Na leitura do livro dos Reis é possível perceber a angústia que Elias viveu, pois precisou fugir da rainha Jezabel que queria tirar a sua vida. Para além das forças humanas, é Deus que o move a sair desta realidade. É Deus que o atrai para que continue a realizar suas maravilhas. Na história da salvação, o povo que fugia da perseguição do faraó, não permanece desamparado, mas Deus caminha com eles.
Antes de viver o deserto, Elias se deparou com os limites da existência humana, com tudo aquilo que coloca o homem na mais profunda aflição e desespero. O desejo da morte é resultado da sua condição enquanto perseguido, do seu sofrimento, medo, fome e tantos outros sentimentos gerados na sua condição existencial. Elias foge para salvar a sua vida.
Deus não nos priva de vivermos as dificuldades nesta vida, mas nos dá a coragem para superá-los. Assim como oferece o pão e a água para que Elias continue a sua missão, o Senhor coloca em nossa vida garantias que é possível vencer os obstáculos e carregar as nossas “cruzes.”
Deus se apresenta de forma inesperada, semelhante à brisa suave que tocou Elias e o reconfortou para continuar a sua missão. Ir ao encontro de Deus exige de nós sacrifícios diários. O próprio Cristo enfrentou em sua vida pública a rejeição daqueles que não se abriram a sua mensagem. Paralelo a Elias, precisamos constantemente ressignificar nossos pensamentos e não perder a esperança frente aos desafios que a vida nos oferece. A ação de Deus se realiza em meio a sua sutileza e suavidade nos acontecimentos do mundo.
A Carta de São Paulo aos Efésios revela em seus escritos os planos de Deus, feitos por Jesus Cristo, desenvolvido na Igreja. A unidade é essencial para “derrubar com os muros” que ainda atrapalham a comunhão de irmãos e irmãs. O trecho da carta de hoje lembra que o Espírito Santo é fiel em sua missão para com aqueles que confiam em suas promessas. É preciso evitar qualquer situação que atrapalhe a vida do cristão e para isso é fundamental que aprendamos a cada dia a dádiva do perdão.
Jesus Cristo na cruz derrama seu sangue em favor de nossa condição pecadora. Fomos redimidos e salvos, pois aquele que não tinha pecado, “se fez pecador” por todos nós. São Paulo diz que precisamos buscar a santidade, imitando a Deus, viver no amor assim como Cristo viveu, semelhantes a uma oferta agradável. Entretanto, podemos pensar: na minha vida de batizado, tenho buscado viver a santidade todos os dias, seguindo os mandamentos divinos e sendo uma pessoa paciente, amorosa e compassiva? Ou prefiro viver um individualismo que me fecha a todas as realidades e situações?
O exercício do amor diário é um verdadeiro remédio para eliminar do nosso coração toda raiva e rancor que nos distancia da graça divina. Nossas comunidades e famílias devem ser lugares de encontro com o Deus que quer nos reunir e não nos separar. Precisamos nos abrir sempre a graça do Espírito. São João Paulo II dizia que é pelo “Espírito que o Senhor infunde, doa um coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem, como Cristo nos amou.” A ação divina em nossas vidas nos lança para uma vida nova e repleta dos dons divinos.
No Evangelho, São João apresenta Jesus como o Pão da vida. Em Jesus, Deus ensina a humanidade o caminho a ser trilhado. A instrução dada por Deus é para que o povo alcance a vida eterna e para isso, é preciso crer naquilo que Jesus apresenta, em sua mensagem de salvação.
O maná consumido no deserto pelos que já se foram é agora substituído pelo “verdadeiro pão” que não perecerá jamais: o próprio Jesus Cristo. Se a Lei desceu do céu e foi o que guiou o povo judeu até então, agora o Filho de Deus, que também desceu do céu, levará a plenitude a Lei divina, apesar de que eles não aceitaram contemplar tamanha grandeza e se contentaram em dizer que “conheciam quem era esse Jesus”, filho de José, de Nazaré. Faz-se necessário realizar um encontro profundo com Jesus. Em muitos momentos de nossa vida, dizemos que conhecemos Jesus, mas nunca fizemos um encontro radical com Ele. Sentir-se atraído por aquilo que Jesus nos apresenta é antes de tudo uma graça dada por Deus. Ter fé para vislumbrar os planos de Deus é um dom, não alcançado meramente com esforços humanos, mas sempre abertos aos desejos do Pai. Jesus é o pão que se oferece para a salvação do mundo. Ele partilha a sua vida com a humanidade, não mede esforços para nos salvar.
Celebrar a Eucaristia é viver uma contínua ação de graças pela infinita bondade de um Deus que nos ama e se doa no madeiro da cruz para que a vida renasça onde antes o pecado anulou as esperanças de um mundo novo. Sejamos gratos por este Sacramento e não murmuremos ou impeçamos que a graça divina nos alcance. Participar da Mesa eucarística é se comprometer diariamente com o projeto de Deus. Exige de nós renúncias e sacrifícios que fazem de nós mais parecidos com Jesus: servos humildes, capazes de dar e gerar vida pelo amor. Viver a Eucaristia é viver um encontro profundo com Jesus.
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