Na tentativa de realizar a palavra de Jesus que está no Evangelho de São João, “Que todos sejam um para que o mundo creia” (Jo 17, 20-26), cristãos evangélicos e católicos participam juntos de uma cerimônia de casamento realizada no último sábado em Pouso Alegre.
O Encontro de Cristãos na busca da Unidade e Santidade uniram famílias tradicionais num congressístico de fé numa das mais belas celebrações que tive oportunidade de assistir como convidado e colaborador com o tema “Ele pôs em nossos lábios a palavra da reconciliação” (2 Co 5:19).
Centenas de pessoas, vindas de diversas partes, participaram do evento e representam Igrejas Evangélicas e novas expressões da Igreja Católica. São padres, pastores, bispos, religiosos membros de movimentos religiosos. Todos na busca da unidade cristã que ali estavam presentes puderam assistir um casamento celebrado por um padre franciscano e um pastor da igreja batista. Ele Frei Rogério e Pastor Valdo deram verdadeiro exemplo que é possível unificar o amor em Cristo, quando cada um respeito o espaço do outro e que Deus é único como Pai e como Amor aos seus representantes na Terra.
O que foi perceptível nesta celebração e culto como principal característica é a presença do Espírito Santo que une os cristãos de várias denominações, de várias Igrejas, na busca da unidade e da santidade.
Neste mesmo sentido, o pastor evangélico Valdo da Igreja Batista de Pouso Alegre, considera que o encontro tem uma importância singular por fazer descobrir a vida de Deus entre os cristãos e animá-los na caminhada. “A minha aproximação tem me dado forças para eu caminhar onde estou e ser bem recebido por todos, afinal somos todos filhos do mesmo Pai, independente de sua crença religiosa”
O Frei Rogério Cruzantonio declarou que, “Quando me afasto um pouco do meu normal, da minha caminhada comum, para celebrar uma reunião de amigos eu vejo coisas que não veria. Então ali recebo de Deus algumas direções, algumas abordagens que me ajudam a pensar nos irmãos onde estou, e vejo que todos somos iguais, que precisamos deste amor ao próximo, para cumprir as determinações do Cristo”, ressaltou.
Que seja dissipada do meio dos cristãos a divisão, a desavença, a falta de unidade. O que aprendi com este encontro foi que é possível orarmos juntos e vivermos com harmonia e paz diante da religião que abraçamos. O que vimos foi duas autoridades religiosas celebrando um bonito enlace matrimonial de bênçãos e ensinamentos para uma vida familiar feliz, além de oferecer um espaço maior para nós compreendermos melhor o evangelho proposto por Jesus, isso é fazer acontecer a unidade. Que tudo aquilo que está sendo dito nas pregações seja vivido, que eles levem para as suas comunidades. Por isso a celebração ecumênica abre as suas portas, para que todos sejam um”, em nome de Jesus.
E acredito que a comunhão significa sentar com você e tomarmos um café juntos; orarmos, principalmente orarmos, e permitir que os dons do Espírito Santo fluam entre nós. É necessário que eu saia da minha cidade (Caldas) e vá até a sua; orarmos juntos, buscar de Deus o que Ele tem a nos dizer, e certamente quando estamos juntos, Deus fala”. Acrescenta Frei Rogério.
Foi um sábado de bençãos não só àquele casal que se uniu em matrimônio, mas a todos que ali compareceram e puderam sentir o exemplo que nos foi passado, que devemos respeitar a fé um do outro, com amor e bondade, tal como o Pai Celestial tem respeitado o livre-arbítrio de cada um de seus filhos. Isso é a verdadeira religião que religa seus filhos independentes de seus credos no verdeiro amai vos uns aos outros na máxima produzida pelo Filho de Deus quando esteve entre nós.
OS CAMINHOS ECUMÊNICOS
O caminho ecumênico trilhado juntos nos últimos cinquenta anos – apoiado pela oração comum, pelo culto divino e pelo diálogo ecumênico – levou “à superação de preconceitos, à intensificação da compreensão recíproca” e à assinatura “de acordos teológicos decisivos”.
É o que diz o comunicado conjunto da Federação Luterana Mundial (FLM) e do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização divulgado no último 31 de outubro, data que concluiu o ano de celebrações ecumênicas dos 500 anos da Reforma Protestante. De fato, os eventos tiveram início em 31 de outubro de 2016 com a oração luterano-católica na Catedral de Lund, na Suécia, ocasião em que o papa Francisco e o então presidente da FLM, Bispo Munib A. Younan, assinaram uma Declaração Conjunta, onde se comprometiam a prosseguir juntos o caminho ecumênico rumo à unidade pela qual Cristo rezou (João 17,21).
No texto, é reconhecida a “comum responsabilidade pastoral de responder à sede e à fome espiritual de nosso povo de sermos “um” em Cristo. Desejamos ardentemente que esta ferida no corpo de Cristo seja curada. Este é o objetivo dos nossos esforços ecumênicos, que queremos fazer progredir, também renovando o nosso compromisso pelo diálogo teológico”.
A declaração ressalta, outrossim, que “pela primeira vez, luteranos e católicos viram a Reforma de uma perspectiva ecumênica”, “o que tornou possível uma nova compreensão daqueles eventos do século XVI que os levaram à separação”.
“Se é verdade que o passado não pode ser mudado, é também verdade que o seu impacto atual sobre nós pode ser transformado em modo que se torne um impulso para o crescimento da comunhão e um sinal de esperança para o mundo: a esperança de superar divisões e fragmentações”. O que emergiu mais uma vez com clareza, é “que aquilo que nos une é bem superior ao que nos divide”.
Um passo decisivo no caminho rumo à unidade, foi a assinatura da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação em 1999, gesto repetido pelo Conselho Metodista Mundial em 2006 e pela Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas durante este ano das celebrações dos 500 anos da Reforma.
E no último 31 de outubro de 2017, a mesma Declaração foi acolhida pela Comunhão Anglicana no decorrer de uma Solene cerimônia na Abadia de Westminster.
“Sobre esta base, as nossas comunidades cristãs podem construir sempre mais estreita ligação de consenso espiritual e de testemunho comum a serviço do Evangelho”.
São destacadas no documento, ademais, as inúmeras iniciativas de oração comum e de culto divino entre luteranos e católicos e demais parceiros ecumênicos em várias partes do mundo, assim como os encontros teológicos e as importantes publicações que ofereceram subsídios para este ano de celebrações.
A Declaração concluiu reafirmando o compromisso de avançar neste “caminho comum, guiados pelo Espírito Santo, rumo a uma crescente unidade”, buscando discernir a “interpretação de Igreja, Eucaristia e Ministério, esforçando-se para chegar a um consenso substancial com o objetivo de superar as diferenças que são até hoje são fon de divisão entre católicos, evangélicos, luteranos, anglicanos e outras denominações religiosas.
“A Casa de meu Pai existe em várias moradas, e se assim não fosse, eu vos teria dito” (João 14:16).
Fonte: Direto da Redação
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