Em mais um capítulo do mistério que intriga o Brasil por anos, o pai de Marco Aurélio, Ivo Simon, não planeja encerrar sua jornada em busca pelo filho. “Vou continuar procurando”, afirma Ivo, em recente entrevista. Em quase quarenta anos, Ivo coleciona perguntas, mas obteve poucas respostas. Apesar da árdua caminhada, ele não deixa de ter esperanças de encontrar o filho vivo.
Na última quarta-feira (16), a Polícia Civil escavou um local de mata que em 1985 serviu de acampamento para um grupo de escoteiros que escalava o Pico do Marins, em Piquete. Um deles era Marco Aurélio, de 15 anos, que, mesmo após 37 anos, ainda não voltou daquela expedição.
A nova escavação teve como objetivo esclarecer uma das pistas sobre o paradeiro do garoto, que trabalha com a hipótese de Marco ter sido morto e enterrado no local, contudo, não teve sucesso em encontrar novas pistas.
Marco Aurélio, gêmeo de Marco Antônio, nasceu em 1970, em São Paulo. Os meninos nasceram com 6 meses de gestação, apresentando uma série de problemas de saúde, Marco Aurélio nasceu com 940 gramas.
“Certo dia, me disseram que Marco Aurélio não passaria daquela noite”, conta Ivo. Durante a internação do filho, um dos médicos sugeriu que fosse administrada uma injeção no bebê, que poderia salvá-lo ou matá-lo. “Depois de batalhar muito, ele sobreviveu”.
Desde então, Ivo espera por um segundo milagre, encontrar o filho vivo. “Aprendi a ter paciência, desde a época em que ele estava internado”, explica Ivo. Nos primeiros dias do desaparecimento de Marco Aurélio, o pai chamou a atenção pela sua calma. “Eu precisava mostrar tranquilidade e pensar numa solução. Por dentro, estava fervendo”, afirma.
Durante estes 36 anos, Ivo perdeu a esposa para um câncer, passou por duas cirurgias cardíacas. Após todos os esforços para buscar o filho, Ivo ainda se pergunta se fez tudo que estava em seu alcance. “Será que fiz tudo que podia? Será que eu errei mais uma vez?”, completa o jornalista.
DESAPARECIMENTO
Na manhã do dia 8 de junho de 1985, um grupo de cinco pessoas de São Paulo, formado por quatro escoteiros de 15 anos e pelo líder Juan Bernabeu Céspedes, à época com 36 anos, partiu do acampamento para tentar alcançar o cume do Pico dos Marins, que fica a 2.420 metros. A cerca de 1.700 metros de altitude, um dos garotos torceu o pé. Era por volta de 14:00hs. Céspedes autorizou, então, que Marco Aurélio voltasse sozinho ao acampamento, para pedir ajuda, enquanto os demais levavam o rapaz que havia se machucado e que caminhava com dificuldade. O grupo se perdeu e só conseguiu retornar à base às 5:00hs do dia seguinte. No local, encontraram a mochila de Marco Aurélio fora das barracas, mas o adolescente não estava lá.
As buscas se estenderam por 28 dias e reuniram aproximadamente 300 pessoas, entre policiais civis, militares, mateiros, espeleólogos (especialistas em grutas e cavernas), alpinistas, além de aeronaves. Nenhuma pista do paradeiro do escoteiro foi encontrada.
O inquérito estava arquivado desde abril de 1990, quando as investigações oficiais foram encerradas. Nessa nova etapa, a Polícia trabalha com duas linhas de apuração: que o escoteiro tenha sido morto e enterrado na propriedade; ou que ele ainda esteja vivo, com base em informações levantadas por uma investigação paralela feita por parentes e amigos da família de Marco Aurélio.
Fonte: O Vale – Por Thais Perez
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