O Sérgio Moro não é mais ministro da Justiça e Segurança Pública. Depois de algumas desavenças com presidente Jair Bolsonaro, sendo a última referente à demissão do diretor-geral da Polícia Federal, delegado Maurício Leite Valeixo, publicada nesta sexta-feira, 24 de abril, no Diário Oficial da União (DOU), ele anunciou a saída durante pronunciamento que fez na parte da manhã deste dia, na sede da pasta, em Brasília, em função da “interferência política. O substituto ainda não foi anunciado.
Ao se despedir, ele destacou o trabalho feito no cargo. E lembrou que, ao aceitar o convite, em 2018, recebeu garantia que teria “carta branca” para nomear os auxiliares. E também autonomia nas investigações da Polícia Federal.
Ele admitiu que a demissão de Valeixo o motivou a deixar o governo. “Falei para o presidente que aceitava trocar o comando da PF, mas com motivo, em caso de erro”, disse ele, que vê “interferência política” na decisão presidencial, o que iria contra ao que foi acordado anteriormente.
E ex-juiz era um dos pilares do Governo Bolsonaro. O outro é o ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem se mostrado desconfortável no cargo e não esteve presente no anúncio de medidas propostas pelo governo federal para enfrentar a pandemia do coronavírus, chamado Pró-Brasil, na quinta-feira.
Na semana passada, o titular da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deixou o cargo após ficar em lado oposto ao de Jair Bolsononaro quanto ao isolamento da população para controlar a COVID-19. Foi substituído por Nelson Teich.
Pivô da crise entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o presidente Jair Bolsonaro, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, foi exonerado de seu cargo em publicação também no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (24/04).
Valeixo havia sido escolhido por Sergio Moro para o posto e era considerado o braço direito do ministro. Na quinta-feira (23), o ex-juiz federal da operação Lava Jato teria apresentado ao presidente da República um pedido de demissão — o que no entanto acabou não se concretizando.
O pedido de demissão foi noticiado pelo jornal Folha de S. Paulo e depois confirmado por vários outros veículos de imprensa. Questionada, a assessoria de imprensa de Sergio Moro disse apenas que o ministro “não confirma o pedido de demissão” — sem no entanto negar enfaticamente que o poderia até fazer.
Mas quem é Maurício Valeixo?
Formado em Direito e delegado de carreira da Polícia Federal, Maurício Valeixo, paranaense de Mandaguaçu, foi anunciado por Sergio Moro como chefe da corporação ainda em novembro de 2018, antes mesmo da posse de Jair Bolsonaro como presidente da República. Até então, Valeixo era o superintendente da corporação no Paraná que também é o Estado de origem de Sergio Moro, que considera o chefe da PF como o seu braço direito no ministério da Justiça e Segurança Pública.
Ele já havia ocupado o cargo entre 2009 e 2011. O retorno ao comando da superintendência da PF no Paraná ocorreu em dezembro de 2017, depois de um período em Brasília. Em Curitiba, Valeixo atuou em várias fases da Lava Jato, operação pela qual Sergio Moro era responsável quando juiz federal.
Uma das tarefas de Valeixo à frente da Superintendência da PF no Paraná foi coordenar os trâmites para a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em abril de 2018. Foi também em sua gestão que foi fechada a delação de Antonio Palocci com a PF em Curitiba.
Valeixo também foi responsável pela Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor) entre 2015 e 2017 em Brasília, durante a gestão do ex-diretor da PF Leandro Daiello. O posto é considerado o de “número 3” na hierarquia da corporação e, naquela ocasião, era o setor mais ativo em tempos de Lava Jato. Moro e Valeixo ficaram bastante próximos durante a investigação do caso Banestado, que descobriu um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o banco estadual do Paraná em 2003.
O caso não prosperou, mas serviu de embrião da Operação Lava Jato. Quando Moro o escolheu para comandar a PF, também trouxe mais duas pessoas ligadas a ele para Brasília: o antecessor de Valeixo no comando da PF no Paraná, Rosalvo Ferreira Franco, e o diretor de Combate ao Crime Organizado naquele Estado, Igor Romário de Paula.
Valeixo tem 53 anos e íntegra os quadros da Polícia Federal desde 1996. Foi delegado da Polícia Civil por dois anos e adido policial em Washington (Estados Unidos). Bolsonaro já havia ameaçado remover Valeixo do comando da Polícia Federal: em meados de 2019, o presidente cogitou sua demissão.
Também pressionou e mandou para um posto fora do Brasil o ex-superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi. Só não esperava que o seu principal ministro fosse pedir demissão do cargo, por causa de uma resolução tomada da qual já vinha sendo cogitada. Ao sair Sergio Moro foi categórico em suas palavras lembrando que, ao aceitar o convite de Bolsonaro, em 2018, recebeu garantia do presidente que teria “carta branca” para nomear os seus auxiliares. E autonomia nas investigações da Polícia Federal.
Direto da Redação com informações ABN – Fotos: Internet
DEIXE SEU COMENTÁRIO | Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site.