Cristo é rei porque é o mediador e Senhor de toda criação. Por ser a expressão do amor de Deus com a humanidade, todas as coisas encontram nele seu acabamento e seu significado. Pelo amor, Deus continua sua obra no mundo de tal forma que toda humanidade é chamada a participar de sua divindade.
Cristo por ser o homem-Deus é o primogênito de toda criatura, é o rei da criação, por ser a imagem do Deus invisível e ser ao mesmo tempo, a expressão de sua vontade. Quando falamos em Reino de Deus, há de se observar que devemos fazer uma observação: a lógica do mundo, que geralmente vai buscar mais poder para manter seu lugar de conforto, é diferente da lógica de Cristo, que tem por base o amor e o serviço. Cristo é Rei não pelo uso da força, mas por ter dado a vida gratuitamente pelos seus. Essa força do amor jamais será vencida pelas potências deste mundo.
O texto na primeira leitura aparece inserido numa reflexão mais ampla sobre a história e os valores sobre os quais são construídos os impérios humanos. Os reinos construídos pelos homens baseiam-se, frequentemente, num poder arrogante e são geradores de exploração, miséria e violência. Segundo esse pensamento, a humanidade estará, irremediavelmente, condenada a viver sob o domínio da injustiça e da opressão onde nunca nos libertaremos desse ciclo.
O autor do Livro de Daniel acredita que o reino do mal não será eterno e que Deus intervém na história para destruir essas forças de morte que impedem os homens de alcançarem a liberdade, a paz e a vida plena. Numa época em que os imperialismos, fundamentalismos, colonialismos e a cegueira dos líderes das nações poderosas multiplicam o sofrimento de tantos homens e mulheres, a profecia de Daniel convida-nos à esperança e à confiança: Deus não abandona o seu Povo em marcha pela história e saberá derrubar todos os poderes humanos que impedem a realização plena do homem.
No Evangelho, João nos apresenta uma realeza de Jesus que contrasta com a do mundo. O evangelista fala que a realeza de Cristo é paixão, morte, ressurreição e acensão junto ao Pai. Neste mistério notamos a realeza do amor: Cristo que dá a própria vida para que todos possam viver (Jo 10,10), inclusive seus condenadores e algozes quando diz: “Pai, perdoa-lhes: porque eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34).
As declarações de Jesus diante de Pilatos não deixam dúvidas: Ele é “rei” e recebeu de Deus, como diz a primeira leitura, “o poder, a honra e a realeza” sobre todos os povos da terra. Jesus, o nosso Rei, é princípio e fim da história humana. Mesmo diante dos desafios do tempo presente, não podemos cair no desânimo. Cristo é quem preside a história e que, apesar das falhas dos homens, continua a caminhar conosco e a nos apontar os caminhos da salvação e de vida.
Jesus apresenta-se aos homens sem qualquer ambição de poder ou de riqueza. Diante deles apresenta-se só, indefeso, prisioneiro, revestido apenas com a força do amor e da verdade. Não impõe nada; só propõe aos homens que acolham no seu coração o amor, serviço, obediência a Deus e aos seus projetos de promoção de vida e solidariedade com os pobres e marginalizados. É desta maneira que Ele vai combater o egoísmo, a injustiça, a exploração e tudo o que gera sofrimento e morte.
A figura de Jesus no livro do Apocalipse é a figura do Senhor do Tempo e da História, princípio e fim de todas as coisas. É a do “príncipe dos reis da terra”, que há de vir “por entre as nuvens” cheio de poder, glória e majestade para instaurar um reino definitivo de felicidade, vida e paz. Esta imagem de Jesus apela à confiança e à esperança: sejam quais forem as vicissitudes e as derrapagens da história humana, o caminho dos homens não será um caminho sem saída, destinado ao fracasso; mas será um caminho que terá seu fim no Reino que Jesus veio anunciar e propor. Sua ação como Senhor da História se concretizará na justiça, no amor e na paz para todos.
Direto do Santa Missa em Seu Lar
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