O empresário Hudson dos Reis Carvalho Pinto é proprietário da empresa HR Indústria e Comércio de Eletrônicos Ltda. (Montec), instalada desde 2013 no presídio de Itajubá. Isto mesmo. Seus colaboradores são 59 detentos que trabalham na montagem de equipamentos elétricos – extensão, filtro de linha e prolongador – divididos em três turnos. No início, a unidade fabril se reduzia a uma sala apertada de 40 metros quadrados. Hoje, linha de produção e almoxarifado ocupam uma área construída de mil metros quadrados, “feitos com recursos próprios”, faz questão de ressaltar.
É devido a esta iniciativa de reinserção social que o empresário recebeu neste dia 26/4 no Palácio do Planalto o Selo Nacional de Responsabilidade Social pelo Trabalho no Sistema Prisional – Ciclo 2017/2018. A empresa de Hudson faz parte de uma seleta lista que contempla trinta e uma empresas de Minas Gerais agraciadas com o Selo, entre as cento e treze empresas brasileiras.
Diz o texto do certificado: “Reconhecemos que sua entidade ajuda a mudar paradigmas, superar preconceitos, criar oportunidades para a absorção de mão de obra de pessoas privadas de liberdade, cumpridores de penas alternativas à prisão e egressos do sistema prisional”. Assinam o documento o Ministro Extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann e o diretor geral do Depen – Departamento Penitenciário Nacional, Carlos Felipe A. Fernandes de Carvalho.
Para Hudson, a notícia sobre a premiação – recebida por e-mail – foi uma agradável surpresa. “Sinto-me orgulhoso pelo reconhecimento em nível nacional. Isto fortalece minha convicção que estou no caminho certo. Estou dando minha contribuição à sociedade para humanização do sistema carcerário, além de alavancar a credibilidade e os negócios de minha empresa. O trabalho é uma ferramenta importante para dar dignidade ao reeducando”, fala, emocionado.
Sobre a forma de gestão da empresa em um ambiente prisional, ele detalha: “Lá, o detento é nosso colaborador com o mesmo tratamento de uma empresa convencional: usa uniforme, cumpre metas e recebe benefícios como kits de higiene pessoal. O salário do colaborador é instituído pelo Estado e representa 3/4 do salário mínimo”.
A conquista do Selo foi recebida com alegria pelos gestores do presídio. O diretor de Atendimento e Ressocialização, Leandro Rodrigues Palma, relata que lá os índices de ressocialização e reinserção do indivíduo privado de liberdade são excelentes. Dos quase seiscentos presos, cento e cinquenta estão trabalhando. “A maior empregabilidade é na empresa Montec, uma empresa fantástica, nossa parceira há cinco anos. A conquista do Selo Resgata é o reconhecimento do nosso trabalho. É muito gratificante saber que os produtos feitos nesta unidade prisional são de excelente qualidade e estão sendo comercializados em várias partes do País”, comenta.
Representando os colaboradores da Montec, o detento F.H.L., 23 anos, que atua no setor de embalagem. Ele conta que daqui a um ano ganhará a liberdade e enumera os benefícios recebidos por estar trabalhando na empresa: “Aprendi uma profissão, o salário ajuda a manter minha família – esposa e dois filhos e a cada três dias trabalhado, desconta um na pena e também já desfruto das saidinhas temporárias”.
Durante entrevista, o empresário recebeu um comunicado. Será também homenageado pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, por indicação do deputado Dalmo Ribeiro Silva em 12 de junho de 2018. Mais emoção.
ORGULHO FAI
Quando Hudson iniciou Administração na FAI aos 27 anos, já era proprietário da Montec, que deu seus primeiros passos no presídio de Santa Rita do Sapucaí – dos 80 oitenta detentos, ele empregava dez deles.
Diante das possibilidades que a Faculdade oferecia para alavancar sua carreira profissional, ele decidiu incubar uma nova empresa na Intef – Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da FAI para dar suporte à sua empresa lá fora. E assim nascia a CP Telecom, empresa já graduada, em atividade hoje.
Sua relação com a Faculdade é afetiva e de reconhecimento. Veja seu depoimento: “Tenho orgulho em falar da FAI. Sou empreendedor há algum tempo, mas foi com os conhecimentos que aprendi na FAI que fez com que meu empreendimento alavancasse. Eu comento que antes da FAI, eu brincava de empreender, hoje eu empreendo com profissionalismo.
Eu simplesmente não passei pela FAI, eu fiz uma Faculdade, aproveitei detalhe por detalhe. Conciliava o que aprendia na sala de aula e aplicava na minha indústria. Um fato que gostaria de registrar e que foi muito importante para mim, foi no dia da inauguração da minha empresa no presídio de Itajubá e na primeira fila estava o diretor da FAI, professor José Cláudio Pereira, me prestigiando. Isto não tem preço. A FAI não somente forma profissionais, mas acompanha a sua história e torce pelo seu sucesso.”
Fonte: Ascom/FAI/JC
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