O mundo repercutiu a falta de consideração dos tetra e dos pentacampeões mundiais. Aposentados, milionários, que não foram ao velório do maior jogador de todos os tempos. Kaká deu uma longa e vazia resposta. Sem dizer por que não foi. Vexame histórico registrados nos anais da história do futebol brasileiro.
Não dá para entender o comportamento dos jogadores brasileiros ao se ausentarem do velório do Rei Pele, estranha coincidência que não uniu os pentacampeões, que não foram à Vila Belmiro dar adeus ao maior personagem do futebol mundial e que nasceu no Brasil e fez história e que mudou a vida de cada um deles com a Lei Pelé.
Dos 23 jogadores convocados por Felipão, e mais o então capitão Emerson, cortado às vésperas do Mundial, nenhum apareceu. Nada de Cafu, Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos. Nem Scolari.
De 1994, dos 22 convocados, apenas Mauro Silva, que também é vice-presidente da FPF, esteve no velório. Nada de Romário, Bebeto, Dunga. Parreira também não foi. Nenhum deles joga mais futebol. Rogério Ceni trabalha no São Paulo. Dida é preparador de goleiros no Milan.
Além da coincidência de os campeões de 1994 e 2002 não terem ido à Vila Belmiro, vários deles se comunicam em grupos de WhatsApp. Ou seja, saberiam quem iria e quem não iria dar adeus a Pelé. Também, por coincidência, lógico, Pelé criticou a seleção de 1994 e a de 2002 antes dos Mundiais. Apostando na Colômbia, nos Estados Unidos, e na França, no Japão.
O fato de ninguém aparecer levou muitos dos 1.200 jornalistas credenciados para o velório a pensarem que seria retaliação pelas críticas. Mas deve ter sido “apenas coincidência”, e muitos repórteres de 31 países, que estavam em Santos para cobrir o velório e ouvir os ídolos brasileiros, “imaginaram coisas” e tudo ficou muito constrangedor para o Brasil e para o mundo todo que fez de Pelé o maior ídolo do futebol de todos os tempos.
Estudiosos de redes sociais garantem que a média para uma postagem — por exemplo, no Instagram — é de quatro minutos. Para escolher a foto e escrever uma mensagem “emocionada”. Foi o que optou por fazer a maioria desses 45 jogadores. Lembrando que vários deles têm assessores de imprensa, que poderiam gastar esses preciosos quatro minutos e postar nas redes de seus patrões.
O outro lado da moeda
A família de Pelé foi digna, elegante, não se queixou de quem não teve disposição de dar adeus ao homem que revolucionou a história deste país. E que libertou os jogadores, quando foi ministro extraordinário dos Esportes, no governo de Fernando Henrique Cardoso, ao acabar, de vez, com a lei do passe.
O filho Edinho e a filha Kelly agradeceram pela presença do pai de Neymar. Nem uma palavra aos que não foram. Mas jornalistas de Santos, próximos a parentes de Pelé, garantiram ao blog. A família de Pelé, por enquanto, tem mantido essa postura pública. Não tem cobrado a posição absurda dos tetra e pentacampeões mundiais que se calaram e se ausentaram de um momento tão triste na história do futebol. Há muita tristeza, mágoa, pelas ausências. Por tudo o que Pelé significava.
Mas a opinião pública jamais esquecerá tanto desprezo. A aposta de muitos atletas está na amnésia da imprensa. Isso não acontecerá. Aqui, a longa, e vazia, resposta de Kaká. Que não respondeu à pergunta mais simples. Por que você não foi ao velório de Pelé? Ou aos demais, porque não foram?
A verdade é que Jornalistas de 31 países que cobriram o velório do maior jogador de futebol da história do futebol citaram a ausência, o desprezo dos grandes ídolos ao adeus a Pelé. Quase todos silenciaram diante da cobrança e isso repercutiu no mundo inteiro, se os brasileiros não entenderam tamanho desprezo, imagina o que o mundo não deve ter comentado?
São Paulo, Brasil
“Nós, brasileiros, às vezes não reconhecemos nossos talentos. Se vocês (estrangeiros) virem o Ronaldo Fenômeno andando por aqui, vão pensar ‘uau’, porque ele tem algo diferente. No Brasil, é só um mais um gordo andando pela rua.”
(Kaká, na Copa do Mundo do Catar, ausente no velório de Pelé)
“Fui no velório desses dois aqui, meus pais, os Reis dessa terra pra mim, ninguém aqui das redes foi, fui pra chorar, orar e sofrer por saber que nunca mais iria vê-los, não pedi homenagem de ninguém, não julguei ninguém, não dei entrevista, e pra mim não foi um show, até entendo vcs me cobrarem pelo o que representa o Pelé, que será eterno, mas ao Edson hoje, só posso fazer uma oração! Descanse em paz!! Meus sentimentos a família!”
(Marcos, goleiro pentacampeão, justificando ausência no velório de Pelé)
“Eu falo por mim, que mesmo se eu estivesse no Brasil não tenho certeza se iria ao velório mesmo sabendo que o Pelé foi o melhor de todos os tempos.
“Não gosto de fazer homenagem nesta hora, não sou contra quem quer fazer. Eu conheci o Pelé, tive várias vezes com ele e tive a oportunidade de honrar e homenagear ele em vida. Mostrei meu carinho e admiração por ele em cada momento e ele sempre agradeceu por isso.”
(Rivaldo, dando sua razão por não ir ao velório de Pelé.)
Neymar foi marcado no Instagram da irmã de Marquinhos, companheiro do PSG. No vídeo fica claro que o atual camisa 10 da seleção estava cantando e dançando enquanto Pelé era velado na Vila Belmiro.
De acordo com nova versão da imprensa francesa, o PSG não teria proibido o jogador brasileiro de ir ao velório, já que estava suspenso. Só que ele deveria vir em um dos seus dois jatos particulares e voltar imediatamente. Nada de passar o Réveillon no Brasil.
Ronaldo Fenômeno postou uma foto da comemoração do aniversário de 102 anos do Cruzeiro. Romário postou uma foto com sua neta, Maria Eduarda.
Dunga publicou uma frase de autoajuda.
“Não olhe muito para trás e não olhe muito para a frente. Viva o presente. Feliz Ano Novo.”
Os demais tetracampeões e pentacampeões e os jogadores que fracassaram com a camisa do Brasil nas Copas de 2006, 2010, 2014, 2018 e 2022, que não foram ao velório, ao enterro de Pelé, se calaram. Alguns se limitaram a fotos com o melhor jogador de todos os tempos.
A postura dos jogadores confirmou a mágoa que ficou nos atletas que defenderam a seleção. Talvez até hoje não aceitaram as críticas que Pelé fez. Principalmente antes das Copas de 1994 e 2002, que o Brasil acabou vencendo. Foi uma estranha coincidência todos os atletas tetracampeões e pentacampeões não aparecerem. Eles mantêm grupos de WhatsApp e conversam regularmente e não coube a ninguém qualquer manifestação neste sentido.
Os únicos jogadores campeões mundiais foram Mauro Silva, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol. E Clodoaldo, companheiro de Pelé, na década de 70. A repercussão do desprezo dos campeões mundiais ao velório e enterro de Pelé ganhou espaço na mídia internacional. Foram 1.156 jornalistas credenciados para o velório. De 31 países.
O estranhamento com a ausência dos últimos campeões mundiais foi enorme. A família de Pelé ainda não se manifestou e talvez nem se manifeste. Mas a decepção foi enorme, garantem jornalistas santistas brasileiros e o mundo todo. No fundo, Kaká se mostrou um grande analista da alma dos brasileiros. “Não reconhecemos nossos talentos”, disse ele. O desprezo dos tetracampeões e pentacampeões mundiais a Pelé é a confirmação. A começar por ele mesmo…
Eterno para os torcedores e fãs de futebol, Pelé se despediu, na terça-feira, 3 de janeiro de 2023, na cidade onde encantou o mundo. Após o velório, que durou um dia inteiro na Vila Belmiro, o corpo do Rei do Futebol passou em cortejo pelas ruas de Santos, até a casa de dona Celeste, mãe de Pelé. Os súditos não se importaram com o calor de mais de 30ºC na cidade e, sem conter a emoção, acompanharam todo o trajeto onde a emoção tomou conta de um Brasil dividido politicamente, mas confiante na justiça de Deus.
A imprensa mundial pode não ter entendido a ausência dos tetracampeões e pentacampeões mundiais no velório e enterro de Pelé. Motivo fútil. A justificativa seria uma mágoa pelas críticas que Pelé fez antes das Copas dos EUA e do Japão, mas o que Pelé representava para o mundo, tal justificativa cai por terra abaixo e talvez fique sepultado junto ao rei.
A Vida de um Rei
Como tudo na vida de Pelé, até o fim da sua vida não teve segredo. Há um mês sua saúde entrou na fase final do declínio. Divulgado para todo o mundo. O câncer no cólon havia se espalhado por outros órgãos. A quimioterapia já não funcionava. A agonia do Rei chegou ao Catar, onde a Copa era disputada. Assim como ao mundo todo. Até que, no dia 29 de dezembro, quando ele morreu.
Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos e na Europa, o corpo de Edson Arantes do Nascimento foi embalsamado. Ou seja, ele poderia ter sido exposto por mais tempo, para que o jogador recebesse todas as homenagens que merecia. Mas no Brasil há outras prioridades, a posse do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, e a família optou em adiar o enterro, assim foi dito a imprensa para divulgação.
Pelé chegou ao velório, como previsto, às 10:00 da manhã do dia 2 de janeiro com Lula já devidamente empossado. E foi assim até, às 10 horas, dia 3 de janeiro. Desfilou em carro aberto por Santos, passou em frente à casa de sua mãe, dona Celeste, com seus 100 anos de idade.
Até que chegou ao cemitério vertical, onde escolheu descansar. Seu túmulo será no 1º andar, cercado em um justo memorial. A história do melhor jogador de todos os tempos foi encerrada. Houve espaço de sobra para que quem quisesse se despedir fosse até a Vila Belmiro.
Como o presidente da Fifa, Gianni Infantino… Mas abriu espaço para uma pergunta que não se pode calar. Por que os jogadores importantes deste país não estiveram presentes na última despedida, a demostração de respeito, de gratidão a tudo o que Pelé fez dentro e fora de campo por eles?
Dentro de campo já foi explorado até a exaustão. Jogador fundamental para o Brasil vencer a primeira Copa, acabando com o complexo de vira-latas do futebol deste país, que só perdia Mundiais, desde 1930. Até o que promoveu em casa, em 1950, foi motivo de frustração, com a derrota na final para o Uruguai.
Tudo mudou de vez em 1958, graças a um garoto de 17 anos e oito meses. Depois, em 1962, o Brasil já era encarado com muito respeito. E, com Pelé machucado, Garrincha assumiu o protagonismo. Depois, em 1970, a conquista definitiva da Jules Rimet, no México.
1.283 gols, dois Mundiais, duas Libertadores, dez Paulistas, campeão norte-americano pelo Cosmos. Todos os dados decorados. Pelé fez com que os jogadores nascidos neste país passassem a ser muito mais valorizados, o que já é um feito gigantesco.
Mas fora de campo ele foi fundamental, em 1998, ao assumir o Ministério Extraordinário dos Esportes, nomeado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. FHC precisava de alguém com a envergadura de Pelé para enfrentar os dirigentes dos clubes e mudar a legislação esportiva, acabar com a Lei do Passe, que prendia os atletas às equipes.
“Vou acabar com a escravidão”, prometeu, em Brasília, em uma entrevista, histórica. E assim foi.
Os jogadores que desfrutam a possibilidade de enriquecer na Europa ou em qualquer lugar do mundo, ou até mesmo no Brasil, devem a Pelé não serem “escravos” de clube algum. E poderem ser transferidos para onde quiserem.
Explicado tudo isso, agora, a parte mais importante fica pergunta: porque esses atletas do futebol não apareceram no velório?
Os jogadores atuais da seleção brasileira, que decepcionaram no Catar, têm a desculpa de que estão disputando campeonatos europeus. Se bem que poderiam tomar um voo logo após suas partidas, vir na segunda-feira, dar adeus a Pelé e ir embora na madrugada do mesmo dia.
Era uma questão de entender a obrigação histórica que tinham em relação a Pelé. Mas assessores, agentes e pessoas que vivem à custa de seus talentos e dos próprios interesses não quiseram e nem sabemos se um dia irão se explicar. Enquanto isso, pensarão num boa desculpa…
E termino esse questionamento plagiando algumas palavras que ouvimos no decorrer de anos e anos;
“Os jogadores não estavam com a grandeza suficiente para entender o que significa esse homem que está no centro de campo. “Um homem querido, adorado, reverenciado, reconhecido no mundo inteiro. E Deus quis que ele nascesse no Brasil, nascesse em Três Corações, em Minas Gerais. E que subisse ao máximo da glória com as camisas do Santos e da seleção brasileira. “Aí está Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, o maior jogador de todos os tempos. E que bonito seria ver cada um dos jogadores da seleção brasileira indo se despedir do Rei Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos”.
“Esse momento faltou no futebol brasileiro. Para espanto, meu, seu e de centenas de jornalistas do exterior que vieram cobrir o velório. De todo povo brasileiro. Mas os grandes jogadores do Brasil decidiram assim. Virar as costas ao melhor de todos. A quem abriu os caminhos para que ficassem milionários. Tinham “outros compromissos”. A vida é assim constituída. Desprezo constrangedor.
Mas é apenas a realidade…
Direto da Redação com informações de várias noticias e fotos das Redes Sociais
DEIXE SEU COMENTÁRIO | Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site.