Nesta sexta-feira, 25/5, o presidente Michel Temer resolveu endurecer no tratamento com os caminhoneiros que não aceitaram o acordo negociado na véspera. O acordo previa uma trégua de 15 dias na greve iniciada segunda-feira e que chegou hoje ao seu quinto dia.
O presidente Michel Temer anunciou há pouco que o governo irá implementar de imediato um plano de segurança para superar os efeitos do desabastecimento causado pela paralisação dos caminhoneiros.
“Comunico que acionei as forças federais de segurança para desbloquear as estradas e solícito que os governadores façam o mesmo. Não vamos permitir que a população fique sem itens de primeira necessidade, que consumidores fiquem sem produto, que hospitais não funcionem”, afirmou. “Governo teve coragem de dialogar e terá coragem agora de exercer sua autoridade diante do povo”, completou.
Segundo Temer, quem continuar bloqueando as estradas será responsabilizado e punido. “Vamos garantir o abastecimento. O acordo está assinado e cumpri-lo é a melhor alternativa. O governo espera e confia que cada caminhoneiro cumpra o seu papel”, acrescentou.
O presidente lembrou que a União irá ressarcir a Petrobras para garantir a redução de 10% do preço do diesel e apontou que o acordo prevê a estabilidade de preços a cada 30 dias. Eles citou que governo também firmou acordo com o Congresso para zerar a Cide sobre o diesel.
“Desde o início da semana o Brasil e os brasileiros vem sofrendo com a paralisação dos caminhoneiros. Começamos a tomar previdências ainda no domingo para atender as suas demandas e ontem chegamos a um acordo com as lideranças nacionais dos caminhoneiros”, afirmou.
Temer alegou que o governo atendeu as 12 reivindicações prioritárias dos caminhoneiros, que teriam se comprometido a encerrar a paralisação imediatamente. “Esse foi o compromisso conjunto e deveria ter sido o resultado do diálogo. Muitos caminhoneiros têm feto a sua parte, mas infelizmente uma minoria radical continua bloqueado as estradas”, relatou.
Sem medo das forças de Segurança
Do outro lado os representantes dos Sindicatos de Caminhoneiros disseram que não temem as forças de segurança imposta pelo governo.
“Não somos bandidos e não estamos fazendo nada de errado. Por isso não tememos a força nacional. Pelo contrário, eles até nos darão segurança”, ironiza o diretor do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Ourinhos/SP, Ariovaldo Almeida Jr.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Estado do Rio de Janeiro, Nélio Botelho, os profissionais estão à margem das rodovias sem obstruir o trânsito para os carros de passeio. “Estamos exercendo o nosso direito de greve. O presidente disse que vai desobstruir, mas não tem estrada obstruída. Nosso movimento é pacífico”, garante o sindicalista.
“Agora se a força de segurança quiser tirar os caminhões que estão parados sem atrapalhar a locomoção, vamos entregar as chaves e eles podem retirar todos os veículos. São muitos caminhões”, avisa Botelho. “O governo quer resolver o problema na base da violência. Não vamos ceder.”
O sindicalista disse que agora a pauta de reivindicações inclui também a redução no preço do combustível para a gasolina. “Temos recebido muito apoio da população e não podemos tratar só de um assunto específico. Temos que incluir também a gasolina”, diz Botelho.
De acordo com ele, a pauta inicial de reivindicações incluía a redução de impostos para todos os combustíveis. “Mas no fim negociaram apenas para o diesel, o que não concordamos”, finaliza Botelho.
NR – A Polícia Federal vai investigar a possibilidade de locaute – (participação dos patrões) – na paralisação dos caminhoneiros, que entrou hoje no quinto dia, apesar do acordo firmado. Mesmo com a câmara de compensação proposta pelo governo, que manterá, por meio de subvenções bancadas pelo Tesouro, o preço do diesel estável para os distribuidores, o que se constata hoje é a ampliação dos pontos de retenção das estradas e não a redução do movimento, como esperava o governo.
“Locaute” é caracterizado quando empresários de um setor contribuem, incentivam ou orientam a paralisação de seus empregados. Ou seja, quando é uma greve liderada pelos patrões, com o intento de obtenção de benefícios para o setor, o que é proibido por lei no país. O que podemos avaliar é que o próprio governo subestimou a proporção que a mobilização poderia tomar e tomou, um erro do sistema de inteligência, que é comandado pela Agência Brasileira de Inteligência.
Fonte: VEJA.com/TVJC
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