Teoria Topográfica é uma teoria postulada pelo neurologista austríaco Dr. Sigmund Freud no livro “A Interpretação dos Sonhos”, que estratifica representativamente a consciência em níveis ou dispõe topologicamente a mente. Nessa teoria, Dr. Freud divide o aparelho psíquico em três sistemas mentais correlacionados entre si próprios e entre à consciência: Inconsciente, Pré-consciente e Consciente.
Os princípios básicos desta teoria desenvolvida pelo Dr. Sigmund Freud estariam sintetizados nas três principais obras publicadas pelo neurologista: “Interpretação dos Sonhos” (1900), “Psicopatologia da Vida Cotidiana” (1904), e “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” (1905).
Freud e a Psicanálise
Freud baseou seus estudos na ideia de que o corpo é a fonte básica de toda experiência psíquica, acreditava que os fenômenos mentais estavam intensamente relacionados à fisiologia do cérebro. Dizia que há uma causa para tudo cada sentimento e ação. Tudo e causado por uma intenção consciente ou inconsciente e determinado por fatos antecedentes.
Para ele, a mente se divide em consciente, e inconsciente. O inconsciente armazena os instintos e desejos aos quais a consciência não tem acesso e também o que foi censurado, que por alguma razão o sujeito não aceita e então reprime no seu inconsciente. São elementos vivos, que ao serem trazidos a consciência provoca grande força emocional.
É no inconsciente que se encontram os principais determinantes da personalidade, as pulsões e os instintos.
O pré-consciente faz parte do inconsciente, porém é a parte que se permite ser lembrada com facilidade, e a memória necessária para que o indivíduo realize suas funções pois, é nela que se armazenam nomes, números, datas, experiências passadas, conhecimentos. Os três níveis de consciência do ser humano: Consciente, pré-consciente e inconsciente
Freud inicia seu pensamento teórico assumindo que não há nenhuma descontinuidade na vida mental. Ele afirmou que nada ocorre ao acaso e muito menos os processos mentais. Há uma causa para cada pensamento, para cada memória revivida, sentimento ou ação.
Cada evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente e é determinado pelos fatos que o precederam. Uma vez que alguns eventos mentais “parecem” ocorrer espontaneamente, Freud começou a procurar e descrever os elos ocultos que ligavam um evento consciente a outro. O Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente.
Os níveis da consciência ou modelo topológico da mente
Para Freud a psique (ou aparelho psíquico) do ser humano como um sistema de energia: cada pessoa é movida, segundo ele, por uma quantidade limitada de energia psíquica. Essa energia provém das pulsões (às vezes chamadas incorretamente de instintos). Segundo o autor, o ser humano possui duas pulsões inatas, a sexual e a de morte. O ser humano é, assim, sexual e agressivo por natureza e a função da sociedade é amansar essas tendências naturais do homem. A situação de não poder dar vazão a essa energia gera no indivíduo um estado de tensão interna que necessita ser resolvido. Toda ação do homem é motivada, assim, pela busca hedonista de dar vazão à energia psíquica acumulada.
Consciente
Segundo Freud, o consciente é somente uma pequena parte da mente, incluindo tudo do que estamos cientes num dado momento. O interesse de Freud era muito maior com relação às áreas da consciência menos expostas e exploradas, que ele denominava Pré-Consciente e Inconsciente.
Inconsciente. A premissa inicial de Freud era de que há conexões entre todos os eventos mentais e quando um pensamento ou sentimento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precedem, as conexões estariam no inconsciente. Uma vez que estes elos inconscientes são descobertos, a aparente descontinuidade está resolvida. Denominamos um processo psíquico inconsciente, cuja existência somos obrigados a supor – devido a um motivo tal que inferimos a partir de seus efeitos – mas do qual nada sabemos.
Inconsciente
No inconsciente estão elementos instintivos não acessíveis à consciência. Além disso, há também material que foi excluído da consciência, censurado e reprimido. Este material não é esquecido nem perdido mas não é permitido ser lembrado. O pensamento ou a memória ainda afetam a consciência, mas apenas indiretamente.
O inconsciente, por sua vez, não é apático e inerte, havendo uma vivacidade e imediatismo em seu material. Memórias muito antigas quando liberadas à consciência, podem mostrar que não perderam nada de sua força emocional. Aprendemos pela experiência que os processos mentais inconscientes são em si mesmos intemporais. Isto significa em primeiro lugar que não são ordenados temporalmente, que o tempo de modo algum os altera, e que a ideia de tempo não lhes pode ser aplicada. Assim sendo, para Freud a maior parte da consciência é inconsciente. Ali estão os principais determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica, as pulsões e os instintos.
Pré-consciente
Estritamente falando, o Pré-Consciente é uma parte do Inconsciente, uma parte que pode tornar-se consciente com facilidade. As porções da memória que nos são facilmente acessíveis fazem parte do Pré-Consciente. Estas podem incluir lembranças de ontem, o segundo nome, as ruas onde moramos, certas datas comemorativas, nossos alimentos prediletos, o cheiro de certos perfumes e uma grande quantidade de outras experiências passadas. O Pré-Consciente é como uma vasta área de posse das lembranças de que a consciência precisa para desempenhar suas funções.
Modelo estrutural da personalidade
Freud desenvolveu mais tarde, (1923) um modelo estrutural da personalidade, em que o aparelho psíquico se organiza em três estruturas:
Id (em alemão: es, “ele, isso”): O id é a fonte da energia psíquica, a libido. O id é formado pelas pulsões, instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer (Lustprinzip), ou seja, busca sempre o que produz prazer e evita o desprazer. Não faz planos, não espera, busca uma solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece inibição. Ele não tem contato com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter o mesmo efeito de uma atingida través de uma ação. O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral, sendo exigente, impulsivo, cego, irracional, antissocial e dirigido ao prazer. O id é completamente inconsciente.
Ego (ich, “eu”): O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo. É o chamado princípio da realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera ao comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de consequências negativas. A principal função do ego é buscar uma harmonização inicialmente entre os desejos do id e a supervisão/realidade/repressão do superego.
Superego (Über-Ich, “super-eu”, “além-do-eu”): A parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade. O superego tem três objetivos: (1) reprimir, através de punição ou sentimento de culpa, qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados; (2) forçar o ego a se comportar de maneira moral, mesmo que irracional; e, (3) conduzir o indivíduo à perfeição, em gestos, pensamentos e palavras. O superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores recebidos dos pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar de uma maneira bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por pensamentos inaceitáveis; outra característica sua é o pensamento dualista (tudo ou nada, certo ou errado, sem meio-termo). O superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem a ser procurado, e a consciência (Gewissen), que determina o mal a ser evitado.
Conclusão
Sigmund Freud (1856-1939), formado em medicina pela Universidade de Viena (Áustria) foi neurologista, psiquiatra, pesquisador e professor austríaco que criou a Psicanálise, método utilizado para o tratamento de doenças mentais. Suas teorias se espalharam na cultura popular e o tornaram um grande ícone do século XX. Este século foi denominado de século freudiana. A Psicanálise de Freud revolucionou as crenças científicas dos tempos modernos ao estabelecer um entendimento especial e singular dos estudos abissais da mente humana. Freud inovou em dois campos. Simultaneamente, desenvolveu uma teoria da mente e da conduta humana, e uma técnica terapêutica para ajudar pessoas afetadas psiquicamente. Muitas pessoas continuam estudando e praticando a psicanálise freudiana tradicional. No âmbito da psicanálise moderna, a palavra de Freud continua ocupando um lugar determinante, embora suas teorias apareçam reinterpretadas por autores como Jacques Lacan, Melanie Klein, Carl Jung e outros.
No século 21, época em que o capitalismo tem se dedicado com fervor à colonização do inconsciente -uma das tarefas da indústria cultural -, a psicanálise resgata a potência dessa instância psíquica, ao mesmo tempo fábrica de sonhos e caldeirão de pulsões, promovendo uma prática “descolonizadora” e livrando o sujeito da alienação. Esse é um dos motivos para se ler, ainda hoje, as obras do criador da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), segundo a psicanalista Maria Rita Kehl. Ela é autora de um dos 14 artigos que compõem o livro Por que Freud Hoje? Organizado pelo professor do Instituto de Psicologia da USP Daniel Kupermann e lançado pela Editora Zagodoni.
Esse livro é excelente e vai enriquecer sua vida em todos os sentidos.
Dr. Inácio José do Vale
Psicanalista Clínico, PhD
Professor e Conferencista
Atende na Comunidade de Ação Pastoral – CAP
Bairro São Cristóvão – Pouso Alegre – MG
Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea e Membro da Ordem Nacional dos Psicanalistas/RJ.
Direção: Neilo Machado – Produção e Imagens: Anderson Campos
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