A liturgia deste domingo, com seus textos sagrados, nos convida a construção de uma nova sociedade, onde as relações entre as pessoas sejam marcadas pelo amor. Dentre as perguntas mais difíceis de responder figuram estas: Será que no nosso dia a dia podemos dizer se um pessoa que se diz cristão tem inimigos? E se sim, como pode ter inimigos se é discípulo de Jesus? Eis perguntas difíceis de responder quando Jesus nos convida a viver este Evangelho, pois esta é uma das missões mais sublimes do cristão.
O Evangelho não pede para suportar ou conviver, nos é pedido para amar. Dom supremo e maior deixado por Jesus para que possamos buscar diariamente nossa santificação. Amar como Jesus amou. Quantas vezes fomos feridos na face e oferecemos a outra? Que situação difícil de enfrentar! Nosso desejo primeiro não é oferecer a outra, mas meter a mão na face do outro! Não é verdade?
Somos convidados a amar. Essa capacidade de amar nos é garantida porque primeiro fomos amados por Deus. Jesus, que é a plenitude de amor do Pai, nos amou de forma gratuita e Universal para nos libertar do pecado. A sua entrega por nós foi total. Ele nos convida a sermos seus discípulos.
As expressões “amar”, “fazer o bem”, “dar”, aparece por três vezes no texto. “Amar, fazer o bem e emprestar”, é apenas uma boa política, um bom negócio. Para sermos bons cristãos, considerados filhos de Deus, é preciso mais, pois Sua medida, são nossas atitudes. Assim, como julgarmos, seremos julgados; como condenarmos, seremos condenados, mas também, como perdoarmos seremos perdoados. É neste contexto, onde Jesus nos chama à generosidade, que Ele chama também a Deus de PAI, pela primeira vez em sua vida pública, embora, no v. 35, esteja subentendido esse parentesco.
Por isso como cristãos temos por compromisso moral e de fé a vivência do amor gratuito para com todos. Assim como Deus nos ama, nosso amor pelos irmãos deve atingir exigências radicais: amar os inimigos, abençoar quem nos amaldiçoa, ser generoso, dar a quem nos rejeita e não julgar os ingratos ou qualquer ato que não tenhamos apreciado.
Essas são exigências muito desafiantes, mas é a novidade que Cristo nos apresentou e viveu. Se não fosse assim ele teria vivido os mesmos valores do mundo. Tudo continuaria como estava ou ficaria pior. O Amor nos revela uma vida nova e plena.
Na perseguição pelo deserto, o Rei Saul e seu exército adormecem em um sono profundo. Davi tem o rei em suas mãos e a possibilidade de o matar. Mas, contrariando as opiniões de seus amigos, Davi reconhece no rei a unção do Senhor, poupa-lhe a vida, e apenas carrega consigo a lança e o cantil de água. Com esse gesto de amor, Davi demonstra confiança em Deus, tira as armas do Rei Saul e lhe faz enxergar sua injustiça, ambição e infidelidade.
No Evangelho Jesus nos apresenta uma proposta de amor que não é nada romântica, mas é desafiante e exigente. A misericórdia significa dar o coração aos míseros, aos que necessitam. Quem possui amor é convidado a amar. Ora, Deus nos amou por primeiro, logo sou convidado a amar, pois só assim poderei participar do Reino de Deus “porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.
Com isso fica a grande reflexão para nossa comunidade: tomando consciência dos nossos desafios, dos nossos pecados e tudo que atrapalha a vida de comunhão, só seremos uma verdadeira comunidade, corpo de Cristo se formos capazes de acolher e viver coerentemente o amor
Direto da Santa Missa em seu lar
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