A ausência de sangue na faca que atingiu a barriga do deputado federal e candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), na camisa e no pano branco que cobriu o ferimento vem criando dúvidas a respeito do atentado na cidade mineira de Juiz de Fora.
Médicos falaram a respeito para veículos de comunicação da cidade na manhã de sexta-feira, 07/9. Eles asseguraram que essas observações só fazem sentido aos olhos do leigo. Por se tratar de um momento de ânimos acirrados da campanha eleitoral, os dois cirurgiões pediram para que suas identidades fossem mantidas em sigilo. O mesmo ocorreu com um investigador da Polícia Civil que trabalha no IML de Belo Horizonte.
Um dos médicos ouvidos pela reportagem, cirurgão-geral há 38 anos, hoje lecionando em uma Faculdade de Medicina em Minas, disse que quanto mais rápida a estocada de um objeto cortante, a exemplo do que ocorreu com Adélio Bispo de Oliveira, menos suja a arma sairá do corpo da vítima.
O cirurgião-geral explicou que, apesar de o corte em Bolsonaro ter sido profundo, provocando hemorragia interna e colocando sua vida em risco de morte, a arma pode ter sido sido limpa pela gordura que o corpo humano tem sob a pele. Além disso, ele explicou que as imagens veiculadas no momento em que o candidato é atingido não permitem garantir que não havia sangue na faca.
Outro cirurgião ouvido durante a coletiva de imprensa, que opera há mais de 10 anos em um hospital da cidade na zona da mata, disse que a explicação para a falta de sangue na faca pode ser explicada pelo fato de o líquido peritoneal (contido na cavidade abdominal) ser de baixa viscosidade e, por isso, ter diluído o sangue. Além disso, o corte sofrido em uma veia abdominal, que levou o candidato a ter uma hemorragia interna, não se exterioriza de imediato, o que pode explicar também o pano branco não ter sido machado de sangue. O sangue fluiria para dentro e não para fora.
Perícia
O cirurgião-geral e professor destacou também que apenas o laudo da perícia técnica poderá afirmar se a faca apreendida pela Polícia Militar, cuja foto foi divulgada para a imprensa, é de fato a arma do crime, faca que no momento da prisão do autor do atentado havia desaparecido entre a multidão que ali se aglomerava.
Opinião compartilhada pelo investigador da Polícia Civil que trabalha no IML. Ele lembrou os recursos técnicos disponíveis hoje para detectar sangue ou qualquer outro fluido que fica em armas usadas em crimes, ainda que microscopicamente. Em meio à confusão que se seguiu ao atentado, destacou o investigador, não se sabe nas mãos de quantas pessoas essa faca pode ter passado.
Por dentro da cirurgia
Detalhes sobre a cirurgia foram revelados em matéria publicadas exaustivamente pelos veículos de imprensa, falado, escrito e televisionado. As reportagens citam áudios que o cirurgião vascular Paulo Gonçalves de Oliveira Júnior enviou a grupos de Whatsapp que reúne médicos: “Foi muito tenso. Quando cheguei, (o paciente) estava chocado, a lesão venosa estava destamponada, com muito sangue”. O especialista conduziu o processo de sutura das veias para conter o sangramento.
O candidato recebeu então transfusão de sangue para suprir suas necessidades perdidas, durante o atentado e durante a cirurgia que foi realizada imediatamente assim que deu entrada no hospital Santa Casa da Misericórdia em Juiz de Fora. Ali foi travado uma outra batalha para salvar a vida de Bolsonaro disse um dos médicos que estava presente.
Direto da Redação com informações e imagens do EM.
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