Já estariam no fim os meus poucos dias? Afasta-te de mim, para que eu tenha um instante de alegria, antes que eu vá para o lugar do qual não há retorno, para a terra de sombras e densas trevas, para a terra tenebrosa como a noite, terra de trevas e de caos, onde até mesmo a luz é trevas.
Jó 10:20-22.
De acordo com Mateus 12:40, Jesus afirmou que depois de sua morte ele passaria três dias e três noites no coração da Terra, numa região ampla e única que o Novo Testamento chama de “Hades”, para onde vão as almas dos que falecem (ao passo que seus corpos ficam em suas respectivas sepulturas).
O programa Conhecendo a sua Bíblia com o Reverendo Ismael Hultado mostra o quadro que a Bíblia apresenta é que essa moradia dos mortos é um lugar tão profundo que fica abaixo das próprias águas oceânicas, numa região chamada Abismo (ou Abadon). De modo que parece não haver nenhuma dúvida de que os quatro textos bíblicos se referem exatamente ao mesmo lugar para onde Jesus desceu após a morte, uma terra abismal de trevas e de caos. No entanto, a depender da tradução da Bíblia utilizada, pode haver alguma dúvida com relação ao que está escrito e o Reverendo se dispõe a debater o assunto.
No Antigo Testamento as almas dos mortos no Seol são chamadas de “sombras”. E o Novo Testamento chama de “Hades”, palavra emprestada da antiga cultura grega que se referia à morada das almas dos mortos, que os gregos também achavam estar no mais profundo subterrâneo, que poderia ser o inferno. Desceu ao inferno e ressurgiu dos mortos ao terceiro dia, reza o credo apostólico. Algumas traduções da Bíblia costumam traduzir “Seol” ou “Hades” por sepultura, porém esta é uma tradução imprecisa e normalmente inadequada, pois nas sepulturas ficam apenas os corpos mortos, ao passo que o Hades recebe as almas dos que morreram. Outro costume de alguns tradutores é verter Hades por “Inferno”, palavra que significa “mundo inferior”. Embora seja uma opção melhor do que a palavra sepultura, o ideal é manter a forma grega (ou hebraica) para não se confundir com o conceito de tormento eterno destinado aos maus, situação pela qual certamente Jesus não passou quando desceu para o “inferno”. Por isso com o tempo acabou sendo trocado por, desceu a mansão dos mortos…
“Cristo, que tinha descido à terra pela Encarnação, desceu até à região dos mortos, imaginada como subterrânea (1 Pd 3, 9); subindo ao céu pela Ascensão, mandou o Espírito Santo com seus dons, para realizar o crescimento da Igreja”. Sendo assim, as “regiões inferiores” é o lugar onde os mortos estão. Ou seja, o Hades, no profundo subterrâneo da Terra.
“Com efeito, também Cristo morreu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, a fim de vos conduzir a Deus. Morto na carne, foi vivificado no espírito, no qual foi também pregar aos espíritos em prisão, a saber, aos que foram incrédulos outrora, nos dias de Noé, quando Deus, em sua longanimidade, contemporizava com eles, enquanto Noé construía a arca, na qual poucas pessoas, isto é, oito, foram salvas por meio da água”. – 1 Pedro 3:18, 19, Bíblia de Jerusalém.
Sendo assim, a pergunta do programa desta semana é Cristo realmente desceu ao Hades, nas partes subterrâneas da Terra? E se em tal ocasião ele pregou mesmo aos que lá estavam, é razoável supor que as palavras de Paulo em Efésios 4:9 também se referem a tal episódio. Neste caso, os que foram receptivos às palavras de Jesus poderiam ser os prisioneiros que foram libertados.
Visto que Jesus afirmou claramente que iria para o coração (ou centro) da Terra quando morresse, o que nada mais é do que as profundezas da Terra, parece muito mais razoável traduzir esse trecho de Efésios por um possessivo genitivo. O Reverendo Ismael Consultou varias traduções diferentes da Bíblia e apenas oito delas contêm uma fraseologia semelhante ao que está na TNM e nos convida a questionar o assunto que se torna para muitos uma dúvida, teria Jesus ido aos infernos?
“Muitos dos Pais da Igreja, e de fato a maioria dos intérpretes até o tempo de Calvino, entenderam que isto se refere à descida de Cristo ao Hades. A grande maioria dos teólogos luteranos (com algumas notáveis exceções, incluindo Harless) defende o mesmo ponto de vista. Alguns pensam que o relato implica em uma visita de Cristo ao Hades com o intuito de liberar almas”. O programa Conhecendo a Sua Bíblia, abre esse leque, para sua reflexão e maior entendimento sobre o assunto em pauta. Vale a pena conferir o vasto assunto e dar a sua opinião se assim desejar.
Direto da Redação
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