O 33º Domingo do Tempo Comum é o penúltimo domingo do ano litúrgico. A liturgia da Palavra nos aponta para os fins da história, na qual todas as coisas têm origem em Deus e para Ele caminham. Este anúncio deve nos encher de esperança, pois Ele vem para eliminar de vez o mal do mundo e dar início a uma nova realidade redimida, novos Céus e nova Terra.
Se trilharmos nossa história com Deus, desejaremos trabalhar confiantes, a fim de que venha logo, esta nova realidade. Celebrando hoje o 8º Dia Mundial do Pobre façamos o nosso compromisso com o Senhor, com os irmãos e irmãs necessitados, no intuito de trabalharmos para a edificação de um mundo mais justo e fraterno, sem exclusão.
A liturgia nos aponta para a realidade que no próximo domingo celebraremos: Cristo é o princípio e o fim da história. Para Ele se encaminham todas as coisas; principalmente a “meta” a ser alcançada. O fim de todas as coisas seja a plenitude em Cristo Jesus. Ele é o sumo sacerdote ideal, pois o seu sacrifício único e irrepetível eliminou para sempre o pecado do mundo.
O perdão, conseguido em seu sacrifício, é graça que se derrama continuamente na história, santificando os que são seus e que trilham o seu caminho de salvação. Ele agora apenas espera o tempo que o Pai determinou “até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés”.
A linguagem da liturgia de hoje é apocalíptica, é preciso que entendamos bem o que ela significa. Apocalipse significa “Revelação” e com este estilo literário o apostolo Marcos procura apresentar às comunidades o que Deus lhes revelou sobre as realidades que as mesmas comunidades estavam vivendo. A literatura apocalíptica de Marcos não é para despertar medo nas pessoas, mas a esperança. O povo deve confiar que Deus é o Senhor da História, e que Ele a conduz para a redenção (salvação) na destruição do mal.
As imagens descritas são dramáticas “depois da grande tribulação, o sol vai escurecer, e a lua não mais brilhará, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas”. Jesus fala desta realidade terrena, sobre a qual os homens se apoiam e que, por muitas vezes exaltam como deuses, à revelia do verdadeiro Deus, pois tudo pode desmoronar se a fé não for o alicerce de nossas vidas.
Lembremos que o imperador romano se identificava como o deus sol; que as estrelas eram entendidas como divindades e justificavam o poder real sobre os demais. O imperador romano perseguia e matava os cristãos. Com esta Palavra, Jesus anima os seus discípulos e o povo que o ouvia a perseverarem e não desanimarem diante de aparente vitória dos poderes do mal que desviam as pessoas de seus caminhos para a glória eterna. Na verdade, tudo está de acordo com o que o Pai, desde sempre preparou ao delimitar os rumos da história humana.
Enquanto muita coisa desanimadora acontece, saibamos que o Senhor é quem tem o poder sobre tudo, inclusive sobre aqueles que pensam deter o poder sobre os outros. Aqueles que causam sofrimento e dor a seus semelhantes, que promovem a injustiça e a destruição da natureza e do ser humano. São estes indivíduos que pensam ter o domínio dos rumos da história que a detém de fato. Se achando poderosos!
Tudo isso, na verdade, vai passar, assim como a nossa própria vida vai passar. Mas, devemos, todavia, ficar atentos em relação a qual lado nós estamos: se do lado de Deus e de sua palavra que jamais passará, ou se estamos do lado das forças opostas deste mundo que, naquele dia, serão abaladas e destruídas.
Assim como profetizou Daniel, é preciso que tenhamos sabedoria para escolher aquele de quem e para quem se conduz toda a história. Quando Ele enviar Miguel e todos os seus Anjos, aos quatro cantos da Terra e reunir os eleitos, estejamos nós entre aqueles que ele escolheu. Somos os eleitos de Deus, mas precisamos perseverar na graça que recebemos até o fim, sem dela nos desviar ou nos desanimar, para que sejamos guardados e refugiados para sempre em Deus, como cantamos no Salmo.
O cristão, portanto, ao ser diariamente bombardeado por notícias de guerras, injustiças, tragédias, violências e tantas outras maldades, próprias do ser humano, cada vez mais inomináveis, não se desespera, ou desanima do bem que veio ao seu encontro, ele sabe ver, sabe sentir, mesmo nestas experiências de dor e angústia, aquele sinal da figueira de que fala Jesus no Evangelho: está se aproximando o tempo da colheita. Não necessariamente porque o mundo vai acabar, mas é porque nestes tempos de dificuldades que estamos vivendo, que os fiéis seguidores de Deus, do Evangelho, os peregrinos da esperança, devem se levantar para amenizar a dor do seu próximo com relação ao mundo e começar, desde já, a construção de um novo tempo, de um novo céu e de uma nova Terra, que terá a sua realização plena em Deus.
É Deus quem realizará para nós esta obra, mas devemos também oferecer a nossa ajuda e a nossa contribuição se colocando a disposição de trilhar com Ele este caminho de plenitude. É preciso muitas vezes ter coragem e saber voltar atrás.
Direto do Santa Missa em Seu Lar
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