A liturgia deste domingo apresenta-nos essa comunidade de igreja que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: A sua missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição.
Quando se escreve os Atos dos Apóstolos, ele quer mostrar uma imagem da Igreja a partir da ótica do Espírito Santo. Ela “nasce do anúncio fundamental que provoca a conversão; cresce graças à catequese evangélica (ensinamento dos apóstolos) e se espalha através do testemunho. Internamente, a comunidade se mantém pela união com Deus (oração no Templo) e pela participação na Páscoa de Jesus (fração do pão, que é a Eucaristia).
Na vida prática, a conversão se exprime por um novo modelo de relações: a fraternidade substitui a opressão do poder, e a partilha dos bens supera a exploração do comércio. A única autoridade é a de Deus. Ela se exprime através de prodígios e sinais que acompanham o testemunho dos apóstolos.
A primitiva comunidade cristã, nascida do dom de Jesus e do Espírito, é verdadeiramente uma comunidade de homens e mulheres novos, que dão testemunho da salvação e que anunciam a vida plena e definitiva.
Hoje, neste segundo Domingo, contemplamos o mistério da ressurreição e aprofundamo-nos à luz do Espírito Santo. Por desígnio do Santo Papa João Paulo II, a este Domingo chamamos de o Domingo da Divina Misericórdia. Trata-se de algo que vai muito além de uma devoção particular. Como explicou o Santo Padre na sua encíclica, a Divina Misericórdia é a manifestação amorosa de Deus em uma história ferida pelo pecado. A palavra “Misericórdia” tem a sua origem em duas palavras: “Miséria” e “Coração”.
Deus coloca a nossa miserável situação devida ao pecado no Seu coração de Pai, que é fiel aos Seus desígnios. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira e tanto, que nos entregou o seu Filho Unigênito” (Jo 3,16) e entregou-o à morte para que fôssemos salvos e tivéssemos a vida eterna.
Assim iremos ao encontro das fontes da Divina Misericórdia. E não hesitemos em levar os nossos amigos e parentes a estas fontes de vida: à Eucaristia e à Confissão. Jesus ressuscitado conta conosco.
Lembremo-nos que, na missa da semana passada, Maria Madalena trouxe a notícia da Ressurreição aos discípulos incrédulos. Agora é o próprio Jesus que aparece a eles. Não há reprovação nem queixa nas suas palavras, apesar da infidelidade de todos eles, mas somente a alegria e a paz que já tinha prometido no último discurso. Duas vezes Jesus proclama o seu desejo para a comunidade dos seus discípulos: “A paz esteja com vocês”.
Quando pensamos nas primeiras comunidades e na experiência de Tomé, temos a certeza de que a vida em comunidade tem este caráter pascal. Todas as trevas da divisão e da incerteza podem ser superadas à medida que damos atenção à presença de Jesus Ressuscitado que ilumina, protege e guia a sua Igreja. Aliás, a experiência de Tomé nos mostra que passamos por dúvidas e incertezas, mas, nem por isso, devemos buscar a resposta longe da comunidade. Para isso é importante compreender o Evangelho.
Na partilha do Pão por exemplo, na leitura, na meditação e na vivência da Palavra em comunidade revigoramos nossa fé. O Ressuscitado nos quer unidos para vivermos o Reino, inclusive através de atitudes fraternas e solidárias uns com os outros. Jesus Ressuscitado se manifesta aos discípulos no “primeiro dia da semana”. Este dia da ressurreição é o dia do novo tempo, o Dia do Senhor por excelência, o Dia da Páscoa que neste segundo domingo continuamos comemorando.
Jesus nos quer unidos para vencermos as trevas e espalharmos o seu Reino de amor, de justiça e paz para todos.
Direto da Santa Missa em Seu Lar PMP
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