Alunas dos cursos de saúde da UFMG criaram uma campanha no Facebook para denunciar assédios cometidos por professores e colegas na instituição. Em resposta à ação estudantil, a diretoria da Faculdade de Medicina da UFMG se reúne nesta terça-feira 28/8 com estudantes e diretórios acadêmicos para discutir o assunto.
Este será o segundo encontro nesta semana sobre o tema. Nesta segunda-feira 27/8, uma reunião de emergência foi feita após quase 30 relatos de abusos terem ganho repercussão após postagem no Facebook do Coletivo de Mulheres Alzira Reis. O grupo, que reúne mais de duas mil estudantes dos três cursos de saúde da UFMG (medicina, fonoaudiologia e tecnólogo em radiologia), criou na semana passada uma campanha (#FoiAssedioNaSaudeUFMG) para dar visibilidade ao tema.
Nos comentários com a hashtag, meninas descreveram situações em que foram assediadas por colegas ou por professores da universidade federal mineira.
A UFMG tomou conhecimento da situação a partir da rede social e, por meio de nota, informou que precisa ouvir as denúncias oficialmente para que possa atuar. A instituição explicou que mantém um espaço formal para denúncias sobre a vivência na universidade, conhecido como Escuta Acadêmica.
Medo de denunciar
Luísa de Oliveira Pereira, residente de infectologia do Hospital das Clínicas da UFMG e membro do coletivo, conta que o grupo recebe denúncias de tipos diversos, incluindo abuso moral e estupro. “São casos tão absurdos que ficamos em choque com tudo isso acontecendo ao nosso lado”, afirmou. Segundo ela, as estudantes têm medo de relatar casos de assédio com receio de sofrerem retaliações por parte de professores assediadores e da própria instituição.
Questionada sobre quais ações o coletivo espera da UFMG, Luísa explicou que ainda não se chegou a uma proposta comum, mas um ponto interessante é a possibilidade de denúncia anônima. “Acreditamos que esse assunto tem que ser mais debatido no ambiente acadêmico e as vias de denúncia têm que ser identificadas com maior facilidade pelas alunas e alunos”, relatou.
De acordo com a página do Alzira Reis, o coletivo foi criado pelas alunas da saúde para acolher mulheres que sofreram opressão e ainda avaliar a forma como a saúde feminina é abordada na graduação. Foi também também questionado a UFMG sobre possíveis retaliações de professores em caso de denúncias e aguarda posicionamento.
Por Anderson Rocha /HD/JC
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