O incêndio da Rua de 25 de março, no centro de São Paulo, entre a noite de domingo, 10, e a manhã de segunda-feira, 11 de julho atingiu quatro edifícios e uma igreja tornando-se uma calamidade para comerciantes e sacoleiros. Alguns empresários diante dos prejuízos, com a rua fechada, se sentiram mal, choraram e foram amparados pelos familiares. Outros ficaram apenas olhando, incrédulos, para os prédios enegrecidos pela fumaça. As chamas foram controladas somente pela manhã do dia 11 e em alguns prédios ainda há focos de incêndio de menores proporções. Mais de 35 horas após o incêndio, bombeiros ainda seguem trabalhando para deter o fogo.
No início da manhã desta terça-feira, 12 de julho, cerca de 20 viaturas e 55 brigadistas estão no local. De acordo com informações da corporação, pequenos focos de incêndio estão sendo combatidos e já foi iniciado o rescaldo em vários pavimentos do interior de um edifício.
Carmen, que se identifica apenas pelo primeiro nome, pediu para ir embora após ver o estado em que se encontrava o prédio. A filha, Daniela, levou-a de volta ao carro e achou melhor que ela não desse entrevista. O jornal Estadão tentou contato com Waldir Bertoni, proprietário das Lojas Matsumoto, cuja loja física foi totalmente destruída pelo incêndio, mas ele não quis se pronunciar. Outros comerciantes disseram que “não tinham cabeça para falar” e que “queriam esperar” para calcular os prejuízos. “Estão todos arrasados e preocupados como será a liberação de tudo para tentar voltar ao normal”, diz Claudia Hurias, diretora executiva da União dos Lojistas da 25 de março.
O artesão Fabio Rodrigues, de 40 anos, praticamente não conseguia falar na esquina da Praça Ragueb Chohfi. Ele olhava emocionado para o 2º andar do prédio da Cavalheiro Basílio Jafet, onde tem uma loja de artesanato chamada Fabi Rodrigues há cinco anos. Por causa das restrições de segurança impostas pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil, ele não conseguiu se aproximar do prédio. Embora o andar mostrasse uma fachada completamente escurecida pela fumaça, ele tem esperanças.
Até quem não teve seu negócio diretamente afetado acaba se solidarizando com os vizinhos. É o caso da empresária Marlene Silva, de 48 anos, que possui duas lojas de aviamentos na rua do incêndio e que não foram afetadas. “Estávamos tentando nos reestruturar, renegociando aluguel, por exemplo. A gente sente a dor dos outros como se fosse a nossa. É uma história”, diz. Nesse contexto, a União dos Lojistas cogita pedir que os outros estabelecimentos também fechem mais cedo como forma de solidariedade.
Outra preocupação se refere ao tempo para a liberação das ruas. A recomendação dos bombeiros é para que as lojas permaneçam fechadas e não há previsão de liberação para abertura.
Fábio Domingues se lembra de um incêndio anterior, quatro anos atrás, em que precisou de pelo menos três dias para voltar ao trabalho. “Vou embora e volto depois. Não faz bem ficar olhando para isso e ficar nesse expectativa”, diz Fábio.
Ficou difícil respirar pelas ruas próximas do incêndio na manhã de segunda-feira. A fumaça escura que podia ser vista em vários pontos do centros causava coceira nos olhos e até tosse. Os bombeiros alertam que ela pode ser tóxica. O vendedor autônomo Carlos Augusto Santos, de 62 anos, decidiu voltar a usar a máscara que, originalmente, era para evitar a transmissão da covid-19. “Não é o ideal, mas protege um pouco. Tenho de ficar aqui o dia todo e não vai ser fácil.
A Rua 25 de março está fechada. Por outro lado, o incêndio não afetou a circulação na rua Ladeira Porto Geral, outro importante endereço de compras populares no centro. Na altura do metrô São Bento, da Linha 1 – Azul, o movimento continua normal, com lojas abertas e vendedores nas ruas e calçadas.
De acordo o capitão André Elias, do Corpo de Bombeiros, o fogo está controlado, mas os bombeiros devem trabalhar durante todo o dia para apagar totalmente as chamas. “Não há mais risco de propagação do fogo para outros edifícios ou lojas”, diz ele, que também descartou o risco de desabamento.
Fonte: MSN/OESP/JC – Fotos: Redes Sociais
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