Muitas vezes, quando alguém relata ter sido abusado sexualmente, surge a dúvida sobre a roupa que a vítima estava usando como forma de “justificar” o abuso. Uma exposição recém-estreada em Bruxelas, na Bélgica, critica isso ao contar histórias de alunos da Universidade do Kansas, dos Estados Unidos, que foram estuprados e mostrar as roupas que as vítimas estavam usando no momento do abuso.
A mostra, chamada What Were You Wearing? (O Que Você Estava Vestindo?, em português) foi realizada em setembro do ano passado no Kansas. Delphine Goossens, uma funcionária pública de Bruxelas, ficou sabendo e decidiu levar a ideia para sua cidade. Ela contatou os organizadores, pediu autorização para replicar a exposição, traduziu os depoimentos dos estudantes para francês e holandês e usou suas próprias roupas e de seus colegas de trabalho para vestir manequins com peças semelhantes às descritas por cada uma das vítimas.
A exposição está ocorrendo no Molenbeek Maritime Community Centre, onde ela trabalha. Delphine espera que a mostra se espalhe por diversas cidades da Europa. “Eu acho que as escolas ou universidades podem fazer isso. É fácil”, disse ela à Reuters.
Na sala de exposição, há diversas roupas à mostra, como pijamas, trajes de banho e uniforme de colégio infantil. Há também uma parede dedicada a três roupas semelhantes a que uma mesma mulher usou nas três vezes em que foi vítima de estupro.
Liesbet Verboven, uma mulher que visitou a exposição, disse que se sentiu muito emocionada. Uma amiga dela foi abusada e teve uma experiência ruim com ao buscar a Polícia, que a culpou por estar em um lugar específico e ter tomado certas decisões. “É um grande impacto ver todas essas peças, ver que pode acontecer com qualquer pessoa, a qualquer hora, em qualquer lugar. Eu espero que isso possa mudar a ideia das pessoas que culpam a vítima por ser violentada e estuprada”, disse ela.
De acordo com dados exibidos na What Were You Wearing, 56% dos belgas conhecem ao menos uma pessoa que foi vítima de abuso sexual e uma entre quatro mulheres já foi assediada fisicamente em espaços públicos. A exposição ficará no local até 20 de janeiro.
Fonte: O Estado de S. Paulo / Foto REUTERS Francois Lenoir
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