Ao longo dos anos, mais de 20, escrevi sobre o aumento do número de vocações religiosas de acordo com o último Censo realizado anualmente pelo Centro de Estatística e Investigações Sociais (Ceris), divulgado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A partir dele, um leitor do Jornal da Cidade enviou-me um e-mail pedindo mais informações sobre como ser um homem do clero em sua condição de casado, o que me levou a, agora, aprofundar esta questão, já que tantos não conhecem essa realidade na Fraternidade Católica Reformada dos Filhos de Assis, que qual pertenço e que no último sábado, 30 de novembro, me fez Diácono.
Então, o assunto em pauta é sobre os diáconos e sua vocação religiosa. No meu caso, muitos questionam o fato de eu ser um homem casado e pai de vários filhos e posso lhes afirmar que faço parte da hierarquia da Igreja, deixando, consequentemente, minha condição de leigo, para me tornar em breve padre desta Fraternidade que me acolheu com carinho e dedicação pelas mãos do Arcebispo Guardião Geral da ordem Dom Sebastião Costa de Lima. Nesta função já recebi ordens para batizar e realizar casamentos, além de tantas outras funções. Que já posso desempenhar.
Para os que desejam se alistar na Fraternidade é preciso entender que existe um longo caminho. Começam a ser membros do clero no momento da ordenação e estão dotados para o serviço.
Alguns talvez pensem que isto é recente na Fraternidade Católica, afinal, acham que somente os celibatários fazem parte da hierarquia; contudo, não é uma novidade. Temos exemplos antigos já nas Sagradas Escrituras, no início do cristianismo. O que aconteceu foi uma restauração e renovação deste ministério no século passado, aumentando, assim, o número de membros desta Ordem. Segundo a Comissão Nacional dos Diáconos da CNBB, existem cerca de 2.000 diáconos no Brasil, além de 1.400 candidatos em formação. Embora a Fraternidade Católica Reformada dos Filhos da Assis seja uma entidade independente da Igreja Romana ela está amparada legalmente e sua Curia fica em Palmas Tocantins.
E o que fazer para ser diácono e padre? Há algumas exigências, conforme as normas da Fraternidade, como: a formação deve durar pelo menos três anos, no mínimo 1.000 horas; o candidato deve ser solteiro ou estar casado no mínimo há 5 anos; os casados ter idade mínima de 35 anos e ter vida matrimonial e eclesial exemplares. Precisa-se, também, da autorização verbal da esposa no momento da ordenação e por escrito, arquivada no processo; caso esta não a faça, é impossível acontecer a ordenação.
Além destas, a diocese têm normas específicas, e o espaço torna-se pequeno para expô-las, mas todos são bem vindos independentes de sexo e idade. Para quem se interessou sobre a questão, finalizo colocando o fato de que a ordenação imprime caráter, fazendo, assim, do eleito diácono por toda a eternidade um futuro padre, não mais podendo deixar de sê-lo, mesmo que por algum motivo não possa exercer seu santo serviço. É um passo definitivo na vida que abracei por vocação, mesmo sendo jornalista e amar profundamente minha profissão no campo da comunicação.
Depois de pertencer como missionário católico da Unção Catequista de Espiritualistas Solidários por mais de 30 anos, e manter um grupo fiel com mais de 120 famílias, Deus me presenteou com a oportunidade de conhecer Dom Sebastião Costa de Lima que não mediu esforços nem distância, para me conceder esta graça da qual sempre sonhei compartilhar. Aos 64 anos isso só pode ser presente de Deus.
Na mesma ocasião, junto ao amigo Antônio Vasconcelos Silva, nos tornamos frades, diáconos e, no dia 02 de fevereiro, com a graça de Deus, receberemos o presbiterato. Um sonho que se torna realidade. Obrigado a todos que comigo compartilharam no dia 30 de novembro está dadiva magnífica. Obrigado Dom Sebastião Costa de Lima e todos amigos e parentes pelas orações e santas intenções.
Por Frei José Neilo Machado
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