Os princípios básicos desta teoria desenvolvida por Freud estariam sintetizados nas três principais obras publicadas pelo neurologista: “Interpretação dos Sonhos” (1899), “Psicopatologia da Vida Cotidiana” (1904), e “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” (1905).
Em suma, o estudo de Freud representa a chamada “teoria geral da personalidade”, que consiste num método de psicoterapia. Para que haja o correto entendimento dos processos mentais a partir da ótica da psicanálise, é necessário distinguir os três níveis de consciência do ser humano:
Consciente: é o estado em que sabemos (temos consciência) daquilo que pensamos, sentimentos, falamos e fazemos. São todas as ideias que os indivíduos estão cientes de existir / pensar.
Pré-consciente: é o estado das ideias que estão inconscientes, mas que podem voltar a ser conscientes, caso haja o correto direcionamento da atenção dos indivíduos para elas. Os pensamentos que se encontram neste estado, por exemplo, podem ser percebidos a partir dos sonhos.
Inconsciente: onde ficam guardados todos os desejos e ideias reprimidas, censuradas e inacessíveis ao estado consciente, mas que acabam por afetar os comportamentos e sentimentos dos indivíduos.
Assim, a partir da observação, o psicanalista consegue identificar vestígios de traumas, desejos ou ideias que tenham sido reprimidas para o inconsciente do paciente e que, como consequência, provoquem distúrbios comportamentais e neuroses.
A psicopatologia, conhecida popularmente como psiquiatria, é o ramo da medicina que se ocupa do estudo e compreensão do fato psíquico patológico, do homem enfermo psicologicamente. A mesma, adota uma visão referente à perspectiva clínica, condizendo que a conduta delitiva, no caso de enfermos que chegam a cometer algum delito, é pura expressão de um determinado transtorno patológico da personalidade, ao qual aflige um determinado indivíduo.
A psicanálise, a qual foi bastante estudada e compreendida em sua essência fundamental por Freud correspondem ao exame da estrutura psicodinâmica da personalidade, seus conflitos internos e frustrações. O modelo psicanalítico distingue três complexos psicológicos, os quais são o Id, Ego e o Superego, estes integram o aparelho intrapsíquico, cujo equilíbrio garante uma estabilidade nas estruturas e funções psicológicas do indivíduo em questão.
Teoria freudiana da personalidade: Id, Ego e Superego
Além desses dois componentes principais da mente, a teoria freudiana também divide a personalidade do ser humano em três componentes principais: o id, ego e superego. O ID segundo Freud é a parte mais primitiva de personalidade que é a fonte de todos os nossos impulsos mais básicos. Esta parte da personalidade é totalmente inconsciente e serve como fonte de toda a energia libidinal. O ego na teoria de Freud é o componente da personalidade que é acusado de lidar com a realidade e ajuda a garantir que as exigências do id são satisfeitas de maneira que sejam realistas, seguras e socialmente aceitáveis. O superego na teoria freudiana é a parte da personalidade que mantém todas as normas morais internalizadas e padrões que adquirimos de nossos pais, família e sociedade em geral.
O desenvolvimento psicossexual divide-se em várias fases consoante a faixa etária
Fase oral: o bebé obtém prazer e conforto através da boca. Ou seja, comportamentos como mamar, beber algo pelo biberão ou estar com a chupeta na boca fazem o bebé sentir-se bem. Ocorre no primeiro ano de vida. A criança sente prazer em estimular a cavidade oral e os lábios. Isto ocorre, devido à amamentação e ao contato com o seio materno.
Fase anal: o maior foco de satisfação da criança é o anus, nomeadamente através das fezes. Ocorre entre 2 e 4 anos. A criança destaca a fase anal como uma zona erógena. Neste período a criança passa a adquirir o controle dos esfíncteres anais (prazer de reter).
Fase fálica: nesta fase a zona de erotização primordial da criança é o órgão sexual, começando aqui a tocar no seu órgão. Ocorre a partir de 3 até 5 anos. As principais zonas erógenas se deslocam para os órgãos genitais. A criança descobre seu órgão sexual, se interessa em conhecer o sexo oposto e ainda manipula seu órgão sexual. Esta é a fase do Complexo de Édipo/Electra,
Fase de latência: esta fase dura até ao início da adolescência e é marcada por “intervalo” no desenvolvimento da sexualidade, onde há um menor interesse nas atividades sexuais. Ocorre aproximadamente entre 5 anos e a puberdade. A criança interrompe seu desenvolvimento sexual, suas necessidades sexuais tornam-se secundárias e menos importantes no seu cotidiano. Este período latente, sem grandes conflitos auxilia, inclusive, no desenvolvimento cognitivo.
Fase genital: é a ultimo estádio de desenvolvimento da sexualidade, sendo que o foco do prazer não está tanto no próprio corpo mas num objeto externo ao indivíduo, nomeadamente no parceiro com quem tem uma relação. Ocorre na adolescência e representa a etapa final de desenvolvimento sexual. O adolescente irá procurar um outro adolescente do sexo oposto com o objetivo de perpetuação da espécie. Nesta fase ele já apresenta a potencialidade da reprodução e, assim, atinge a mais importante etapa do desenvolvimento da sexualidade no ser humano.
Pensamentos do inconsciente
Como Isaac Newton já afirmara anteriormente, toda ação possui uma reação de igual intensidade, tudo com o objetivo de haver um equilíbrio de forças. De maneira similar, Carl Gustav Jung afirmava que para qualquer atitude consciente, há uma compensação inconsciente sempre igual a primeira.
Jung disse “[…] às vezes somos tomados por estados e emoções que despertam em nós impulsos, sentimentos, pensamentos e imagens que nos parecem totalmente estranhos. Frequentemente, tais emoções são diametralmente opostas aos nossos pontos de vista ou intenções, de tal forma que dão a impressão de se tratar de manifestações de um ser com existência própria, diferente de nós.”.
Sigmund Freud
“Cada pessoa é um abismo. Dá vertigem olhar dentro delas.”
“As emoções não expressas nunca morrem. Elas são enterradas vivas e saem de piores formas mais tarde”.
“Nossas lembranças – sem excetuar as que estão mais profundamente gravadas em nossa psique – são inconscientes em si mesmas.”
“Impulsos irracionais determinam nossos pensamentos, nossos sonhos e nossas ações”.
Conclusão
A psicanálise lida titanicamente contra os monstros demolidores no campo de batalha do inconsciente e seu combate é destruí-los limpando esse campo para ser o jardim das delicias! O inconsciente é como as profundezas do mar, o psicanalista é como o hipotalássico que penetra abissalmente no inconsciente do paciente e junto eliminam seus traumas, seus dramas e trazendo-o a superfície do consciente liberto e rumo a uma nova vida.
A psicanálise torna a vida mais simples, clara e autêntica. Desfaz o nó na garganta. Tira o peso da consciência. Elimina sentimentos de culpas, punição e autopenalização. Destrói o medo dos monstros interiores e outros causados pela religião. A psicanálise reordena uns emaranhados de impulsos descontrolados e proporciona administrar desejos com racionalidade e equilíbrio. Ela fornece o fio condutor à pessoa para fora do labirinto do seu inconsciente. Ela auxilia na cura e na libertação no mais nobre dos sentimentos: o amor.
Dr. Inácio José do Vale
Psicanalista Clínico, PhD
Professor e Conferencista
Atende na Comunidade de Ação Pastoral – CAP
Bairro São Cristóvão – Pouso Alegre – MG
Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea e Membro da Ordem Nacional dos Psicanalistas/RJ.
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