O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, foi surpreendido durante sabatina de campanha ontem à noite ao tomar conhecimento que o presidente do seu partido, Carlos Lupi, é réu em ação de improbidade administrativa. Em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, ele afirmou que Lupi tem sua “confiança cega” e admitiu que o dirigente pode ocupar um cargo no governo caso ele seja eleito presidente. O candidato afirmou que Lupi não era réu, mas foi informado pelo apresentador William Bonner de que o presidente do PDT teve denúncia contra ele aceita em ação civil de 2012 por improbidade administrativa na 6ª Vara de Brasília. Segundo o Ministério Público Federal, em 2009, o então ministro viajou em avião pago Centro de Estudos e Promoção Social (Cepros), entidade sem fins lucrativos, que teria convênios com o ministério que ele comandava.
O destaque da entrevista ficou por conta do embate entre o presidenciável e o apresentador William Bonner. Ao insistir em determinadas perguntas e interromper por diversas vezes o candidato, o jornalista esquentou o clima da sabatina e causou reações na internet. O assunto foi um dos mais comentados da noite no Twitter. O principal ponto da divergência foi a ação sobre Lupi.
Ciro iniciou os questionamentos afirmando ao apresentador que não pode confirmar a escolha de Lupi como ministro porque ainda não venceu a eleição. “Desculpe, não escolhi ninguém para ser ministro. Eu sequer fui eleito.” No entanto, o candidato reafirmou que o ex-ministro do Trabalho segue tendo a promessa de o cargo que escolher num eventual governo do pedetista. “Se eu for eleito, o Carlos Lupi terá no governo a posição que quiser porque tenho convicção de que ele é um homem de bem”, afirmou.
O apresentador então confirmou que Lupi responde, entre outras, à ação por improbidade na 6ª Vara de Brasília. “A mim me surpreende. Na minha opinião, essas informações não estão assentadas. A informação que tenho é de que ele não responde por nenhum procedimento. Réu, com certeza, ele não é. Então, estou surpreendido neste momento. Eu me comprometo a adicionar qualquer correção necessária no meu site”, disse Ciro. E reafirmou: “Carlos Lupi tem a minha confiança cega, absolutamente cega”.
Em seguida, Ciro atacou o governo Temer ao comentar as “diferenças de alianças” com outros políticos acusados de corrupção. “Os valores que defendo são os mesmos. O presidente Michel Temer, que é uma desgraça ao nosso país, foi acusado pela Procuradoria-Geral da República e o Supremo pediu autorização duas vezes para processá-lo. O presidente Michel Temer é uma pessoa acusada formalmente duas vezes pela PGR por corrupção. Não é o caso do Lupi, até este segundo em que eu lhe falo, definitivamente”, finalizou.
Segundo tempo
Logo após participar da entrevista ao Jornal Nacional, Ciro Gomes foi sabatinado por jornalistas da GloboNews, emissora do mesmo grupo da Rede Globo. Assim como na primeira etapa, o candidato à presidência pelo PDT falou sobre o programa para limpar os nomes de 63 milhões de brasileiros. Falou sobre a crise migratória na Venezuela, educação e economia, mas não usou seu tempo para tentar defender Lupi. O presidenciável também não foi questionado sobre ação de improbidade administrativa a que responde o presidente nacional do PDT.
Sobre a situação dos venezuelanos no Brasil, Ciro criticou o posicionamento do governo Temer sobre a crise migratória. Ele disse que o país precisa honrar a tradição humanista e mediar episódios como esse.
Já na parte econômica, o candidato do PDT afirmou que pretende criar tributos sobre lucros empresariais e grandes heranças, além de reavaliar incentivos fiscais concedidos ao longo dos últimos anos. O candidato também defendeu a reforma tributária e admitiu a possibilidade do retorno da CPMF, mas que ainda não está totalmente decidido sobre este último tema.
Saúde e educação foram outros temas defendidos por Ciro em seu programa de governo. O candidato falou sobre o SUS e a importância de fortalecer o sistema. Já no campo da educação, disse que quer o fim do ensino ‘decoreba’ e uma reestruturação total do magistério.
PT
Ciro defendeu o ex-presidente Lula, dizendo que o povo brasileiro é muito grato a ele pelo programa Bolsa Família. No entanto, relembrou a falta de apoio do petista, ao fazer com que partidos não apoiassem o PDT.
Por Rodrigo Melo EM/JC
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