O assunto Copa do Mundo sempre volta a circular pela web, principalmente agora que estamos no ano que uma nova copa se realizará na Rússia. Dessa vez, o que se espalhou pela internet é a notícia afirmando que investigações feitas pelo FBI – nos Estados Unidos – teriam comprovado que o Brasil havia vendido o jogo das semi-finais da Copa do Mundo para a Alemanha, em 2014.
Em um esquema milionário de corrupção – que teria levado o time brasileiro a deixar que a Alemanha fizesse 7 gols contra o nosso país – estariam envolvidos o Presidente da CBF, a Rede Globo de televisão e o diretor de jornalismo da ESPN, Gunther Schweitzer.
A partida entre Brasil e Alemanha, referida também como Mineiraço, foi disputada no dia 8 de julho de 2014, válida pela Copa do Mundo FIFA de 2014. A partida ficou marcada pela derrota sofrida pela Seleção Brasileira de Futebol contra a Seleção Alemã de Futebol pelo placar de 7 X 1, sendo considerado um dos resultados mais notáveis da história do futebol. A partida ocorreu no estádio do Mineirão em Belo Horizonte. Foi a maior derrota sofrida pelo Brasil, superando, pelo número de gols marcados.
O primeiro gol alemão foi marcado por Thomas Müller aos onze minutos da primeira etapa. Após isso, em um espaço de tempo de seis minutos, os alemães marcaram quatro gols, com Miroslav Klose aos 23′, Toni Kroos aos 24′ e 26′, e Sami Khedira aos 29′. Todos os cinco primeiros gols da Alemanha vieram na primeira meia hora de jogo. Muitos torcedores do Brasil na arquibancada foram reduzidos às lágrimas e um estado de choque tomou conta dos torcedores brasileiros. O primeiro tempo foi encerrado com um placar de 5–0 para a Alemanha.
Já no segundo tempo, a equipe brasileira retornou com mais intensidade, porém, aos 69 minutos, os alemães marcaram o sexto gol com André Schürrle, que também marcou o sétimo gol aos 79 minutos. Para encerrar a partida, Oscar marcou o gol brasileiro, encerrando a goleada com um placar de 7–1 para a Alemanha. Os jogadores brasileiros deixaram o gramado em lágrimas e debaixo de um coro de vaias.
Verdadeiro ou falso?
O FBI conduziu (e ainda conduz porque segundo consta nas redes sociais a investigação ainda continua, apurando os fatos), de fato, algumas investigações relacionadas à corrupção na FIFA com a realização das copas do mundo, mas até o presente momento não há nada que ligue que a goleada vergonhosa que o Brasil levou da Alemanha, em 2014 fosse efeito de uma corrupção armada propositadamente.
Nesse documento oficial publicado em maio de 2015 pelo Governo dos Estados Unidos sobre o esquema de corrupção em Copas do Mundo de futebol, não é mencionado em nenhum momento o jogo das semi-finais entre o Brasil e a Alemanha, o que nos leva a crer que possa ser uma notícia criada e falsa para denegrir a boa imagem que o Brasil tem lá fora.
Conforme foi explicado pelo Portal R7 e pelo Jornal El País, as investigações sobre casos de corrupção na Fifa envolvem cinco edições da Copa do Mundo: a da França (1998), África do Sul (2010), Brasil (2014), Rússia (2018) e Qatar (2022). E, no caso do Brasil, as denúncias recaem sobre a possível relação entre o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, com contratos de patrocinadores para sediar a Copa de 2014. O FBI continua investigando se houve de fato pagamento de subornos para a escolha de sedes do Mundial.
Como sabemos o presidente da Fifa, Joseph Blatter, renunciou ao cargo e pediu a organização de novas eleições na entidade. As denúncias, aliadas a depoimentos de cartolas do futebol, aumentaram ainda mais a onda de boatos que reaparecem todos os anos sobre a seleção brasileira e é claro que muita gente até hoje ainda não “engoliu” uma derrota tão vergonhosa como essa que o Brasil sofreu.
No início da Copa do Mundo de 2014, por exemplo, os rumores afirmavam que o Brasil teria comprado a Copa do Mundo. Já, no final da Copa (quando o time brasileiro se mostrou incapaz de ganhar dos times adversários), os boatos mudaram, dizendo que o Brasil teria vendido a Copa! Vai entender…
No artigo que circula pela web novamente é citado o nome outra vez o nome de Gunther Schweitzer, que seria o possível chefe de jornalismo da ESPN e que teria denunciado a venda da Copa do Mundo de 2014 pelo Brasil. No entanto, precisamos lembrar que já havíamos pesquisado a respeito de um boato semelhante a esse e publicado neste mesmo site, referente à Copa de 1998. Na versão de 2010 (que ganhou novo fôlego em 2012, com a Copa das Américas e depois, em 2014), já era mencionado um tal de Gunther Schweitzer, mas ficou comprovado que esse senhor sequer é jornalista e que o seu nome foi usado indevidamente junto com esse hoax.
Origem
O primeiro site a publicar essa suposta denúncia da venda do jogo Brasil X Alemanha foi o Portal Metrópole que, como já mostramos aqui são falsas, e, que tem o hábito de publicar notícias não verificadas de vez em quando. A notícia publicada pelo Portal Metrópole não é assinada e tão pouco sita fontes e procedência de suas matérias, o que gera ainda mais dúvida quanto a sua veracidade.
Vários e-mails desde 2015 “denunciam” a venda desta Copa nas redes sociais. Os textos apresentam detalhes distintos, mas quase todos partem do mesmo autor: “Gunther Schweitzer”, o mesmo homem que denunciou a venda da Copa de 1998. Em alguns textos, Schweitzer é apresentado como diretor de jornalismo dos canais ESPN. Em outros, o nome aparece com o mesmo suposto cargo de 16 anos atrás: diretor da Rede Globo. O internauta Carlos Oliveira protestou o assunto em diversos sites da rede social dizendo que em pleno 2017 citar o nome de Gunther Schweitzer como fonte! toso os e-mails que têm o nome dele são fakes! Ele afirma que Gunther Schweitzer não é nunca foi diretor da Globo ou da ESPN, ele se quer é jornalista! Que o verdadeiro Gunther Schweitzer tem 42 anos e mora em Mogi das Cruzes. É pai do pequeno Pedro Schweitzer, de 5 anos. Se formou em administração de empresas e educação física pela FMU. Hoje em dia, trabalha como personal trainer e dá aula no Projeto Vôlei para Brilhar, de uma ONG que faz atividades com as crianças e adolescentes. Outro fato, o Correire Dello Sport do dia 21 de Novembro de 2017 não fala sobre manipulação de resultado na Copa de 2002, não há uma linha sobre o assunto na publicação. Informa Oliveira.
Além da troca de favores entre Brasil e Fifa, outra “questão” foi levantada nos últimos dias: a de que Neymar não teria efetivamente se lesionado na partida contra a Colômbia. Sites brasileiros e colombianos divulgaram imagens da chegada do atleta ao hospital de Fortaleza. Nelas, o paciente aparece com o rosto coberto e sem as tatuagens que o atacante possui no braço direito. Houve ainda quem adaptasse a história e afirmasse que Neymar simulou a lesão, pois foi o único que não concordou em vender a Copa à Fifa. Porém o próprio Neymar nunca tocou nesse assunto, e não consta que alguém tivesse lhe perguntado algo a respeito.
O jornal italiano “Corriere dello Sport” estampou na capa de sua edição na época que a Copa de 2002 teve resultados manipulados por árbitros, em favorecimento à Coreia do Sul. Entretanto, a manchete da publicação faz mais barulho do que sua reportagem.
O jornal afirma ainda que “um dia, talvez” as investigações sobre a Fifa descobrirão “ligações com a Copa do Mundo de 2002″, especialmente ao juiz equatoriano Byron Moreno, que teve arbitragem polêmica do jogo das oitavas de final contra a Itália, no qual mostrou cartões vermelhos e anulou um gol da Azzurra. O jornal lembra que o senador Raffaele Ranucci, chefe da delegação italiana naquele mundial, já havia denunciado possível favorecimento à Coreia do Sul, uma das sedes em 2002.
Entenda o escândalo de corrupção
Autoridades suíças anunciaram que fariam sua própria investigação sobre o processo de escolha dos países-sede das Copas de 2018 (Catar) e 2022 (Rússia). A polícia suíça entrou na sede da Fifa, em Zurique, e apreendeu provas eletrônicas.
Por que isso é importante?
A Fifa é o órgão responsável pelo futebol mundial. Nos últimos anos, sofreu acusações de corrupção, particularmente no processo de escolha da sede do Mundial de 2022 – o vencedor foi o Catar. Em dezembro de 2014, a Fifa decidiu não divulgar sua própria investigação de corrupção – que, segundo a entidade, disse que o processo de escolha foi isento. O autor do relatório, o americano Michael Garcia, renunciou ao cargo.
A Copa do Mundo gera bilhões de dólares em receita. As prisões e a investigação lançam dúvida sobre a transparência e honestidade do processo de escolha nos últimos torneios.
Como o Brasil aparece na investigação?
Três brasileiros estão implicados no esquema de corrupção, de acordo com o departamento de Justiça dos EUA pelo FBI. Um deles é o ex-presidente da CBF José Maria Marin – a nota do Departamento de Justiça não detalha as suspeitas contra ele. A CBF se manifestou a respeito da investigação por meio de nota dizendo que “aguardará, de forma responsável, sua conclusão, sem qualquer julgamento que previamente condene ou inocente os nomes envolvidos.”
A Justiça americana diz que José Hawilla, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina, confessou os crimes. A Traffic é dona de direitos de transmissão, patrocínio e promoção de eventos esportivos e jogadores, além de empresas de comunicação no Brasil. Consultado pela reportagem, o advogado de J. Hawilla, José Luis de Oliveira Lima, afirmou que o dono da Traffic “apoia as investigações e prestou esclarecimentos devidos às autoridades americanas” e está em liberdade nos Estados Unidos. O terceiro brasileiro investigado pelo FBI é José Lazaro Margulies, proprietário das empresas Valente Corp. e Somerton Ltd., ambas ligadas a transmissões esportivas.
A nota divulgada pela justiça norte-americana afirma ainda que investiga suposto pagamento e recebimento de suborno em um patrocínio “da CBF para uma grande empresa de roupas esportivas dos EUA”. A Justiça americana também cita a Copa do Brasil, organizada pela CBF, como uma das competições em que poderia ter havido corrupção na negociação de direitos de transmissão e marketing. A Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, não é citada especificamente no documento e nem sequer tramita a venda da seleção brasileira na venda de jogo das semifinais a seleção da Alemanha.
Como funcionaria o esquema?
A denúncia afirma que, de 1991 até o momento, autoridades da Fifa se envolveram em vários crimes, incluindo fraude, subornos e lavagem de dinheiro. A Justiça afirma que duas gerações de dirigentes usaram suas posições para fazer parcerias com executivos de marketing esportivo que impediam outros de ter acesso a contratos e mantinham os negócios para eles por meio do pagamento de propinas.
A maior parte dos esquemas, de acordo com o departamento de Justiça, envolve recebimento de propina de executivos de marketing para comercialização de direitos de mídia e marketing de diversas competições esportivas – entre eles Copa América, Libertadores e Copa do Brasil.
Quem são os acusados?
Foram presas figuras-chave do futebol na América Latina, América do Norte e Caribe. Além dos brasileiros implicados, foi preso o presidente da Concacaf, Jeffrey Webb, visto com um provável sucessor do presidente da entidade, Joseph Blatter. Uma outra figura-chave é Charles “Chuck” Blazer, ex-representante da Fifa nos EUA, que aparentemente se tornou informante do FBI. Ele confessou ser culpado e já devolveu US$ 1,9 milhão.
Blatter foi preso?
Não. O presidente da Fifa – e homem mais poderoso do futebol mundial – não está entre os citados nos indiciamentos dos Estados Unidos. Mas a justiça americana afirma que os envolvidos estavam a serviço da Fifa – da qual ele é presidente. Até agora, ele não se pronunciou. Blatter tem grandes chances de ser reeleito à Presidência da entidade.
Recentemente, ele foi forçado a negar rumores de que estaria evitando viajar para os EUA porque temia ser preso.
Por que eles foram presos?
O FBI está investigando a Fifa há três anos. As investigações tiveram início por causa do processo de escolha dos países sedes das copas de 2018 e 2022 (Rússia e Catar), mas foi expandida para analisar os acordos da Fifa nos últimos 20 anos.
A acusação do Departamento de Justiça dos EUA diz que a corrupção era planejada nos EUA, mesmo quando era efetuada em outros locais. O uso de bancos americanos para transferir dinheiro é uma peça-chave da investigação que também está sendo apurado.
Por que a Suíça?
É a sede da Fifa – o registro da entidade como instituição de caridade faz com que pague impostos reduzidos. A Suíça é conhecida como um país onde empresas pouco transparentes são bem-vindas, principalmente em relação a impostos. Mas seu acordo de extradição com os EUA é claro: pessoas envolvidas em crimes podem ser enviadas aos EUA.
Aparentemente, autoridades americanas aproveitaram o que o congresso anual da Fifa fez com que todos se reunissem em um país que não colocaria obstáculos à extradição. Os suíços também parecem estar indo atrás da Fifa, com três investigações em curso – horas após as prisões, sobre a escolha da cidade-sede da próxima Copa de 2018.
Quanto dinheiro está envolvido?
Muito, supostamente. A denúncia dos EUA alega a corrupção envolveu US$ 150 milhões, e isso não inclui outras transações pelo mundo. Um relatório anterior sobre corrupção no Caribe, que vazou, afirma que propinas de US$ 40 mil foram pagas a autoridades em envelopes cheios de dinheiro.
Quase toda a renda da Fifa vem da Copa do Mundo, o evento esportivo mais lucrativo do mundo – superando as Olimpíadas. A Copa de 2014 custou ao Brasil cerca de US$ 4 bilhões, e a Fifa lucrou mais de US$ 2 bilhões.
O custo das duas próximas Copas deve ser superior: a Copa do Catar deve custar mais que US$ 6 bilhões. Só concorrer a sediar a Copa já tem um custo enorme: a federação inglesa gastou 21 milhões de libras para concorrer à Copa de 2018.
As Copas da Rússia e do Catar serão feitas em outros países?
Isso é improvável, mas não impossível. A denúncia dos EUA aborda casos de corrupção no passado – a Copa de 2010 na África do Sul, por exemplo, é mencionada – mas não futuros. As investigações da Suíça devem ser mais frutíferas em relação a isso, mas seria preciso ter provas contundentes para fazer a eleição outra vez.
Mudar a Copa da Rússia seria difícil já que entramos no ano de sua realização. Poucos países têm estádios, infraestrutura e dinheiro para sediar o evento em um prazo tão curto. A melhor opção seria a Alemanha, que sediou a Copa de 2006. Mas isso também não está sendo cogitado.
O Catar é bem mais vulnerável e foi inundado com denúncias e alegações de corrupção desde que foi escolhido como sede. Mas, mesmo depois de ter visto vários escândalos de corrupção, uma mudança inédita de um torneio de verão para inverno e um escândalo sobre mortes de trabalhadores migrantes, há chances de que eles ainda sediem a competição de futebol mais importante do mundo.
Mas, segundo o procurador americano Kelly T. Currie, a investigação não vai parar por aí. Segundo o que apuramos em diversos sites de notícias elas procedem em ritmo mais lento, mas não foram descartadas. As investigações continuam a todo vapor informou um procurador de justiça cujo nome seria Wilhian Kurt Bhemmer.
“Após décadas, segundo a denúncia, de corrupção descarada, o futebol internacional organizado precisa de um novo começo – uma nova chance para suas instituições fazerem uma vigilância honesta e apoiarem um esporte amado pelo mundo. Deixe-me ser claro: essa denúncia não é o último capítulo da nossa investigação”, afirmou.
Conclusão
Está em andamento sim, uma série de investigações a respeito de esquemas de corrupção envolvendo a Fifa e algumas Copas do Mundo e é bem capaz que surjam provas ligando o subornos e alterações de resultados de jogos de futebol. Porém até que se prove, todos os envolvidos são inocentes. Em nenhuma destas investigações aparece que o Brasil teria vendido seu jogo para a Alemanha, o que aconteceu foi vergonhoso mesmo, mas há dúvidas no ar. E isso o Brasil vai ter que um dia explicar direito o que foi de fato que aconteceu. Mas, por enquanto nada que ligue essa goleada vergonhosa da Alemanha contra o Brasil justifica a investigação do FBI quando o assunto em pauta é corrupção.
Infelizmente só uma intervenção constituinte para fazer a faxina dessa bandidagem em todas as instituições poderia conter a corrupção que assola nosso país em todos os setores. Se depender desse nosso povo e da urna eletrônica, continuaremos nessa escravidão e nesse mar de lamas, ainda por muitos e muitos anos. Os fatos acima podem até não serem verídicos, porém onde ha fumaça, ha fogo com certeza. Em se tratando de Brasil tudo é possível.
Outras informações com a Equipe Trivela reportagem Bruno Bonsanti, Felipe Lobo, Leo Martins e Ubiratan Leal – Redação e coleta de informações TVJC
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