“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”.
A cada domingo celebramos, na Liturgia, o Mistério Pascal de Jesus. Oferecendo a Celebração da Santa Missa em Seu Lar, e em outro Domingo expressamos essa liturgia através do programa Palavra de Fé – Elas nos reúne e nos chama ao discipulado por meio da sua Palavra e nós devemos responder com fé e disposição as exigências deste chamado.
Neste 4º Domingo do mês vocacional, celebramos o Dia do Evangelizador e do Catequista, e é neste encontro de comunidade que o Senhor nos anima a servir com maior alegria e convicção. Este é o sentido de evangelizar! Rezemos e agradeçamos ao Senhor pela vocação de tantos irmãos e irmãs que vivem e testemunham o Evangelho na Igreja e na sociedade com coragem e determinação. A liturgia de hoje nos coloca diante de uma opção fundamental que é decidir-se por Cristo, pois diante da Nova e Eterna Aliança que Ele inaugurou exige-se de todos aqueles que o seguem uma resposta na fé: “Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
Esta resposta deve ser feita, na liberdade, com convicção, tendo em vista as exigências e desafios que derivam desta proposta: “Esta palavra é dura”. Muitos querem um Deus que lhes satisfaça os seus desejos, um Deus que salve sem exigir compromissos. Daí se compreende o porquê que muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
Depois da entrada na Terra Prometida, numa assembleia, conforme Josué (24, 1-2, 15 a 18) vemos nitidamente no longo discurso de Josué, sucessor de Moisés, que Deus escolhe um povo para si e lhe cumula de benefícios, gratuitamente. Josué recorda os prodígios que Deus realizou para trazê-los até ali, desde o chamado de Abraão, passando pela libertação do Egito até a conquista desta terra prometida. E agora diante da conquista da terra, exige deles uma decisão: quereis servir ao Senhor ou os deuses estrangeiros?
Os deuses “além do rio” são mais cômodos, não exigem tanto e nem proíbem isto ou aquilo. Seguir um outro caminho é mais fácil, não precisa se comprometer com o prestar serviços a Deus, e tudo parece mais prazeroso.
Mas, Josué renova o seu compromisso: “Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor”. Josué então convoca o povo a se decidir a quem deseja servir. O povo, reconhecendo a bondade de Deus e vendo o testemunho de Josué, também renova a sua aliança servindo ao Senhor. Pois, diante dos grandes feitos de Deus, o povo responde que não pretende abandoná-lo. Assim renova a aliança com o Senhor, comprometendo-se a viver os mandamentos.
A fé como adesão é o que caracteriza o discípulo. E quando se adere, se acolhe as exigências e consequências dessa adesão. Deus quando nos apresentamos para o servir, nos coloca em prova, para saber se é isso mesmo que desejamos. Neste sentido, porém, Jesus nos mostra que a fé é um dom. É o Pai quem dá a capacidade de viver a vida segundo o Espírito. E tomarmos uma decisão corajosa não é fácil, porque a própria vida se encarrega de nos mostrar algo mais vantajoso do que nossa fidelidade ao seu chamado. Dizer eis me aqui, não é fácil, e muitos desistem por outros motivos muitas vezes até banais.
A Igreja Veterocatólica Missionária meus irmãos, nos oferece os meios eficazes para esta vida em comunhão, viver na experiência de Deus: a Palavra, os Sacramentos, especialmente a Eucaristia. De modo que nossas comunidades devem se tornar verdadeiras famílias, unidas na fé e na prática do amor fraterno. Somos sempre interrogados sobre a quem queremos servir: ao projeto de Jesus ou ao projeto diabólico, que escraviza e oprime, que nos faz muitas vezes esquecermos que a fé vem sempre antes e a gratidão depois.
O apóstolo Paulo, em efésios 5, 21 a 32, nos ajuda a entender o grande mistério do amor de Cristo pela sua Igreja através da reflexão acerca do matrimônio. Para o Apóstolo a união amorosa entre o homem e a mulher expressa a união de Cristo e da Igreja. É na doação, no cuidado, no zelo recíproco que podemos criar verdadeiros laços de unidade e caridade.
Quando há verdadeiro amor entre as pessoas, desaparecem servidões e agressões. Assim como Cristo ama sua Igreja, o marido tem um compromisso de amor com a esposa; é convidado a amá-la como parte de si mesmo, e assim os dois serão “uma só carne”. O amor autêntico é a base da união matrimonial; sem ele não há o sacramento do matrimônio.
Por fim, neste Dia do Evangelizador e do Catequista, de todos os ministérios e serviços na Comunidade, deixemos que o nosso coração seja mais plenamente transformado por Deus em toda sua essência. Para assumir sua vocação na Igreja é preciso deixar-nos interpelar pelos apelos de Deus e dos irmãos e irmãs. Jesus nos envia do mesmo modo como foi enviado pelo Pai a tomarmos uma decisão ao seu chamado como no caso de Josué. Convidamos os evangelizadores para renovarem o vosso compromisso.
Enquanto a leitura de Josué nos provoca a responder “a quem servir”, O Evangelho deste domingo nos questiona sobre a quem ir, a quem preferir. As palavras de Jesus são difíceis, de ser “digeridas”, por isso muitos o abandonam.
No fundo, o Cristo do Evangelho nos fala de um Deus que se parece conosco. É difícil de aceitar, sabemos, simplesmente porque é difícil admitir e crer que nosso Deus só se manifesta através da nossa humanidade, com toda nossa fragilidade, buscamos sempre o que nos convém, certo ou errado, buscamos o que é mais fácil sempre. Lembrando que os prazeres da vida, são passageiros.
Deus se fez encontrar e o reconhecer através de um homem, Jesus de Nazaré, em uma época; em um momento preciso da história. É o que faz a riqueza da nossa fé, a grandeza, a beleza e a dignidade de sermos parte dos discípulos de Cristo, no que eles foram e no que desejamos ser. Infelizmente, em todos os tempos, as mulheres e os homens tiveram dificuldade de se assumirem na sua humanidade, daí a recusa de crer e se decidirem a servi-lo.
Onde estamos nós hoje? O que acontece com a nossa fé cristã? Com certeza, hoje, há muitos homens e muitas mulheres que não acreditam em Cristo, nem mesmo em um deus. Estas pessoas têm as suas razões e devem ser respeitadas. Mas os outros, aquelas e aqueles que acreditam, como se situam em relação a esse discurso de São João? Às vezes, olhando a nossa Igreja, tenho a impressão de que os cristãos de hoje, como aqueles de ontem, têm dificuldade em aceitar viver a sua vocação religiosa e crer que é através dela, da humanidade com Deus, aceitando o chamado, poder falar e se comunicar com o povo para levar avante a sua palavra.
É isso o que Jesus de Nazaré veio nos ensinar, mas preferimos contemplá-lo como Cristo Ressuscitado, Glorificado, Senhor da Glória, fechado nos tabernáculos das nossas igrejas ou exposto no altar em um ostensório qualquer, mais do que vê-lo andar na estrada, comer com os pecadores, atender às prostitutas, perdoar e amar sempre. Incondicionalmente.
Temos tanta dificuldade para olhá-lo tal como ele foi na sua humanidade: um revolucionário, um reformador, um libertador. Nós temos um bonito exemplo de um texto bíblico que devemos reler à luz de nossa realidade contemporânea.
Para fazer isso, precisamos situar o texto em nosso contexto histórico, reinterpretá-lo e reatualizá-lo, se nós queremos permanecer fiéis a seu autor e se queremos fazer nascer uma Palavra de Deus viva hoje. No tempo de São Paulo, a mulher era uma propriedade do seu marido, quase a sua escrava; ela não tinha nenhum direito. É por isso que na carta aos Efésios, quando Paulo faz o paralelo da relação homem/mulher com a relação Cristo/Igreja, ele utiliza a imagem de um casal da sua época.
Por outro lado, podemos dizer verdadeiramente que ele estava adiante de seu tempo, pois exortava os homens a amarem sua esposa, o que não era costume na época. Além disso, ele se colocava ao seu serviço, como Cristo fez com a sua Igreja: É por isso, por questão de fidelidade a São Paulo, que devemos convidar a Igreja a reconhecer a igualdade homem/mulher. Se quisermos respeitar o espírito da carta aos Efésios, se quisermos fazer nascer uma Palavra nova de Deus que corresponda à nossa realidade contemporânea, precisaremos reler São Paulo reinterpretando-o e atualizando-o para o contexto atual.
Mas Jesus fala com autoridade: Vocês também querem ir embora? Não quer mantê-los à força, concede-lhes a liberdade de escolha. E Pedro como representante do grupo testemunha: A quem iremos? Tu tens a palavra de vida eterna”. Ele reconhece que as palavras de Jesus não enganam, mas são palavras de vida. Ainda hoje muitos procuram “adocicar” as palavras do Evangelho, para torná-lo mais atraentes e assim conquistar mais fieis. Quem não quer compromisso com o projeto de Jesus, que procurem livremente outros caminhos. Num mundo faminto de pão e carente de vida, queremos professar que ninguém, além do nosso mestre, pode saciar nossa fome mais profunda. Por isso não me exitei em voltar, porque o bom filho sempre a casa do Pai retorna. Afinal, a quem poderíamos ir, senão a Fonte da Vida?
Porque aceitar seguir o caminho com Cristo é comer a sua carne e beber o seu sangue, verdadeiramente, sem mágoas por quem quer que seja, isto é, assumir a nossa própria humanidade de amor ao próximo até o fim, nos inspirando nela e nos deixando transformar por esse Jesus da história, para nos tornarmos com ele o que ele próprio se tornou na Páscoa: o Cristo, o Senhor, o Filho de Deus.
Portanto, se você estiver apresentando a sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que o seu irmão tem algo contra você, deixe a sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com o seu irmão; depois, volte e apresente a sua oferta.
É necessário prestar bem atenção no zelo que Jesus tinha em reunir seus discípulos ao seu redor. Suas palavras e ensinamentos sempre visavam à prática do amor sincero entre eles. Você pode perceber que Jesus ressalta a tradição do povo de Israel para confirmar como a vida do outro é “preciosa.” Qualquer atitude que desconsidere a vida do outro, agredindo-o verbalmente ou fisicamente terá consequências na vida de quem a praticou. A aliança que Deus fez com seu povo exige que os mesmos vivam unidos como povo eleito. O culto a Deus, a oferta realizada no Templo só tem sentido se quem participar estiver com o coração em paz com seus irmãos. Isso revela que não há separação entre fé e a conduta, o qual devem ser praticadas na comunidade dos fiéis.
A confrontação com os textos bíblicos deste domingo, gera em nós a confiança de conversar com Deus. Quando a Palavra de Jesus cai como uma semente em nosso coração ela faz brotar nossa resposta a Ele. Peça a graça de superar toda e qualquer indiferença nas suas práticas religiosas, principalmente quando você estiver intrigado com alguém. Peça a graça da reconciliação para você poder viver com coerência o projeto de Deus em sua vida. Ele quer que todos os seus filhos e filhas vivam na verdade. Voltemos o nosso coração ao amor misericordioso do Senhor.
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