O novo site da Polícia Civil foi lançado e está no ar. O portal conta com recursos multimídia e novas ferramentas. Áudios, fotos e vídeos poderão ser divulgados pela corporação após a autorização dos familiares. O motivo é preocupante, vinte e quatro mineiros desaparecem por dia, deixando família, amigos e colegas de trabalho sem pistas sobre o paradeiro.
Só até outubro deste ano, o Estado de Minas Gerais contabilizou 7.267 homens e mulheres, incluindo idosos e crianças, nessa condição. Na tentativa de otimizar as buscas, um novo site da Polícia Civil foi lançado ontem, dia 21/11 com fotos e informações dessas pessoas desaparecidas.
Vários são os motivos para o sumiço
As razões vão desde conflitos dentro de casa, rebeldia, doenças psiquiátricas e até dívidas financeiras. A suspeita deixa de ser uma hipótese e deve ser comunicada quando há quebra na rotina, conforme afirma a delegada Maria Alice Faria, chefe da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida.
“Se uma filha que mora em uma cidade diferente dos pais tem o costume de conversar com eles por telefone uma vez por semana e, passado esse prazo, a família não consegue contato, é preciso ficar atento e procurar a delegacia imediatamente”, explica.
Essa busca por socorro deve ser feita o mais rápido possível. Os responsáveis devem narrar com exatidão os últimos acontecimentos. “É muito comum os parentes esconderem algo ou não falar tudo de primeira. Em seguida, devem autorizar a divulgação da imagem”, acrescenta a policial.
Com os dados, é produzido um cartaz padronizado para ser distribuído por cidades mineiras e de outros estados, além de projetos sociais e organizações que acolhem andarilhos. A ajuda da família para divulgar o caso é bem-vinda, mas é preciso cuidado.
As pessoas devem utilizar, apenas, o canal de comunicação oficial da Polícia Civil. Telefones e endereços nunca devem ser apresentados. “Não é seguro, porque eles podem ser alvo de extorsão ou de indivíduos que queiram tirar proveito da situação de vulnerabilidade”, reforça a chefe da Divisão de Desaparecidos.
Agonia
Uma família do Barreiro/MG vive na pele esse drama. O aposentado Luiz Fernandes Gomes Cosso, que celebrou ontem 78 anos, sofre de Alzheimer e foi visto pela última vez em 23 de outubro. Ele morava com a esposa, Maria Helena Cosso, de 73, em Belo Horizonte.
A mulher conta que, no dia do desaparecimento, o marido estava muito agressivo e não conseguiu re-conhecê-la devido à doença degenerativa. Não é a primeira vez que Luiz desaparece. Em um episódio anterior, foi encontrado em Betim, na região metropolitana, pela filha. “Estamos tristes e temos rezado muito para que ele apareça. A preocupação é maior porque ele toma remédios controlados e está sem os medicamentos durante esse tempo”, diz Maria Helena.
Há dois meses, a família do auxiliar de transportes José Paulista Siqueira, de 43 anos, o procura. Segundo a empresária Marlúcia Siqueira, irmã dele, o tormento cresce a cada dia quando pensa que José pode ter morrido. “Não tenho mais esperanças de achá-lo vivo. Mas se nós soubéssemos que estava morto, poderíamos enterrar o corpo e acabar com essa agonia. Tem dias que não dormimos, fico pensando se ele está com fome. É horrível”, diz.
José saiu de Ribeirão das Neves, na Grande BH, para levar uma carga em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Na volta para casa, o caminhão em que estava estragou perto do município de Ibiá, na região. Enquanto o motorista foi buscar socorro, ele deveria vigiar o veículo. Quando o reboque chegou, porém, o mineiro havia desaparecido.
Na noite do dia seguinte, o caminhoneiro avisou a família sobre o sumiço de José. Além de comunicar a Polícia Civil, parentes chegaram a viajar até a cidade para procurar por ele. “Nós colamos cartazes, fomos a hospitais, avisamos os órgãos públicos, espalhamos fotos. Os investigadores procuraram nas matas próximas ao local do acidente e em um rio que corta o município, mas não encontraram nada”, conta a irmã.
Pouso Alegre
Ana Beatriz Lamario tem 14 anos. Ela mora no Jardim São João, em Pouso Alegre. No meio da tarde do dia 12 de novembro, ela saiu de casa para ir ao CAIC do São João e nunca mais voltou para casa e nem deu notícias à família!
No ar
O novo site da Polícia Civil foi lançado ontem e já está no ar. O endereço eletrônico é desaparecidos.mg.gov.br. O portal conta com recursos multimídia e novas ferramentas. Áudios, fotos e vídeos poderão ser divulgados pela corporação após a autorização dos familiares.
Segundo o investigador Bráulio Renato de Oliveira, os recursos vão ajudar na resolução dos casos. “Agora temos a possibilidade de ampliar essas imagens, colocar informações completas dos desaparecidos, incluindo a idade atualizada, a data do fato e a cidade”.
A chefe da divisão, Maria Alice Farias, no entanto, reforça que as pessoas devem procurar, sempre, as delegacias para reportar a ocorrência, tanto do desaparecimento quanto da localização.
Direto da Redação com informações da PMMG/HD
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