No início da noite de sexta-feira, 27/7, o mundo verá o mais longo eclipse lunar do século, quando a sombra da Terra permanecerá sobre toda a Lua por 1 hora e 42 minutos. No leste do Brasil, especialmente ao longo do litoral, será possível observar o eclipse total no início da noite. Na parte oeste do País o fenômeno será visto como parcial.
De acordo com Paulo Bretones, professor do Departamento de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o eclipse ainda não estará visível para os brasileiros quando a lua começar a “mergulhar” na sombra da Terra, às 15h24, horário de Brasília. Às 16h30, ainda abaixo do horizonte, a Lua já estará completamente eclipsada.
O eclipse ocorrerá entre 15h24 e 19h19, mas sua fase total – quando a Lua estiver totalmente coberta pela sombra da Terra – irá das 16h30 às 18h13. Como comparação, o eclipse lunar que aconteceu em julho de 2015 teve uma duração de apenas 12 minutos, de acordo com o Observatório Nacional.
“No Brasil, para observadores em São Paulo, para considerarmos uma média, a Lua já irá nascer eclipsada, às 17h40, e o pôr do Sol ocorrerá às 17h42min. Devido ao horário deste evento, a Lua eclipsada não terá tanto contraste com o fundo do céu por conta da claridade do crepúsculo. Assim, não veremos a Lua cheia nascer bem brilhante como de costume, porque ela estará dentro da sombra da Terra”, disse Bretones à reportagem.
Segundo Bretones, a Terra projeta no espaço uma sombra em forma de cone – e os eclipses lunares ocorrem quando a Lua penetra nesse cone de sombra. Ele afirma que isso só pode acontecer na fase de Lua cheia.
“Imagine que o Sol está no centro de uma mesa, com a Terra girando em torno dele nesse mesmo plano. A Lua também está girando em torno da Terra, mas o plano de sua órbita é inclinado um pouco mais de 5 graus em relação à face da mesa. Embora a Terra projete sempre a sua sombra não a percebemos porque geralmente a Lua passa acima ou abaixo dela. Assim, quando a Lua cruza o plano da órbita da Terra e, além disso, o Sol, a Lua e a Terra ficam alinhados, ocorre um eclipse lunar”, explicou.
De acordo com ele, ao passar entre o Sol e a Lua, a Terra produz a umbra – uma região escura sobre o disco lunar – e a penumbra, que é uma região cinzenta. Só quando a Lua está completamente mergulhada na umbra considera-se que há um eclipse total em curso. “É a umbra que dá o efeito de beleza ao fenômeno, pois a penumbra na maioria das vezes é imperceptível.”
Bretones afirma que, apesar da longa duração, será um desafio observar a Lua nascendo totalmente eclipsada, enquanto o Sol se põe do outro lado do horizonte. “Às 18h13, quando a Lua começará a sair da umbra, estará a cerca de 5 graus de altura sobre o horizonte, até que às 19h19 sairá por completo e estará novamente toda iluminada pelo Sol, quando estará a cerca de 20 graus do horizonte”, disse.
Lua de sangue
O professor explica que quando estiver totalmente imersa na umbra, a Lua não ficará invisível, mas possivelmente ganhará uma cor de cobre, avermelhada – que deu ao fenômeno do eclipse total o apelido de “Lua de sangue”. Isso ocorre porque, embora a sombra da Terra não deixe que os raios de Sol cheguem diretamente à Lua, ela é atingida por raios que passam pela atmosfera terrestre.
“Os componentes da luz branca, que produzem as cores vermelha e laranja, espalham-se pelo ar, cobrindo o céu com as cores do Sol no alvorecer e no crepúsculo. A refração transforma essas cores em sombra, por isso a Lua fica avermelhada.”
De acordo com o Observatório Nacional, o próximo eclipse lunar ocorrerá na noite de 20 para 21 de janeiro de 2019. Ao contrário do eclipse da próxima sexta-feira 27/7, ele poderá ser visto como total em todo o Brasil, do início ao fim.
Fonte: HD/JC
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