A liturgia deste domingo ensina-nos que o único sacrifício agradável a Deus é o do coração disposto a amar o próximo, não só dando-lhes o que se possui, mas a própria vida como gratidão eterna.
Deus abençoa os que partilham os seus próprios bens. A tendência arraigada do coração do homem hoje não é a de distribuir, mas a de acumular a riqueza para usá-la para suas satisfações egoístas. A Palavra de Deus propõe o desapego, não porque os bens materiais sejam ruins em si mesmos, mas porque só quando são partilhados, quando são colocados à disposição de todos é que realizam o objetivo pelo qual foram criados. A generosidade da viúva, que oferece tudo o que possui a quem necessita mais do que ela, é a causa da multiplicação do alimento e nosso tema de hoje. O egoísmo é que provoca a fome, a nudez, a miséria, a morte.
No Antigo Testamento, para apagar os pecados do povo, o sumo sacerdote entrava uma vez por ano na parte mais sagrada do templo a fim de derramar o sangue dos animais em vista da expiação dos pecados. Jesus, por sua vez, ofereceu um só e perfeito sacrifício, não derramou o sangue dos animais, mas doou o seu próprio sangue que foi derramado na cruz, e, com o seu gesto de amor, destruiu definitivamente o pecado a fim de trazer salvação a humanidade.
A narrativa evangélica que lemos e ao mesmo tempo escutamos, se divide em duas partes. A primeira nos apresenta o julgamento de Jesus sobre os escribas (as pessoas com grande autoridade em sua época). A segunda contém o gesto generoso de uma viúva observada por Jesus.
Os escribas eram os “especialistas” no conhecimento dos preceitos religiosos. Eram responsáveis por interpretar as leis de Deus e julgar nos tribunais aqueles que não as cumpriam. Porém, estes estavam tomados pelo poder, ao ponto de usar a lei de Deus para julgar e condenar o próximo, sobretudo os pobres, as viúvas, os órfãos e os estrangeiros. Eles gostavam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. Jesus tece duras críticas aos escribas por suas atitudes e comportamentos hipócritas.
Naquela oportunidade ele estava no templo, Jesus observava como a multidão depositava as moedas no cofre. Ele vê uma viúva que dá duas pequenas moedas, “tudo o que possuía para viver” (v.44), chama os discípulos e os exorta: os pobres são os verdadeiros adoradores de Deus, pois a pobre viúva deu muito mais que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela na sua pobreza, ofereceu tudo o que possuía para viver.
Para poder compreender a importância desse episódio é preciso lembrar que esta viúva não conhecia Jesus, nunca tinha ouvido falar sobre os seus ensinamentos, não respondeu a um chamado para o servir, não se tornou uma de suas seguidoras. Não o acompanhou, como fizeram os Doze e muitas outras mulheres que ficaram ao seu lado durante os três anos de sua vida pública (cf. Lc 8,1-3).
Ela representa todos aqueles que, também em nossos dias, mesmo não tendo lido uma única página do evangelho, têm uma vivência evangélica, tem sede de justiça e gratidão e procura amar seus semelhantes verdadeiramente conforme reza as escrituras. A narrativa tem como objetivo apresentar aos discípulos um modelo que deve ser admirado e imitado, isto é, a humildade.
O cristão não é o homem rico que, possui muitos bens, pode dar generosas esmolas, oferecendo parte daquilo que lhe sobra. O cristão é aquele que, rico ou pobre, coloca à disposição dos irmãos “tudo” o que possui. A viúva é a imagem perfeita do Cristo, porque se despoja de tudo o que tem e oferece em doação aos outros. Ela me lembra muito São Francisco de Assis que abre mão de sua riqueza e na pobreza doa tudo que possui.
São Marcos em suas palavras, hoje conta-nos a história da viúva, uma pobre viúva que, dando suas únicas moedas, dava tudo quanto possuía. Foi uma atitude bonita, simples, porém, significativa, que Jesus apreciou e fez um elogio sobre seu ato aos seus discípulos. A esmola da viúva, modesta no seu valor, foi a de maior importância no ponto de vista de Jesus.. A Misericórdia é uma virtude moral pela qual uma pessoa se dedica à outra com compaixão, que procura ajudar sem medir esforços. Quem não se compadece do sofrimento de seu irmão não é digno do reino dos céus. Dando ajuda espiritual e material na medida das suas posses você agrada Jesus, como aquela viúva lhe agradou. O mérito não está na grandeza ou na pequenez da nossa oferta à Deus. Mas sim em como o fazemos porque as bênçãos que recebemos sempre são devidas aos nossos merecimentos.
Os mestres da Lei, por exemplo, prevalecendo-se da estima que gozavam do povo, tornavam-se vaidosos e inescrupulosos e se julgavam donos da verdade. Sentiam prazer em ser reconhecidos como pessoas altamente consideradas, eles não estavam nem ai com seus irmãos menos favorecidos. Sendo assim, abusavam da boa fé e da hospitalidade das pobres viúvas, passando longas horas de oração na casa delas, só para comer do bom e do melhor. Com prazer jogavam consideráveis esmolas no tesouro do templo, para serem vistos e louvados pelos presentes. Tal esmola, porém, embora valiosa em termos monetários, não tinha valor para Deus.
Bem diferente era o destino e a situação daquela pobre viúva que, tendo oferecido apenas algumas moedinhas, fez um gesto altamente agradável, porque marcado pela simplicidade e pela discrição agradou a Deus. Talvez, só Jesus a tenha observado. A viúva não ofereceu do seu supérfluo. Antes, abriu mão do que lhe era necessário, para fazer um gesto agradável a Deus. Por isso, seu pouco se tornou muito aos olhos de Jesus. Por que Deus vê o coração, sabe a tua dor, as tuas aflições e suas necessidades e se compadece com o seu sofrimento seja ele qual for. – Jesus sabe do que eu e você podemos doar. Quanto podemos doar, quanto podemos oferecer. Ele acredita no meu e no teu potencial e preparou muitas coisas que somente eu e você podemos pedir para Ele resolver.
Mas eu e você ainda não demos tudo o que podíamos ter dado e por isso continuamos amarrados, muitas vezes infelizes sem rumo e sem destino definido. Não sejamos egoístas, imprudentes, mas generosos, gratos por qualquer gesto que tenhamos recebido de alguém pequeno ou grande, Jesus está de olho nas nossas atitudes. O que prometemos tem que ser realizado, porque toda promessa é divida aos olhos de Deus. Diga o teu sim e dê tudo àquilo que você pode e deve dar. Não te fará falta, pelo contrário um mar de abundâncias se abrirá aos que são generosos e sabem reconhecer os benefícios recebidos. Siga o exemplo da viúva e veja como ela agradou a Deus. Siga o exemplo do jovem Francisco de Assis, ele agradou a Deus na sua simplicidade. Se assim fizeres também a tua oferta será agradável a Deus!
Direto do Santa Missa em seu Lar
DEIXE SEU COMENTÁRIO | Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site.