A Operação Lava-Jato chegou ao cinema. E desta vez não se trata de uma trama de ficção, mas de um alvo real: o filme “Lula, o Filho do Brasil”, financiado pelas empreiteiras envolvidas no maior esquema de corrupção da história do Brasil. Já foram chamados para prestar depoimento o empreiteiro Marcelo Odebrecht e o ex-ministro Antonio Palocci (da Casa Civil e Fazenda, durante os governos de Lula e Dilma Rousseff).
O filme conta a história de Lula como uma jornada de herói, desde a infância dramática no sertão de Pernambuco, sua chegada a São Paulo no pau de arara, as dificuldades que enfrentou ao lado da família, o trabalho na indústria metalúrgica que lhe custou um dedo, as históricas campanhas grevistas dos anos 1970 que marcaram o ABC paulista e a ascensão ao topo do sindicato que impulsionou sua trajetória política para chegar a presidente da República Federativa do Brasil.
A cinebiografia do petista estreou em janeiro de 2010 e custou cerca de R$ 12 milhões. O filme que conta a história do ex-presidente desde a sua infância no sertão de Pernambuco foi exibido em todos os cinemas brasileiros e mais de 18 países. De sua ascensão como sindicalista ao topo do mundo que o consagrou e impulsionou sua trajetória política internacionalmente reconhecido. O financiamento do filme “Lula, o filho do Brasil” agora está sendo assistido e comentado pela operação Lava-Jato.
Em dezembro, Palocci foi questionado pelo delegado Filipe Hille Pace sobre a relação que supostamente teria com a produção do filme. O ex-ministro declarou que “deseja colaborar na elucidação de tais fatos”, mas que naquele momento ficaria em silêncio. No mesmo dia, Odebrecht, delator da Lava Jato, falou ao delegado e respondeu a uma série de perguntas sobre o caso. A PF apresentou ao empreiteiro e-mails extraídos do seu computador e ligados ao financiamento da cinebiografia.
As mensagens resgatadas foram trocadas por executivos da empreiteira entre 7 de julho e 12 de novembro de 2008. Odebrecht escreveu um e-mail com cinco tópicos endereçado a outros funcionários do grupo. Na lista estavam os executivos Alexandrino Alencar e Pedro Novis, que também se tornaram delatores da Lava Jato.
“O italiano me perguntou sobre como anda nosso apoio ao filme de Lula, comentei nossa opinião (com a qual concorda) e disse que AA tinha acertado a mesma com o seminarista, mas adiantei que se tivermos nos comprometido com algo, seria sem aparecer o nosso nome. Parece que ele vai coordenar/apoiar a captação de recursos”, escreveu o empreiteiro.
“Seminarista”, de acordo com os investigadores, seria uma referência a Gilberto Carvalho, ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. O “Estadão” diz na reportagem que não conseguiu contato com Gilberto Carvalho.
A defesa de Lula informou que não vai comentar nada sobre a realização do longa, “O filme Lula, o filho do Brasil”.
Fonte: O Estadão
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