A Semana Santa é uma tradição religiosa cristã que celebra a Paixão, a Morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Ela se inicia no Domingo de Ramos, que relembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e termina com a ressurreição de Jesus, que ocorre no domingo de Páscoa dia 12 de abril de 2020. Neste domingo que inicia a Semana Santa, unamos aos que ao meio dia, rezaram juntos a Oração ensinada por Jesus. A Oração do Pai Nosso.
Domingo de Ramos – 05/04/2020
O Domingo de Ramos abre solenemente a Semana Santa, com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Jesus é recebido em Jerusalém como um rei, mas os mesmos que o receberam com festa o condenaram à morte. Jesus é recebido com ramos de palmeiras. Nesse dia, são comuns procissões em que os fiéis levam consigo ramos de oliveira ou palmeira, solenidade que não será apresentada aos fiéis devido a pandemia do coronavírus (Covid-19)e foi esta entrada Jesus celebrada hoje que originou o nome da celebração como marco do cristianismo por todo o planeta.
Segundo o evangelho, Jesus foi para Jerusalém para celebrar a Páscoa Judaica com os discípulos e entrou na cidade como um rei, mas sentado num jumentinho – o símbolo da humildade – e foi aclamado pela população como o Messias, o rei de Israel. A multidão o aclamava: “Hosana ao Filho de Davi!” Isto aconteceu alguns dias antes da sua Paixão, Morte e Ressurreição. A Páscoa Cristã celebra então a Ressurreição de Jesus Cristo.
Segunda-Feira Santa – 06/04/2020
É o segundo dia da Semana Santa, seguinte ao Domingo de Ramos, no qual se recorda a prisão de Jesus Cristo.
Judas foi o pior exemplo de pessoa, aquele que passou três anos diretos com Jesus, comendo, dormindo, ministrando com Jesus e ouvindo-o. A segunda-feira nos leva a meditar sobre esse momento tão crucial da traição de Judas, da prisão de Jesus. Onde o foco não está em Judas, o foco está em Jesus. Marcos o evangelista não volta a falar de Judas, não volta a fazer menção ao beijo da traição, Jesus continua sendo o centro de tudo. Que os holofotes estejam na segunda-feira voltados para a soberania de Deus entre nós neste momento tão importante.
Continuamos dentro de casa, como se estivéssemos ali, no Jardim do Getsêmani com o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sabemos do sermão anterior, das horas de agonia e aflição que levaram Jesus a vigiar e orar, vencendo assim a grande tentação. Jesus venceu a tentação e está pronto para enfrentar Seus inimigos. Esse é a última noite de Jesus com Seus discípulos. E no dia seguinte Jesus é traído com um beijo! Esse dia é um dia histórico! Esse é um dia de festa, um dia de aflição, um dia de fraqueza, um dia de triunfo, um dia de conspiração, um dia de traição, um dia de fuga e um de compaixão! Dia de pedimos a Deus miséricórida, pelo caos que o planeta Terra está passando.
Terça-Feira Santa – 07/04/2020
É o terceiro dia da Semana Santa, onde são celebradas as Sete dores de Nossa Senhora Virgem Maria. E muito comum também por ser o dia de penitência no qual os cristãos cumprem promessas de vários tipos ou o dia da memória do encontro de Jesus e Maria no caminho do Calvário. Jesus a recebe, não pode abraçá-la, carrega nos ombros a pesada cruz, mas diz-lhe “Não choreis por mim, mas por vós mesma e por vossos filhos.
Os relatos de familiares e amigos de quem não sobreviveu ao coronavírus mostram as faces dessa pandemia: a dor de não poder abraçar alguém na hora da perda por conta do isolamento social e do risco de também estar infectado; a angústia de ter um parente doente após a morte de uma pessoa próxima; a tristeza de uma mãe idosa que perdeu o filho e vê as pessoas que ainda não acreditam na existência do problema saírem as ruas desafiando a própria sorte; então esta terça-feira santa é dia de voltarmos a orar em casa, com nossos familiares, a aqueles que estão defendendo acabar o isolamento. Para os que estão defendendo o comércio de volta. Porque a economia vai ‘quebrar’… Para os que estão defendendo as falas contra a ciência. Para os que estão defendendo que alguns milhares de mortes por coronavírus não significam nada frente a quebradeira da economia. Só temos uma coisa a dizer: espero, fortemente, que não passem o que muitas famílias está passando! Quanta dor você ver um ente amado sozinho em um leito de UTI, isolada, se sentindo abandonada, porque um vírus maldito ceifou seus pulmões lhe tirando o oxigênio e sua imensa alegria. Lembremos de Nossa Senhora, neste encontro com seu filho, indo para a morte, sem ela poder fazer nada, como nada podemos fazer diante de uma pandemia que assola o povo e da qual somos impotentes ainda por lidar com algo tão invisível.
Quarta-Feira Santa – 08/04/2020
É o quarto dia da Semana Santa. Em algumas igrejas de portas fechadas alguém, se não forem impedidos por nossas autoridades, celebra-se neste dia a piedosa procissão do encontro de Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores. Ainda há igrejas que neste dia celebram o Ofício das Trevas, lembrando que o mundo já está em trevas devido à proximidade da morte de Jesus. E nos dias de hoje, totalmente em trevas, procissão de pessoas confinadas em seus lares, quanto senhores dos passos que não poderão dar, quantas senhoras das dores, chorando por seus entes queridos, pelos seus filhos e parentes, pela fome que começa a abater, pela incerteza do que poderá lhe acontecer amanhã. Oremos e peçamos a Deus neste momento, que a paz volte ao mundo, para que possamos novamente nos encontrar pelas ruas, praças, igrejas, e como sempre nos saudarmos uns aos outros.
Quinta-Feira Santa – 09/04/2020
É o quinto dia da Semana Santa e, na manhã deste dia, nas catedrais das dioceses, os bispos e padres deveriam se reunirem com o seu clero para a Celebração do Crisma, na qual seriam abençoados os santos óleos que seriam usados na administração dos sacramentos do Batismo, Ordenação de Padres e Bispos, Crisma e Unção dos Enfermos.
Neste mesmo dia, à noite, são relembrados os três gestos de Jesus durante a Última Ceia: a Instituição da Eucaristia, o exemplo do Lava-pés, com a instituição de um novo mandamento (ou “ordenança”) segundo algumas denominações cristãs, e a instituição do sacerdócio. É neste dia lembramos que Judas Iscariotes entregou Jesus por trinta moedas de prata. E é neste dia que Jesus preso é interrogado e, no amanhecer da sexta-feira, açoitado e condenado a morte.
A igreja deveria ficar aberta em vigília ao Santíssimo, relembrando os sofrimentos de Jesus, que tiveram início nesta noite. A igreja se revestiria de luto e tristeza, desnudando os altares (quando são retirados todos os enfeites, toalhas, flores e velas), tudo para simbolizar que Jesus já está preso e consciente do que vai acontecer. Dia de dobrar os nossos joelhos e clamar ao Pai: “Senhor tende piedade de nós” Porque como essa pandemia, não podemos mais vigiar nem orar. Mas, no aconchego do lar, acreditando na segurança que dizem termos em nossas casas, cada qual, ora como pode, pedindo socorro! E fazendo das palavras de Jesus as nossas: “Pai afasta de mim esse cálice!”
Sexta-Feira Santa ou Sexta-Feira da Paixão – 10/04/2020
É quando a Igreja recorda a morte de Jesus. É celebrada a Solene Ação Litúrgica, Paixão e a Adoração da Cruz. A recordação da morte de Jesus consiste em quatro momentos: A Liturgia da Palavra, Oração Universal, Adoração da Cruz e Rito da Comunhão. Presidida pelo presbítero ou bispo, os paramentos para a celebração são de cor vermelha.
O primeiro passo é a nossa disposição de coração, disposição de estar dentro das realidades virtuais, de estar ali por inteiro, como se nós fôssemos mesmo na Igreja. Então nossa roupa precisa ser adequada à celebração; estar com uma liturgia se for possível, para acompanhar as leituras. Que possamos dar as respostas da Santa Missa em nosso lar. Enfim, a disposição interior ela vai refletir no exterior em todo este momento que estamos vivendo. E este momento ajuda a termos com maior profundidade o nosso desejo de participar a grosso modo desta Eucaristia.
No Tríduo Pascal, sem a participação física dos fiéis, alguns ritos foram retirados. Na Missa da Ceia do Senhor, na quinta-feira santa, não houve o lava-pés que, na realidade, é facultativo. Não houve a procissão com o Santíssimo Sacramento. As funções da Paixão do Senhor, nesta sexta-feira santa, terão intenções especiais para os doentes, os defuntos, para quem sofre e se encontra em dificuldade num leito isolado de algum hospital. E o tradicional beijo à Cruz será dado somente pelo celebrante. A Vigília Pascal será celebrada somente nas catedrais e paróquias com celulares e outras filmadoras tentando aproximar os fiéis da religião com Deus. E o Cristo morrerá pela compaixão dos homens, como herói e como salvador da humanidade, isolada em suas casas, e Ele nos dirá ouvindo as nossas súplicas: “Vinde a mim todos que estais cansados e oprimidos que eu vos aliviarei”.
Sábado Santo ou Sábado de Aleluia – 11/04/2020
É o dia da espera. Os cristãos junto ao sepulcro de Jesus aguardam a ressurreição do Mestre. No final deste dia seria celebrada a Solene Vigília Pascal, a mãe de todas as vigílias, como disse Santo Agostinho, que se inicia com a Bênção do Fogo Novo e também do Círio Pascal; onde proclama-se a Páscoa através do canto e faz-se a leitura de 14 passagens da Bíblia (7 leituras e 7 salmos) percorrendo-se toda história da salvação, desde Adão até o relato dos primeiros cristãos. Entoa-se o Glória e o Aleluia, que foram omitidos durante todo o período quaresmal. Não haverá este ano o batismo daqueles adultos que se prepararam durante toda a quaresma. A celebração irá se encerrar sem o ápice de todas as missas. Mas com a ressurreição a esperança de que tudo é passageiro e logo, logo, tudo isso terá passado, deixando um rastro enorme de pessoas que foram ceifadas da vida por causa de um vírus, da qual a medicina em pleno século XXI, ainda não conseguiu decifrar para amenizar as mortes e os sofrimentos por ele causados a humanidade.
Domingo de Páscoa – 12/04/2020
É o dia mais importante para a fé cristã, pois Jesus vence a morte, ressuscita e mostra o valor da vida. Renasce a esperança para todos. Esse dia é estendido por mais cinquenta dias até o Domingo de Pentecostes. E desta forma evitando qualquer ação que pudesse propagar o vírus teremos concluída de modo inédito a Tradicional Semana Santa.
Uma vela e um joelho dobrado no chão sempre foram formas de conseguir se conectar com a fé dentro de casa. Porém, neste ano, em meio à pandemia do coronavírus, a internet, a televisão e a solidariedade conseguem fazer de cada lar um verdadeiro altar de adoração ao Santíssimo.
Temos que manter a confiança e acreditar que trata-se de apenas um momento da história e que em breve tudo passará com a graça de Deus, se mantivermos acesas nossas chamas de fé e amor ao próximo. Talvez consigamos ainda resgatar valores que estavam esquecidos, da vida existencial, da vida familiar, da fé, principalmente da caridade, da solidariedade, da Fraternidade. Cada cristão é responsável pelos seus atos, já que nada acontece por acaso. E assim, passaremos a Semana Santa neste ano, totalmente diferente, com igrejas vazias, sem missas e sem cultos, sem contato físico e sem multidões; a Igreja, em meio à pandemia, buscou alternativas para cumprir o papel de servir e manter a fé viva. Ao povo de Deus cabe, permanecer o maior tempo possível em seus lares, em vigília domiciliar, em oração constante, acreditando no poder da Divina Providência, com a certeza de que, os que sobreviverem, entenderão que sem a proteção de Deus, nada somos diante de um vírus, tão pequeno, invisível ao olho humano, que tomou conta do planeta e vem ceifando vidas por toda parte. Continuemos unidos pela fé, porque Grandioso é o nosso Deus! Amém!
Por Padre Frei José Neilo Machado
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