Ninguém segue corretamente se não tiver na mente e no coração o que deseja seguir. Muitos são chamados, mas escolhem outros caminhos. A Liturgia de hoje mostra o seguimento lúcido e consciente; a realidade nas suas conquistas e desafios. Quem tem os ouvidos abertos para Deus não teme a realidade. Sabe que Ele não o abandona. Existem muitos que dizem seguir a Jesus, mas só escutam e enxergam o que lhes interessam. Buscam e vivem uma religião sem compromisso.
A liturgia deste domingo nos questiona: “quem é Jesus? Quem é Nossa Mãe Dolorosa?” O programa de hoje é um convite a respondermos sempre esta pergunta em nosso coração e darmos testemunho desta convicção. Nos mostra que o caminho da realização plena do homem passa pela cruz, pela obediência aos projetos de Deus e pelo dom total da vida aos irmãos. Estejamos unidos à Diocese Nossa Senhora das Dores em Pouso Alegre – Minas Gerais que celebra sua Padroeira.
A leitura nos fala que Deus abriu os ouvidos dos profetas e que por isso eles não voltaram atrás. Não desistiram da missão, não fraquejaram diante dos obstáculos, diante das evidências do que lhes poderia acontecer. Pelo contrário, cada qual enfrentou as adversidades. Ofereceu as costas aos que lhe queriam bater; o rosto aos que queriam esbofetear ou lhe arrancar a barba. Muitos querem nos derrotar; diz Isaías. Mas tendo Deus como aliado, não haverá derrota. Não haverá desistências.
As perseguições existirão, mas o fracasso não. A missão do profeta é apresentada aqui como encorajamento aos fracos e abatidos. É possível fraquejarmos se não tivermos clareza do seguimento e da missão que Deus nos confiou, já que nada nos acontece por acaso. Seguir em frente é difícil se não formos atentos aos planos de Deus.
O Evangelho novamente, descreve Jesus presente em um território fora de Israel. Ele estava a caminho de Cesareia de Felipe que era a sede do governador daquela região romana. Jesus e os discípulos já estavam juntos algum tempo. Nosso Senhor quis saber qual era a ideia que as pessoas estavam tendo dele. Jesus chama os seus discípulos e os leva para um lugar retirado. Quer saber deles se de fato o estão seguindo conscientemente. Ele faz a pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”.
Quer saber o que as pessoas diziam dele; como elas o viam e definiam. O que Jesus ouviu não o deixou satisfeito. As pessoas o comparavam a grandes personalidades como João Batista, Elias ou algum dos profetas. Porém, elas ainda não enxergavam nele o Messias. Enquanto não vissem nele o Filho de Deus, as coisas não seriam transformadas e a missão teria ainda mais dificuldade para o aceitar definitivamente.
Pedro responde corretamente à pergunta de Jesus. Mas, não parecia ter entendido a resposta que deu. Reconhecer que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, significa segui-lo e agir em prol da vida. É ter uma fé comprometida e responsável. Para seguir a Cristo é preciso passar pela cruz, pois sem ela não há ressurreição. Lutar contra as injustiças, buscando um mundo mais justo e fraterno, amar verdadeiramente seus semelhantes.
“Tomar a cruz” é assumir tudo com compromisso e responsabilidade como é a Cruz de Cristo, sinal do seu extremo amor por toda a humanidade. Se colocar a serviço do povo. A Cruz não é somente sinal das dores e dos sofrimentos enfrentados por Jesus, mas de sua missão de amor assumida até o extremo. Jesus é muito claro no seu projeto de libertação. Muitos insistem em acreditar e seguir outros projetos e “messias”.
Outros querem viver um cristianismo fácil e sem compromisso, rumo aos prazeres da vida, negando o chamado divino. Como Pedro, ainda hoje há muitas pessoas que querem condicionar a ação de Deus e até dizer o que Ele tem que fazer. Jesus nos convida a sermos discípulos, nos colocarmos atrás dele que é o nosso Mestre e seguir seus passos. Devemos estar com os ouvidos atentos e sempre em alerta para ouvir a sua voz e reconhecê-lo como verdadeiro Messias.
Celebramos hoje a memória de Nossa Senhora das Dores. Depois de termos celebrado a Exaltação da Santa cruz, olhamos agora para a nossa Mãe bendita que, compadecida de seu Filho na cruz, sofre as dores da corredenção. Sim, Nossa Senhora esteve unida ao mistério da cruz.
É importante entender o seguinte: o cristianismo revelou uma verdade de que as pessoas não faziam ideia — há algo de redentor na dor. Dizer isso é quase escandaloso aos nossos ouvidos porque, é claro, para a mentalidade humana, a dor é sempre ruim, sobretudo para uma cultura como a nossa, que é excessivamente analgésica, ou seja, não suporta nem uma dor de cabeça. Não se trata aqui de defender nenhuma forma de “masoquismo”. O que estou dizendo é que, porque vivemos numa cultura que foge constantemente da dor, por isso não entendemos mais o valor redentor dela. Por quê? Porque é na dor, afinal, que se podem realizar os mais perfeitos atos de amor.
Ora, o que de fato é redentor? O amor. Eis a beleza. O que é redentor? É o amor porque Deus é amor, e nós fomos redimidos por um grande ato de amor de Nosso Senhor. Só quem viveu um grande amor, pode entender o que estou dizendo.
Deus poderia nos ter amado nas lonjuras do céu, e nós nem teríamos notícia disso. No entanto, Ele quis mais: quis fazer-se carne e morrer na cruz para mostrar a imensidão do seu amor. A história poderia ter terminado por aí: “Deus veio, sofreu por nós, morreu na cruz, agora estamos salvos, pronto e acabou, aleluia”… Mas Não!
Deus é tão maravilhoso, que nos convida a participar da redenção. São Paulo mesmo o diz: Completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo. Muitos não entendem e até criticam o título Corredentora porque não entendem a fundo a frase de São Paulo. Ora, de alguma forma, também nós — você e eu — somos corredentores. Sim, há um único Redentor, Jesus Cristo, mas se todo cristão é, de alguma forma, corredentor, é evidente que Nossa Senhora há de ser Corredentora de forma única e irrepetível.
O dia de Nossa Senhora das Dores, segundo o nosso calendário, é celebrado em 15 de setembro. Ela é recordada devido a todo o contexto que a envolve como Mãe de Jesus. Nossa Senhora esteve firme, o criando e o acompanhando até os últimos passos sua morte na Cruz.
Ao celebrar Nossa Senhora das Dores, nossa padroeira, recordamos tantas mães que sofrem com perda prematura de seus filhos, seja pelas drogas, violência, acidente ou doença. Essas mães devem seguir o exemplo de Nossa Senhora e se manter firmes diante desses momentos de sofrimento e se conformarem a vontade de Deus. A força da fé ajudará a passar pelos momentos de dificuldade.
É junto à cruz do seu Filho que Maria se torna a Mãe de todos nós, pois Jesus diz a Maria quando Ela estava aos pés da cruz, ao lado de João: “Mulher, eis aí o teu filho”. E depois diz a João: “Filho, eis aí a tua Mãe”. A partir desse momento, João acolhe Maria consigo e cuida dela. Por isso, a partir do mandato de Jesus, Ela se torna a mãe de todos nós e Mãe da Igreja. Unir-se às dores de Maria é unir-se também às dores de Jesus Cristo, pois onde está a Mãe, também está o Filho.
Nos pautemos agora no momento mais marcante do caminho doloroso de Jesus até o calvário, lembrando do doloroso encontro de Jesus com sua Mãe. Nessa ocasião acontece uma troca de olhares entre o Filho e sua Mãe e com o olhar de Mãe, Nossa Senhora contempla a crueldade que estavam fazendo com o seu Filho. Tudo isso causava uma imensa dor no coração de Nossa Senhora.
Por isso, podemos imaginar qual mãe que não sofre ao ver um filho sofrendo, precisando de ajuda, e sofre mais ainda quando não pode fazer nada. Dessa maneira, que possamos nos unir à dor que Maria sentiu nessa ocasião e peçamos hoje no seu dia, forças para suportar com paciência as dores que possam ocorrer na nossa vida. Que principalmente Maria conforte as mães que sofrem.
Portanto, agora lá do céu, Nossa Senhora está intercedendo por cada um de nós e é aquela Mãe que consola as nossas dores e sofrimentos, sobretudo das mães que perderam seus filhos. Lá no céu, os olhares de Jesus e de Nossa Senhora se cruzam, assim como se cruzaram aqui na terra, um olhar de amor e compaixão.
Todos nós somos passageiros aqui na Terra e almejamos viver eternamente ao lado de Deus. Que nesse tempo pascal sejamos alimentados pela fé e esperança em dias melhores e na certeza da ressurreição final para entender o chamado de Deus para o servir, e o amor que ele deseja que tenhamos com nossos semelhantes.
– Deus nos ama, mas quis mostrar-nos o seu amor abraçando a realidade dolorosa e dramática da cruz; suspenso nela, mostrou o quanto nos ama. É por isso que nos cristãos olhamos para a cruz de Cristo e dizemos: “Como Deus nos amou!” Há mais, porém. Deus quer também que nós o amemos e, unidos a Ele, amemos os outros, você não pode ter comunhão com Deus, se há ódio no seu coração por algum irmão. Essa é a maravilha da redenção.
Se Ele nos ama com uma grande caridade, então quer que nós o amemos de volta igualmente. Para isso, Ele mesmo nos dá o amor com que quer ser amado. Isso é um privilégio, uma coisa maravilhosa! Deus veio, nos amou e derramou o seu Espírito Santo para que nós pudéssemos amá-lo de volta, isto é, para que pudéssemos corresponder ao seu amor. E esse amor é medido pela maneira como amamos nossos semelhantes. Esse é o mistério da redenção — o Deus de amor faz filhos de amor.
Deus antecipou tudo isso numa única mulher, na menina de Nazaré chamada Maria, Nossa Senhora. Desde o primeiro momento de sua vinda ao mundo, Jesus foi correspondido em seu amor por uma alma agraciada, que já tinha o Espírito Santo antes de todos, uma alma que já recebera de Deus a capacidade de amar de forma prodigiosa.
A Imaculada podia amar a todos, porque recebeu antecipadamente o amor com que Deus queria ser amado e sabia em quem podia confiar. Ora, se ela amou Jesus tanto assim, é evidente que sempre quis tudo o que Jesus mesmo amava e queria. E o que Ele mais amava e queria neste mundo? Salvar-nos.
Logo, também Maria quis nos salvar participando ao seu modo dessa grande obra. Então, se amamos Jesus, queremos também salvar os homens como fez a mãe dolorosa. Não se trata de uma invenção nossa, está na bíblia. Foi Jesus quem disse: Ide por todos os povos e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo. Ora, quem faria tudo isso? Os Apóstolos! Por isso dizia São Paulo: “Ai de mim se eu não evangelizar”. Misericórdia se não amarmos como Jesus amou!
Todos os verdadeiros cristãos de todos os tempos, de todas as raças, de todos os países, de todas as idades, vendo o amor de Cristo com que Cristo nos amou, amaram Cristo e se colocaram a seu serviço, isto é, foram corredentores sofrendo pela salvação dos outros. Caritas Christi Urget nos, a caridade de Cristo faz como que violência em nós, impele-nos a, vendo que um só morreu por todos, querer morrer, ainda que seja pela salvação de só um. Se isso vale para todos os santos, como não valerá também para a Virgem Santíssima?
Ela, cheia de graça, recebeu o Espírito Santo desde o primeiro instante da sua concepção, motivo por que tinha uma capacidade de amar maior que a de todos os anjos e santos. Com que pressa, com que amor ela não tomou sobre si as dores redentoras de Cristo para sofrer por nós! Ela uniu-se a Cristo em suas dores porque já se unira a Ele em seus amores.
Eis o mistério da corredenção, celebrado neste dia de Nossa Senhora das Dores. Digamos-lhe hoje: “Mãe bendita, obrigado por terdes sofrido por mim. Compadecida de Cristo na cruz, tomastes sobre vós a minha cruz. Mãe bendita, Consoladora dos aflitos, vinde em nosso auxílio, qual outro Cirineu, como Mãe que carrega e ajuda a carregar a cruz de seus filhos. Ensinai-nos a amar Jesus, carregando a cruz de cada dia e procurando a salvação do próximo”.
Então, meus irmãos e minhas irmãs o que significa celebrar Nossa Senhora das Dores na atualidade? Significa celebrar não as dores de Maria, mas o amor que ela resolveu viver por decisão. Por aceitação, nada a impediu de ir em frente em sua missão. Ela ama à medida que resolve viver para os outros; à medida que resolve guardar todas as coisas em seu coração; em que resolve fazer unicamente a vontade de Deus. Por tudo isso – por causa do amor – repito: sofre as dores de quem ama. Mas estas dores não são o fim, mas meio para a verdadeira felicidade.
Que a Virgem das Dores que é a nossa Mãe nos proteja e console a todos que passam por momentos de tribulação e que Ela nos inspire sempre a viver o nosso apostolado, construindo aqui na Terra o Reino de Deus. Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!
Direto da Santa Missa em Seu Lar – Palavras de Fé
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