Lucas nos apresenta o interesse de um dos discípulos em querer aprender a orar como Jesus. Podemos perguntar o que terá visto esse discípulo, ao longo do tempo que conhecia a Jesus, que fica com desejo de rezar como ele e por isso pede-lhe que lhe ensine a orar? Jesus responde ao pedido de seus amigos prontamente e nos ensina a oração do “Pai Nosso”.
Num primeiro momento apresenta-lhes a relação que ele tem com Deus, seu Pai e como ele se relaciona com Ele. Se reconhece filho e seu Pai não é individual, por isso rezará Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o teu nome.
Jesus ensina os discípulos a orar. Possivelmente ele mostra que rezar ou orar é se conectar com Deus, conversar com Deus como filhos amados na certeza que serão atendidos. Orar é uma forma de caminhar, é uma realidade em movimentos, é realizar um projeto que leva sua palavras ao coração de Deus que é Pai de toda humanidade, Orar faz parte da vida do cristianismo. É uma forma mantermos ligados a Divina Providência.
Quando rezamos uns pelos outros, Deus se mostra paciente para nos escutar e atender, é um diálogo amigável. Por meio dessa oração, buscamos estreitar laços de amor no caminho da santidade, justiça e verdade. Do mesmo modo, a oração perseverante pode nos levar a perceber os valores que devemos viver. Isso é também amarmos uns aos outros.
No Evangelho de hoje, o ensinamento de Jesus sobre a oração tem algo novo e diferente: a oração do ‘Pai Nosso’ nos coloca numa vida nova de proximidade e amor com Deus. Ela não é apenas uma “fórmula” de oração, mas modelo de relação com o Pai do Céu. O Mestre nos dá a graça de participarmos da intimidade da vida divina, nos integrando na sua Família Celestial. A oração de Jesus nos ensina que, orar é um compromisso com o próximo, com aqueles que estamos chamados a amar se desejarmos viver realmente a Boa Notícia de saber que a oração é uma forma de interceder por nós e pelos que, amamos verdadeiramente.
Neles expressa-se nossa contínua luta por um bem comum, pela solidariedade, pela justa distribuição de tudo aquilo que toda pessoa precisa para viver. Para isto Jesus orienta seus discípulos a olhar para Deus Pai, reconhecendo seu Amor que nos gera constantemente como filhos/ seus e irmãos entre si porque somos filhos do mesmo Pai Celestial.
Observemos que a atitude orante de Jesus anima os discípulos a pedir-lhe que os ensine a rezar. Ele lhes ensina a oração por excelência, a oração dos filhos e filhas de Deus, o Pai-Nosso que também reza que devemos perdoar para sermos perdoados sempre.
Na oração do Pai Nosso Jesus fala da ação de Deus: Que venha o reino, o pão de cada dia, perdoa os pecados, não se deixar cair em tentação. Fica claro que o sujeito da oração do Pai Nosso é Deus mesmo, somos convidados a nos relacionar com um Deus vivo, atuante, participar de sua vida e deixar que ela tome conta de nós e nos transforme. Isso é orar e crer na força da oração.
O Mestre diz-lhes ainda que sejam perseverantes na oração. Isto é devemos insistir na oração para alcançar a graça que desejamos. A oração sincera e perseverante consegue mover o coração do Pai, como vimos na primeira leitura. A exemplo dos discípulos, pedimos a Jesus: “ Ensina-nos a rezar”, pois nem sempre sabemos rezar, muito menos orar de forma adequada e agradável a Deus.
A ideia que Jesus nos revela não é contrária à imagem de Deus que nos ouve e nos atende, Deus é Pai de todos e não apenas “meu Pai” por isso Jesus ensina a dizer Pai Nosso. Na passagem seguinte à oração do Pai Nosso Lucas nos apresenta a metáfora do amigo inoportuno, insistente que bate a porta, fora de hora, para obter pães, a intenção do autor é mostrar uma atitude importante da pessoa orante, que é a confiança depositada em Deus. Pedi e vos serás dado.
O que Jesus quer nos passar é a importância de nos apresentarmos a Deus como somos, mesmo quando nos sentimos longe dele, como com a “porta fechada”! Precisamos bater com força e fé, insistirmos, que ela se abrirá e seremos atendidos.
Somos nós quem precisamos acudir a Ele e expressar-lhe o que nos acontece, não porque ele não o saiba, senão para assim abrir-lhe espaço em nós mesmos, nessa situação concreta para que seu Espírito se mova com liberdade, é preciso nos libertarmos primeiro. Lembrando que nem todos os sonhos podem ser tornar realidade, mas não podemos nunca perder a esperança de alcançar o que desejamos.
Não precisamos convencer Deus para que nos ame e nos salve, porque Ele é o primeiro em estar interessado na nossa felicidade e lutando por ela na força do Espírito que age em nós. Eu costumo dizer à minha comunidade Nossa Senhora das Dores que a “compaixão” que Deus sente pela “miséria humana” é comparável à reação de uma mãe “diante da dor dos filhos”. “Assim, Deus nos ama”, afirma São Francisco de Assis.
E mais ainda é Deus mesmo quem nos chama e “suplica” para que colaboremos com Ele na construção de um mundo justo, solidário, livre. Estejamos a seus pés e o escutemos.
O Deus, Pai de Jesus Cristo, que ama todos os seres humanos incondicionalmente é um Deus solidário conosco até a entrega total de seu Filho, mas na morte o ressuscita, na força do seu Espírito. E esse Espírito que Deus Pai oferece a todos como grande dom, só requer nossa disponibilidade para acolhê-lo, se nos deixar conduzir por ele.
O Deus de Jesus Cristo não quer “marionetes”, e sim seres humanos livres que entregam suas vidas à obra de salvação, que sabem distinguir o certo do errado, que respeita o livre-arbítrio de cada um dos seus com confiança, sem ficar proibindo isso ou aquilo com medo de os perderem; o Espírito realiza no coração da humanidade a vontade de o servir livremente, por opção pessoal, sem vigilância, suas ovelhas ouvem a sua voz e obedecem.
Do mesmo modo como os primeiros amigos de Jesus, deixemo-nos possuir pelo Amor do Pai, entremos em sintonia com sua ação salvadora no mundo crendo e sendo fiel aos nossos objetivos, reconhecendo nossa pequenez, confiemos na força do Espírito que nos habita e nos encoraja a nos unir cada vez mais ao “trabalho” do Pai, do Filho, do Espírito Santo: rumo a felicidade de toda a humanidade! A fim de que sejamos uma Igreja verdadeira perante nossos fieis. Que é, sem dúvidas, o que mais desejamos. Encontrar a felicidade pela oração que é, porta aberta nos atendendo.
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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