O candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) repetiu a dose e foi ao Jornal Nacional com “cola” na mão. Na última vez, ele apareceu no debate da RedeTV! com as palavras “pesquisas”, “armas” e “Lula”. Para entrevista na Rede Globo, o presidenciável apareceu com os dizeres “Deus”, “Família” e “Brasil”.
No último debate realizado pela RedeTV!, Bolsonaro não gostou de ser questionado sobre a cola na mão e questionou a imprensa. A entrevista é a segunda realizada pelo jornal da emissora.
Durante a entrevista, Bolsonaro tratou sobre temas recorrentes, como LGBTfobia, sua carreira pública como deputado federal e a “autonomia” que dará ao economista Paulo Guedes. Também voltou a dizer que Roberto Marinho, fundador da Rede Globo, foi à favor da ditadura.
Bolsonaro também defendeu que é preciso unir toda a nação contra a velha política. Ele se define como a figura “patriota que vai salvar o Brasil”. “Nos últimos anos, dois partidos levaram o país à crise econômica na qual se encontra”, afirmou. “Nós temos tudo para sermos uma grande nação. Só falta união”, completou.
Renata Vasconcellos
Jair Bolsonaro voltou a ficar em situação complicada quando confrontado sobre a desigualdade de gênero no Brasil e suas abordagens ao tema. Questionado por Renata Vasconcellos, do JN, ele preferiu fazer perguntas aos apresentadores durante a sabatina global. O embate elevou o nome da jornalista ao segundo assunto mais comentado no Twitter – o primeiro era a presença do político na sabatina. Renata Vasconcellos indagou Bolsonaro sobre a desigualdade de gênero na questão salarial, ressaltando que, segundo o IBGE, as mulheres ganham 25% menos que os homens e se o candidato faria algo para mudar esse cenário caso eleito.
Jair Bolsonaro evocou o discurso de que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina maior igualdade em cargos públicos e que não poderia fazer nada quanto à iniciativa privada. Quando Renata voltou a questioná-lo sobre o que um presidente pode fazer quanto ao tema, Bolsonaro iniciou uma comparação quanto aos salários da apresentadora com William Bonner.
- A questão de salário, de competência, na CLT já se responde isso.
Nós sabemos que, na prática, existe desigualdade salarial entre homens e mulheres. Eu gostaria de saber se o senhor, eleito, que políticas vai fazer para evitar essa desigualdade?
Porque o Ministério Público não age no tocante a isso. Pode agir. Eu não tenho gerência sobre isso. Isso é CLT. É só denunciar ao Ministério do Trabalho.
O senhor sabe que o Estado tem mecanismos para estimular a iniciativa privada para que não cometa esse tipo de desigualdade. O senhor, como presidente da república não fará nada para evitar as desigualdades?
Faria. Mas o Ministério Público poderia ser acionado. Estou vendo aqui uma senhora e um senhor e existe uma diferença salarial aqui. Parece que é muito maior para ele do que para a senhora. São cargos semelhantes.
Me desculpe, mas eu vou interromper vocês. Eu poderia até, como qualquer cidadã brasileira, fazer questionamentos sobre seus proventos, porque o senhor é um funcionário público, deputado há 27 anos, e eu, como contribuinte, ajudo a pagar o seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém. E eu posso garantir ao senhor, como mulher, que eu jamais aceitaria receber um salário menor que o de um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu. Mas agora eu vou devolver a palavra ao senhor.
Bolsonaro disse em seguida que as publicações do governo, na Globo também ajudam a pagar os salários dos funcionários da Globo, inclusive os dela.
A entrevista também rendeu contestações entre Jair Bolsonaro e William Bonner sobre a Globo apoiar o golpe militar de 1964. Ao ser questionado sobre não considerar a ditadura como um momento de restrição dos direitos, o candidato do PSL indagou os apresentadores do Jornal Nacional, sobre a postura do fundador das Organizações Globo, que em editorial chamou o episódio da história como “revolução” e indagou: “Roberto Marinho é um ditador ou um democrata?”. Na sequência foi interrompido e informado do fim do tempo para se pronunciar.
No início da entrevista, Bolsonaro foi questionado sobre suas contestações e de como pode ser considerado um candidato com ‘novas’ propostas ao contrário da ‘velha’ política, sendo que exerce o cargo de deputado federal há quase 28 anos (sete mandatos), além de ter familiares eleitos com ajuda de seu sobrenome.
Bolsonaro alegou que sua família não está envolvida em escândalos de corrupção, que os eleitores não foram forçados a votar em seus parentes e que tem consciência tranquila de sua trajetória na Câmara. “Se não aprovei muitos projetos, evitei que muitos projetos ruins fossem aprovados.”
Quando Bonner perguntou ao candidato do PSL se ele teria um ‘plano B’ quanto ao Ministério da Economia, Bolsonaro lembrou as promessas de casamento e revelou não ter pensado em um possível cenário de substituição do economista Paulo Guedes, economista já escolhido pelo deputado para a pasta. “Tenho que confiar nele, como ele tem que confiar em mim. Se acontecer, paciência”, disse.
O candidato citou que os dois ele e Bonner foram casados e prometeram viver juntos até o fim de seus dias, que ele continua ao lado de sua mulher e filhos e que as vezes algo acontece no caminho e os dois se separam (referindo se a Fátima Bernardes com quem Bonner foi casado). “Eu confio nele, se acontecer, paciência”.
Em suas palavras finais, Jair Bolsonaro recorreu ao revezamento “entre os dois partidos”, em referência a PT e PSDB e disse que está no momento de os eleitores recorrerem a uma nova alternativa. Ele ainda disse que representa parte do eleitorado formado por famílias e comentou sobre a necessidade de dar diretrizes ao que se aprende nas escolas.
Direto da Redação com informações colhidas durante entrevista do candidato no Jornal Nacional – Rede Globo
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