A Santa Missa em seu Lar, deste domingo de tempo comum é presidida pelo Reverendo Frei Simeão Pereira de Lima que nos fala sobre a Escolha e envio em missão dos doze apóstolos. “Estamos retomando o tempo Comum. Iremos perceber que nesta liturgia de hoje, Deus se preocupa e quer cuidar de seu povo. Quer libertá-los de todo tipo de opressão.
Há Primeira leitura êxodo nos relata: “o Nascimento do povo de Deus”. Quando os israelitas, recém-libertados da escravidão do Egito, acamparam ao redor do Sinai o Senhor estabelece com eles uma aliança, chamado também de “prólogo da aliança”. Tinham se passado três meses da saída do Egito, sob a liderança e mediação de Moisés, com quem Deus se comunicava abertamente. É nesse episódio que Deus propõe a aliança com Israel.
Deus ama a humanidade e este amor está representado inicialmente pelo povo de Israel. É de Deus que parte a iniciativa. A própria libertação da escravidão não foi o povo que pediu, mas Deus que viu a situação e teve compaixão. É Deus que quer ser família com o povo, comunicando os seus propósitos. A função de Moisés é comunicar ao povo o que Deus propõe. Mas é necessário que o povo faça memória do que já foi feito por eles.
O povo não pode esquecer a sua história, pois é nela que Deus se manifesta com seu poder e seu amor, representados no texto pela imagem da águia (A águia era reconhecida pela força que possuía e pela proteção incondicional aos seus filhotes, levando-os de um lugar para outro conforme as circunstâncias).
Quando Israel acolhe a proposta de Deus, Israel recebe uma missão: será “um reino de sacerdotes e uma nação santa”. É uma responsabilidade e uma missão especial: o povo eleito, constituído sacerdote e santo, deve ser sinal da santidade de Deus no mundo, testemunhando com a vida os propósitos de um Deus libertador que quer tornar-se próximo de todos e não tolera injustiças.
Deus propõe continuar fazendo grandes coisas por Israel também no futuro, desde que este guarde a aliança, ou seja, desde que Israel lhe seja fiel e observe o que será proposto como exigências da aliança, cuja síntese é expressa pelo decálogo (cf. Ex 20,1-17).
Na II leitura na carta aos Romanos, na perspectiva de Paulo, o amor de Deus é tão grande, que não pode ser comparado com nenhuma experiência humana de amor. Deus, no entanto, ama imensamente e de modo gratuito e desinteressado; a maior prova disso é a doação total do seu Filho, Jesus Cristo, morto por todos os pecadores. Da gratuidade do amor de Deus, portanto, vem a nossa reconciliação com ele e, consequentemente, a certeza da salvação. Por isso, fomos reconciliados com ele graças ao seu amor gratuito, derramado abundantemente sobre toda a humanidade por meio de seu Filho, Jesus Cristo, morto e ressuscitado.
No Evangelho
O evangelista Mateus, começa dizendo que Jesus se compadeceu das multidões, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas sem pastor, ou seja, abandonadas. Jesus sente a dor do povo no mais profundo de seu ser, e tem compaixão (“contorcer-se nas entranhas”); é a expressão máxima da misericórdia. A situação de abandono das multidões denuncia a corrupção e a hipocrisia dos líderes, principalmente dos religiosos, como já tinha denunciado o profeta Ezequiel ( Ez 34); pastor é a imagem clássica do dirigente em Israel, e ovelha, a imagem do povo, recorda a necessidade de proteção. Quase sempre o motivo do sofrimento do povo é a corrupção dos dirigentes.
A primeira atitude de Jesus, motivado pela compaixão, é reforçar a confiança no Pai, empregando uma imagem também bastante conhecida na época: a messe, o que indica a urgência da missão. A oração, que significa a intimidade com o Pai, é necessidade vital para a comunidade, sobretudo quando as situações são difíceis. Diante da situação que se encontrava o povo, Jesus toma uma atitude libertadora, estendendo aos discípulos as mesmas prerrogativas que recebeu do Pai. Dar poder ou autoridade aos discípulos significa autorizá-los a fazer o mesmo que Jesus fazia. “Expulsar os espíritos maus, curar doença e enfermidade” significa apenas restituir a vida e a dignidade às pessoas espoliadas pelo sistema dominante político e religioso da época, principalmente.
Os doze, cujos nomes o evangelista cita um por um, são enviados a uma missão, com algumas recomendações, como a prioridade “às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Essa prioridade, aqui, não significa um privilégio, mas uma necessidade. “As nações pagãs e as cidades dos samaritanos” não são excluídas nem colocadas em segundo plano por Jesus. De todas as formas de dominação, a pior é a religiosa, e é isso o que justifica a prioridade de Israel no anúncio do Reino por Jesus e seus discípulos; foram os seus dirigentes que se tornaram maus pastores, explorando o povo em nome de Deus. Se o povo estava abandonado, a culpa principal era da religião, devido aos abusos e omissões daqueles que deveriam agir como pastores.
O conteúdo do anúncio é apenas o advento do “Reino dos céus”. De fato, o Reino dos céus se manifesta como vida em plenitude, com justiça, solidariedade, amor e inclusão. Esse Reino não pode ser imaginado como um evento futuro, porque é no presente que as multidões são mutiladas e maltratadas, exploradas e privadas de vida e dignidade. Os discípulos são enviados na gratuidade e no amor para recuperar a vida ameaçada e explorada. Por isso, devem ser promotores da libertação, como pede Jesus. Não cumprindo gestos mágicos ou fantasiosos, mas sendo sinais de vida, com atuação profética e cristã”.
Direto da Redação – imagens e edição de Vinícius Domingos
Padre auxiliar: Rev. Frei José Neilo Machado
Leituras: Ex 19,2 – Rm 5, 6-11 e Mt 9,36 -10,8.
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