Ele veio de uma terra distante, sua Pátria Mãe a Itália, onde deixou pais, irmãos parentes e amigos. Adotou Pouso Alegre como sua segunda Pátria e a ela dedicou toda sua vida com muito amor. Me lembro quando chegou em nossa cidade, ainda muito jovem, dificuldades com nossa língua, começou a dar aulas de geografia e, neste ano foi meu professor. Aí surgiu não só um relacionamento de mestre e aluno, mas algo mais profundo, uma amizade, o que ele saberia fazer e cativar.
Assim convivi com ele, como aluno, durante oito anos e depois como professor, quase vinte anos. Foram anos felizes. Fizemos faculdade em Varginha e foram quatro anos de ir e vir juntos no mesmo carro. Saíamos sexta feira à tarde e voltávamos no sábado. Ficávamos hospedados no Colégio São Luiz da Congregação Pavoniana em Elói Mendes. Éramos em quatro: Pe. Remo, Pe. José Manoel, Ir. Dino e eu. Ríamos muito durante a viagem. Muito alegre e espirituoso, sempre passava algo positivo.
Depois foi transferido para São Leopoldo no Rio Grande do Sul para o Colégio da Congregação. Com votos de obediência partiu para bem distante de Pouso Alegre. Foi, mas seu coração ficou. Mas, não tardou, retornou, trazendo na mala muitos amigos o que para ele não era difícil fazê-los.
Quantas histórias temos sobre este grande mestre e fervoroso religioso vocacionado e fiel aos princípios da congregação, de acolher jovens e dedicar a eles atenção, carinho e amor. Com os professores foi um conselheiro, dedicado e atencioso. Não esquecia do aniversário de nenhum de nós e sempre era o primeiro a nos dar os parabéns. Durante as férias, não deixava de ligar, perguntando como estávamos e se tudo estava bem.
Eis que deixo o Colégio para dedicar-me as atividades empresarial. Mas nunca nos distanciamos. Falávamos ou trocamos mensagens quase que diariamente. Mas eis que um dia me fala que não estava bem de saúde. Mas que tudo estava bem. Visitas poucas, porém mensagens muitas.
De repente as respostas às mensagem enviadas cessaram. Preocupado procurei saber e a notícia pior veio… Pouco podia ser feito. Mas não desanimou, sua fé o sustentou, suas forças foram enfraquecendo e de repente a notícia que nunca queria receber: Ir. Dino volta para casa do PAI.
Que tristeza profunda, parece que até o ar me faltou. As lágrimas rolaram e meu coração acelerou e, de repente, veio em minha memória sua imagem, cabelos brancos, sorriso discreto, olhar sereno e sua fala ecoou em meus ouvidos.
Desolado, fico relembrando, quanto bem este servo de Deus fez de bom em minha vida e de tantas outras. Ir. Dino deixa um rastro luminoso de boas ações e exemplos, que jamais serão apagados ou esquecidos por todos aqueles que conviveram com ele e que o amavam.
Que Deus o receba em sua glória porque seu lugar já está reservado. Só me resta dizer, meu amigo: até breve e minha eterna gratidão por ter sido seu amigo. Meus pêsames a toda Comunidade Pavoniana, aos docentes e discentes do Colégio São José.
Enéas Chiarini
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