Somos pessoas iluminadas perante esta realidade maravilhosa que o Senhor preparou para todos nós. “Entendestes todas essas coisas?”, nos pergunta o Senhor. Compreender, no Evangelho de Mateus, tem um sentido mais profundo: não apenas entender em nível intelectual, mas aderir, fazer opção pela realidade proposta. Portanto, mais do que por palavras, nossa resposta deve ser dada a partir de nossas reais atitudes demonstrando que escolhemos o Reino de Deus.
As parábolas que escutamos hoje nos apresentam o Reino como um tesouro, uma pérola preciosa, que precisa ser procurada, que, ao ser encontrada, desperta o interesse, provoca o movimento, o despojamento de tudo o que for preciso para alcançá-lo. Ao olharmos a vida dos santos, entendemos o significado: só quem encontrou o Reino, vislumbrou a sua beleza e a graça de habitar nele, é capaz de dar a própria vida para não perdê-lo, como fizeram os mártires; só quem encontrou o Reino, é capaz de deixar sua origem, sua cidade, seu estado, sua pátria, e caminhar rumo a terras distantes para anunciar a graça desta alegria como fizeram grandes missionários como o Apostolo Paulo, Padre Manoel de Nóbrega, São José de Anchieta e outros; só quem fez a experiência do Reino, é capaz de abandonar todas as coisas deste mundo e viver pela pobreza e pela caridade, como fizeram São Francisco de Assis e Santa Clara, Madre Tereza de Calcutá e Santa Dulce dos Pobres.
E assim podemos escrever uma grande lista de santos e santas que, tendo a oportunidade de escolher todas as coisas, escolheram amar a Deus e seu Reino. Contudo, se considerarmos ainda distantes o testemunho dos santos, basta olharmos ao nosso redor: quantas pessoas que se dedicam com alegria ao serviço do Reino. Aqui mesmo nesta Prelazia, mesmo tendo trabalho, ocupações diárias, nossas missas semanais e novenas on-line, nossos programas televisivos, família para serem cuidadas, doenças, ainda guardamos um tempo considerável para o serviço à comunidade, sem nos cansar. Fazemos porque queremos nos aproximar do Reino.
E aquele jovem, ou aquela moça, que tendo a vida toda para dedicarem-se às coisas deste mundo, lançam-se rumo a uma consagração religiosa, ou mesmo à vida sacerdotal como tem feito nosso seminarista Vinícius Domingos que no próximo dia 26 de agosto, lá em Paracambi Rio de Janeiro receberá sua ordenação diaconal. Fazem-no porque encontraram o Reino!
Na parábola seguinte, vemos que uma rede lançada ao mar, pesca uma enorme quantidade de peixes. Essa rede é a Igreja. Que maravilha ver a diversidade dos que são alcançados pelo Senhor, dos que são chamados a fazer parte de sua família e serem chamados seus filhos e filhas. Olhamos para o lado e vemos gente de todo o tipo. Esse é o projeto do Senhor que, conforme a Carta de Paulo aos Romanos na 2ª leitura, deseja que todos se salvem.
O Senhor desde sempre nos chamou a ter conhecimento da verdade do seu amor, um amor que nos transforma na imagem de seu Filho, por isso todos nos podemos ser chamados filhos e filhas de Deus. Todavia, o Senhor que nos criou e quer nos salvar, não nos salva sem o nosso consentimento, sem a nossa resposta. A rede um dia será puxada à praia, e quando isso acontecer, os peixes serão separados entre peixes bons e os que não prestam. Os peixes bons são aqueles que optaram pelo Reino de forma sincera e radical que se esforçam para levar a palavra de Deus. Os peixes que não prestam são os que disseram não, ou optaram sem firmeza. Assim como na parábola do joio e do trigo, bons e maus crescem juntos no seio da Igreja. Contudo, não é nossa missão fazer nenhum tipo de julgamento. Isto cabe somente a Deus. Mas precisamos queridos irmãos e irmãs aprender a semear.
A nós cabe a missão: tendo encontrado a pérola preciosa, o tesouro escondido, sairmos ao encontro de nossos irmãos, dentro ou ainda fora da rede da Igreja, para que conheçam esta alegria que experimentamos e também façam a sua opção sincera e radical pelo Reino da vida.
Salomão é apresentado na 1ª leitura como um modelo daquele que soube optar por Deus. Podendo escolher sucesso, glórias mundanas, vitórias sobre os inimigos e riquezas, reconhece a sua pequenez e pede a Deus sabedoria para governar com justiça. Deus, vendo a sua humildade e agradando-se dela, atende-lhe o pedido, concedendo ainda mais do que ele havia pedido. “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as demais coisas vos serão acrescentadas”. Que beleza quando entendemos todas essas coisas sobre buscar primeiro o Reino de Deus e sua justiça.
Que o Senhor Deus Pai de Misericórdia nos conceda a graça de um sincero discernimento, que nos ajude a separar o que é valor eterno e que corresponda ao Reino, dos valores terrenos e passageiros, para que, alcancemos a graça de viver no Reino eterno. É preciso entender que nem todo aquele que diz Senhor, Senhor entrará no Reino de Deus.
A conquista do reino deve ser o maior objetivo de todos os seres humanos, mas este reino ainda não está completamente dentro de nós, no nosso íntimo, e tampouco estamos preocupados com isso o que é lamentável.
A edificação do reino divino, em cada ser deste mundo, será decorrente do uso correto do livre arbítrio nas escolhas pelo caminho da verdade e da vida, do constante aprimoramento, do indispensável esforço e pela prática dos ensinamentos do Mestre Jesus que produz bons frutos, “porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras” (Mateus 16: 27). A fé sem obras é igual àquela Figueira que secou. Tem muita gente em pele de lobo disfarçando ser ovelhas.
Jesus nos revelou a ótica do amor, da fraternidade, da caridade, da justiça, da bondade e da misericórdia divina. É esse o reino de Deus, que Ele promete aos que cumprirem os seus mandamentos, onde os bons encontrarão as suas recompensas, as bem-aventuranças. Mas será que entendemos tudo isso?
Devemos juntar os bens celestiais. Jesus disse: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”.
Com a aquisição dos tesouros celestiais, não precisamos ficar ansiosos pelo dia de amanhã, pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. É preciso ter fé, confiança em Deus, crer na ressurreição da carne, na vida que nunca acaba.
Jesus ensina que dia virá em que o reino de Deus será deste mundo. Assim, para que todas as coisas sejam acrescentadas às nossas vidas, é indispensável que procuremos o reino de Deus e sua justiça, na busca da verdadeira felicidade. Amém?
Direto da Santa Missa em seu Lar / FCVM
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