceu à Palavra dinâmica de Deus, anunciada pelo anjo, antecipando o que Jesus recomendará aos seus discípulos: que criem relações novas baseadas na santidade, misericórdia, justiça, amor e paz (cf. Mt 5,17-48; 9,13).
José percebeu que Deus não estava mais na antiga Lei, mas está conosco, no próximo que necessita de acolhida e compreensão. Deus está com a humanidade inteira caminhando, sonhando e lutando, porque ele é o Emanuel.
Finalizando o Tempo do Advento recordemos que estamos nesta constante atitude de espera do Rei. Ele está para chegar, não mais como sua primeira vinda, na carne, mas em sua segunda vinda, na glória. Ele vem nos trazer a salvação. Nós cristãos devemos estar vigilantes. Sejamos como São José e São Paulo que foram obedientes na fé e atentos à Palavra de Deus. Ambos acolheram o mistério da Encarnação à sua maneira.
Jesus quer nos salvar e conduzir a seu Reino respeitando nossa liberdade. Ao dizermos “sim” ao projeto de Deus, participamos da construção do Reino. Mesmo fracos, ele conta conosco. Como disse Santo Agostinho: “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti”.
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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