A natividade é descrita no Novo Testamento da Bíblia, mas os evangelhos de Mateus e Lucas dão versões diferentes para o evento. Ambas narrativas dizem que Jesus nasceu de Maria, noiva de José, um carpinteiro. Os evangelhos afirmam que Maria era virgem quando engravidou.
No relato de Lucas, Maria foi visitada por um anjo trazendo a mensagem de que ela daria à luz o filho de Deus. Já a versão de Mateus afirma que José foi visitado por um anjo que o persuadiu a casar com Maria em vez de dispensá-la ou expor a origem de sua gravidez.
Mateus fala também de um grupo de sábios (os reis magos) que seguiram uma estrela até chegar ao local de nascimento de Jesus, para presenteá-lo com ouro, incenso e mirra. Lucas, por sua vez, conta que pastores foram guiados por um anjo até Belém.
A história que nos contaram
Maria em avançado estado de gravidez teria feito uma viagem de mais de 150 km desde Nazaré. O recenseamento trouxe de volta muitos Belemitas inclusive José. O Filho de Deus nasceu num estábulo porque os homens que ele viera salvar lhe fecharam suas portas.
Será que Maria apoiaria a decisão de José de obedecer ao decreto de recenseamento? Afinal, a viagem seria difícil para ela. É provável que fosse o começo do outono e, visto que a estação seca estava terminando, talvez ocorressem chuvas leves. Além disso, a frase‘subiu da Galileia’ é apropriada, porque Belém ficava a uma altitude de mais de 760 metros — uma subida e tanto, e um fim exaustivo de uma viagem de vários dias. Essa subida talvez demorasse mais do que o normal, pois na situação de Maria pode ser que ela precisasse parar várias vezes para descansar. É nesse estágio da gravidez que a mulher mais deseja ficar perto de casa, onde a família e os amigos estão prontos para ajudar quando começam as dores de parto. Sem dúvida, Maria precisava de coragem para fazer essa viagem.
O Evangelho relata isto? Maria chegou a Belém prestes a dar a luz? O casal andara de casa em casa em busca de alojamento? Em nenhum lugar do texto sagrado se confirma estas afirmações. Que imprudente este José!
Naquela época a mulher não era obrigada a se apresentar ao censo, bastava a presença do chefe da família como José pudera ser tão imprudente? José era de Belém e voltava a sua cidade natal: Como não teria casa para alojar-se se para os orientais a hospitalidade era um dever sagrado?
A mulher, entre os judeus, era não mais que um objeto pertencente ao marido, como seus servidores, suas edificações e demais posses legais. Ela devia ao esposo total lealdade, mas, por princípio, era considerada como naturalmente infiel, desvirtuada e falsa. Por esta razão, sua palavra diante de um juiz não tinha praticamente valor algum.
Tudo por causa de uma palavra
A palavra Katályma na maioria das bíblias é traduzida por hospedaria, albergue, pousada. Mas no grego bíblico tem outro significado. As casas judias não tinham vários cômodos. Havia tão somente um cômodo central onde havia de tudo. Mas ao lado da sala principal as casas tinham algum compartimento menor reservado.
O aposento das parturientes
Em Levítico 12 encontramos: “Disse o Senhor a Moisés: 2 “Diga aos israelitas: Quando uma mulher engravidar e der à luz um menino, estará impura por sete dias, assim como está impura durante o seu período menstrual. 3 No oitavo dia o menino terá que ser circuncidado. 4 Então a mulher aguardará trinta e três dias para ser purificada do seu sangramento. Não poderá tocar em nenhuma coisa sagrada e não poderá ir ao santuário, até que se completem os dias da sua purificação. 5 Se der à luz uma menina, estará impura por duas semanas, como durante o seu período menstrual. Nesse caso aguardará sessenta e seis dias para ser purificada do seu sangramento.
Para os judeus quando uma mulher dava a luz ficava impura durante quarenta ou oitenta dias. Também as coisas que ela tocava se tornavam impuras e se alguém a tocasse ou entrasse em contato com alguma coisa usada por ela, caia automaticamente na impureza. (Lev. 15, 19-24)
Razão suficiente porque uma pessoa impura permanecia isolada na katályma. Outro detalhe interessante é que o pai, pelos costumes da época, não participava do parto. Este era um trabalho em que só as mulheres tomavam parte. O homem ficava do lado de fora e só podia entrar em casa depois que fosse autorizado pelas mulheres.
O recém-nascido tinha o seu umbigo imediatamente cortado e lavado. A seguir, a própria criança era lavada com água e delicadamente esfregada com sal e óleo. Após esse procedimento, o bebê era envolto em faixas, geralmente de linho. As faixas eram tiras de aproximadamente dez centímetros de largura e enrolavam todo o corpo da criança, incluindo braços e pernas. Só a cabeça ficava parcialmente de fora.
Assim tudo fica mais claro
Quando Lucas fala que não havia mais lugar no Katályma, não está falando da hospedaria. Trata-se do vocábulo grego kata,luma (Katályma), que a maioria das Bíblias traduz por hospedaria, pousada, albergue. Ao traduzir desse modo esta palavra, a frase do Evangelho diz que “não havia para eles lugar na hospedaria”. Porém no grego bíblico esta palavra tem também – e primariamente – outro significado, que é o de aposento, quarto, peça de uma casa, ou seja, uma parte especial da casa, mais bem separada, ou reservada.
Com uma mulher prestes a dar a luz, José era de Belém e temporariamente residia na Galiléia (Lc 2,4) Se, levou Maria consigo é porque pensava em mudar-se definitivamente para lá, pois lá tinha parentes, bens e posse. Mateus confirma isto dizendo que José ao voltar do Egito tempos depois procurou se instalar em Belém, mas por medo do governador Arquelau, então resolveu ir para a Nazaré. (Mt. 2,22). A viagem até Belém durou aproximadamente 10 dias e Maria chegou lá antes do parto.
Na gruta mais intimidade
A família de José teria alojado parentes e amigos em sua casa por ocasião do recenseamento. Maria percebe que não haverá um lugar discreto para dar a luz. . Com certeza até o cômodo reservado (Katályma) estava cheio por isto sem ofender (tornar impuro) ninguém, José e Maria decidem se retirar da casa;
Não havia lugar “para eles” ….Mas só para eles…e na katályma. Uma outra informação importante é a da arqueóloga Emily Cavins, ela cita que os “estábulos da época do nascimento de Cristo” eram basicamente cavernas feitas na pedra.
Uma parábola confirma isto
Quando Jesus celebra a ceia com seus discípulos, pede ao discípulos para perguntarem ao dono da casa onde é a sala (Katályma) em que comerei a Páscoa? Jesus não comeu a páscoa em uma hospedaria pelo que se contam nos textos sagrados.
Na parábola do Bom Samaritano o Samaritano deixa a vítima de assalto em uma pandojéion (aqui no caso sim; hospedaria, albergue…) e não em uma Katályma. Quando se menciona a chegada dos magos, diz, que a estrela os conduziu até uma casa (Mt 2, 11) “entraram em casa” e não em uma gruta qualquer que estava incorporada à moradia como recinto estável como provou depois a arqueologia. Um José como Deus manda Ficou com fama de marido e pai imprudente….(Vejam as encenações de natal)
O ensinamento que ficou
Jesus tinha um lugar onde nascer….Mas outros precisaram dele….E José e Maria resolveram deixar o lugar para os outros. Dizem os psicólogos que as experiências pré-natais influenciam de forma decisiva na vida dos filhos. E influenciou mesmo neste caso. Jesus não nasceu pobre porque as circunstâncias o exigiam, mas da livre decisão de José e em concordância com Maria.
Jesus viveu pobre e jamais exigiu coisa alguma para si (O filho do homem não tem onde reclinar a cabeça Mt. 8,20) Não quis ocupar algo que pudesse fazer falta aos outros. Do começo até o fim seu pai havia ensinado isso a ele.
Direto da Redação – Produção: Ramon Gonzales
Editor: Vinícius Domingos
Diretor Geral: Frei José Neilo Machado
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