Acostumados a atender motoristas e passageiros em acidentes na BR-381, no trecho entre o trevo de Barão de Cocais e Nova Era, na chamada “rodovia da morte”, Região Central de Minas, além da BR-262 de João Monlevade à Serra do Macuco, dois socorristas voluntários tiveram na noite desta sexta-feira, 5, um fim trágico de uma trajetória heroica, e de certa forma anônima. Há quase quatro anos no Serviço Voluntário de Resgate (Sevor), José Geraldo Pereira, de 58 anos, e Antônio Geraldo de Freitas, de 60, não conseguiram chegar ao objetivo de apoiar o resgaste de vítimas de uma batida na BR 381, Rodovia Fernão Dias. A caminho do local, a ambulância em que estavam foi atingida por uma carreta desgovernada.
A informação da morte dos socorristas emocionou os cerca de 80 integrantes do Sevor e de outros grupos que atuam na perigosa rodovia, como o Anjos do Asfalto, agentes da Polícia Rodoviária Federal, militares do Corpo de Bombeiros e, é claro, pessoas acidentadas e seus familiares, que um dia foram atendidos por esses voluntários, que em suas folgas, se dedicam a prestar os primeiros-socorros às vítimas da violência do trânsito.
O acidente com a ambulância do Sevor ocorreu no começo da noite desta sexta-feira, dia 5 de janeiro, no Km 349 da BR-381, entre João Monlevade e Bela Vista de Minas. José Geraldo e Antônio Geraldo, moradores de Rio Piracicaba, onde faziam plantão voluntários, seguiram em direção à Nova Era em apoio a outra equipe da entidade que atendia feridos de uma batida de dois carros.
Tudo seguia normal, como mais um plantão desses heróis anônimos, motivados pelo lema do Sevor: “salvar vidas”. Porém, num trecho de subida da rodovia, eles foram surpreendidos pela carreta em velocidade que derrapou em “L” na pista e bateu violentamente contra a ambulância em que estavam, que foi jogada para fora da pista. Os dois socorristas chegaram a ser levados para o Hospital Santa Margarida, em João Monlevade, mas morreram antes de serem atendidos.
Acidente é o primeiro grave com equipe de socorrista
O presidente do Sevor, Humberto Guimarães, disse que foi o primeiro acidente grave com equipes da entidade e com fim trágico. “Estamos todos chocados, não só o pessoal do grupo, mas de outras instituições de socorro voluntário. Nos próximos dois, três dias, não iremos para as rodovias, mas voluntários de outros grupos já se dispuseram a manter o serviço. Não podíamos imaginar que um dia viveríamos uma tragédia dessas”.
O Serviço Voluntário de Resgate foi fundado em 4 de novembro de 2000. É uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, apolítica, sem discriminação religiosa ou racial, com sede em João Monlevade. O Sevor é reconhecido como de utilidade pública pelo município e estado.
A principal finalidade da entidade é auxiliar, a nível pré-hospitalar, em situações de emergência ou urgência às vítimas de acidente ou mal súbito, dando amparo à sociedade de um modo geral. Colabora com autoridades municipais, estaduais e federais, quando solicitado ao atendimento de acidentes provenientes de rodovia, área urbana ou em casos de calamidade pública.
O Sevor conta com formação específica de socorristas que em seu dia-a-dia são profissionais das mais diversas áreas, tais como: vendedores, eletricistas, operários de usinas, músicos, profissionais liberais, representantes comerciais, empresários, comerciantes, técnicos em segurança, bombeiros civis, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, entre outros.
Serviço voluntário 24 horas por dia para atender feridos
O serviço está disponível 24 horas por dia, durante todos os dias do ano, e conta com um grupo de, no mínimo, quatro pessoas para os atendimentos. Para ingressar no grupo, é necessário que o candidato preencha alguns requisitos, tais como idade mínima de 18 anos, ensino médio completo, comprovante de bons antecedentes emitidos pelas Polícias Civil ou Federal, aptidão física e psicológica e seguro de vida.
Todos os voluntários estão sempre passando por capacitação nas áreas de atendimento pré-hospitalar, emergências com produtos perigosos, salvamento em altura, mergulho, salvamento aquático, ente outros. É mantida uma grade mensal de treinamentos para a nivelação de informações entre os voluntários.
Ser voluntário é doar tempo, trabalho e talento para causas de interesse social e comunitário e, com isso, melhorar a qualidade de vida da comunidade. Nas igrejas, nos bairros e comunidades, nos grupos de auto-ajuda e nos clubes, nas associações culturais e esportivas, nas instituições sociais e nas empresas, um número imenso de pessoas ajudam umas às outras e ajudam a quem está em situação mais difícil, ainda que não chamem a si mesmos de voluntários.
Ao doarem sua energia e sua generosidade, os voluntários estão respondendo a um impulso humano básico: o desejo de ajudar, de colaborar, de compartilhar alegrias, de aliviar sofrimentos, de melhorar a qualidade da vida. Compaixão e solidariedade, altruísmo e responsabilidade, são sentimentos profundamente humanos e, também, virtudes cívicas.
Fonte: O Estado de Minas (fotos: Reprodução de Whatsapp e Sevor/Divulgação)
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