A Polícia Civil investiga a morte de Gabryel Schneyder Ribeiro Magalhães, 16 anos, em Tianguá, cidade que fica a cinco horas de Fortaleza, no Ceará. O garoto morreu após uma discussão com o pai, na quarta-feira.
Em um post no Facebook, Aurelidia Ramos, avó materna do adolescente, escreveu que o neto sofria frequentes agressões físicas e psicológicas. “Não precisava de tantas agressões físicas e psicológica morreu apanhando”, disse a avó. Em outra publicação ela pede perdão por “não ter chegado a tempo”.
Amigos de Gabryel, que era conhecido nas redes sociais por ser fã da cantora Selena Gomez, afirmaram que o adolescente morreu vítima de homofobia. Eles subiram a hashtag #RIPGabryelSelenator no Twitter para denunciarem a morte do garoto. Gabryel teria recentemente revelado ao pai que era homossexual.
De acordo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a polícia ouviu os parentes do adolescente que confirmaram que ele passou mal após um conflito familiar. Gabryel foi socorrido para uma unidade de saúde, mas não resistiu. Ainda segundo a pasta, o corpo não apresentava sinais aparentes de violência e foi encaminhado para exames periciais na sede da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) e o resultado não foi concluído.
Aos pais um alerta
Um dia encontrei uma amiga da minha mãe chorando de forma tão desesperada que tive certeza que um de seus filhos havia morrido. Meu coração foi à boca. Sabendo que todos estavam vivos, comecei a perguntar-me qual deles teria descoberto que sofria de uma grave doença. Nenhum. O choro da mãe era porque um dos filhos tinha revelado ser homossexual naquela manhã.
Eu não vou dizer que vocês, pais de filhos gays, não tenham razão para se preocupar. Têm sim. Todos os pais têm. Preocupar-se é a mais natural das características dos pais. Preocupam-se com a nossa alimentação, com os nossos agasalhos, com nossos estudos e, sobretudo com a forma como as pessoas que povoarão nosso caminho nos tratarão. E, sim, nesse ponto eu entendo a preocupação dos pais de um filho gay. Porque tem muito imbecil por aí como o do caso acima que é lamentavel. Mas o mais importante é que os primeiros imbecis desse caminho não sejam os próprios pais dessa pessoa.
O fato é que existem muitas léguas de distância entre o ato de aceitar e o ato de acolher. Entre a mera tolerância e a necessária compreensão. Entre o mero olhar sem censura e o tão esperado abraço que diz “eu te aceito, te acolho, te amo e me orgulho de você, independentemente de qualquer coisa”. Aceitar não é tudo. É só um primeiro passo. É preciso amar de verdade e compreender que a vida reserva surpresas. E todos tem o direito de serem felizes como desejam.
Não escrevo este texto para os pais que acham que ser gay é uma ofensa a Deus, uma vergonha, uma aberração ou uma simples opção de um filho. Neste nível de ignorância eu acredito que seja inútil tentar penetrar. Escrevo esta carta, de coração, aos pais que não sabem bem como agir. Aos que teoricamente aceitam-nos, ou pelo menos pensam aceitar. Escrevo também aos pais que suspeitam ter um filho homossexual e não sabem por onde ir. Escrevo aos bons pais, que se esforçam para apoiá-los e que estão dispostos a fazer o melhor que podem. O caso do Gabryel Schneyder Ribeiro Magalhães, de 16 anos, em Tianguá, Fortaleza é um caso entre tantos que temos visto nas páginas da violência por todo o planeta.
Já é hora, mãe. Já é hora, pai de entender que os tempos são outros. Acolham seus filhos de forma integral antes que seja tarde demais. Não compactuem com mais choro no banho, mais segredos, mais mentiras. Não abram mão de ouvir histórias boas, histórias alegres, histórias de amor. Nem abram mão da convivência com seus novos genros e noras. Bater, surrar nunca corrigiu ninguém, apenas o amor é capaz de construir algo de bom no ser humano.
Acima de tudo, não permitam que a noção de “amor incondicional” torne-se uma farsa na relação de vocês. Mostre ao seu filho todo dia que seu amor por ele é infinitamente maior do que a miséria humana que julga, aponta e condena determinadas formas de amar e de ser. Mostre ao seu filho que o mundo pode até virar-se contra ele, mas que seus braços serão sempre um lugar seguro onde ele é bem-vindo por ser exatamente quem ele é.
O caso acima é uma vergonha que não dá mais para permitir que sejam efetuadas. Os tempos são outros, em vez de palmadas, que tal o diálogo e a compreensão para uma vida familiar mais feliz e próspera no novo ano que ora se inicia.
Direto da Redação
Matéria enviada por EGC/Rio Express / Redes Sociais
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