O mistério da assunção nos faz voltar o olhar para o alto, para o mistério de Deus, para a destinação final de todos nós. Ao mesmo tempo, olhamos para nossa realidade terrena, material e carnal, na qual Deus se manifesta. Maria foi “assunta” aos céus “a partir de” e “com” nossa realidade humana.
A solenidade que celebramos hoje, sobre a proclamação dogma de Assunção de Nossa Senhora, foi proclamado no dia 1º. De novembro de 1950 pelo Papa Pio XII, conforme lemos no documento Munificentissimus Deus. Uma das frases destacada deste escrito, diz que: “A imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.
Com a Assunção de Nossa Senhora, vemos que Maria compartilha o destino do Filho, o qual um dia também compartilharemos. Ela participou da vida de Jesus, foi discípula fiel, fez parte da comunidade perseverante na oração e foi apóstola do mistério de Cristo. Por isso, foi ressuscitada por Deus, ou seja, foi assumida de corpo e alma, em sua totalidade, por Ele.
A destinação de Maria diz respeito também à nossa destinação final. Esperamos participar da ressurreição de Jesus como ela já participa. Professamos essa fé e aguardamos a realização, em nosso corpo, dessa glorificação definitiva.
A Mulher, citada na leitura de hoje do livro do Apocalipse representa a comunidade de fé, isto é, a Igreja. No tempo em que este livro foi escrito, a comunidade cristã de Jerusalém, foi expulsa pelo Império Romano por causa da Guerra Judaica, teve de se refugiar no deserto, do outro lado do rio Jordão. O trecho selecionado para essa primeira leitura na liturgia de hoje, conclui com a proclamação da vitória de Deus: “agora chegou a salvação”. O acusador e perseguidor da comunidade de fé é derrotado pela chegada do Reino de Deus, do poder e da autoridade de Cristo. Assim, Maria assunta ao céu, celebrada nesta solenidade, representa essa vitória, da qual nós participamos por meio da fé.
Na comunidade de Corinto, vemos que Paulo enfrentava um problema de cunho doutrinal, pois, alguns fiéis, em virtude de uma compreensão antropológica diferente, -segundo a qual o corpo não participaria da salvação escatológica-, negavam a ressurreição dos mortos e a de Cristo. Esse grupo não se aceitava uma vida “corpórea” no além-morte. O ponto de partida da argumentação de Paulo é o credo cristão primitivo, segundo o qual Cristo morreu pelos nossos pecados, foi sepultado, foi ressuscitado ao terceiro dia, apareceu a Cefas e a um grupo de discípulos. Para Paulo, a corporeidade humana é atingida pela ação salvífica de Deus.
A celebração da Assunção de Maria afirma a participação de Maria no mistério da ressurreição, do qual um dia também participaremos. Os dois eventos (ressurreição de Jesus e assunção de Maria) proclamam a vitória do amor de Deus sobre o pecado humano, a superação da morte pela vida e o triunfo da comunhão sobre a separação.
O Evangelho apresenta indicações de como Maria praticava sua fé: escuta de Deus, disponibilidade para servir e reconhecimento das maravilhas do Senhor na própria vida.
A passagem se inicia com Maria “levantando-se e indo apressadamente”, desde Nazaré da Galileia até as montanhas da Judeia, para chegar à casa de sua prima Isabel. A novidade anunciada pelo anjo não a acomoda, mas põe a “serva do Senhor” em movimento para servir a quem precisa. Ela visita porque foi visitada por Deus! Isabel, representante da esperança do povo de Israel, estava grávida do precursor do Messias. O encontro entre as duas mulheres e entre as duas crianças repercute fisicamente em seus ventres e nas emoções de ambas as mães. A esperança se encontra com a realização da promessa.
Na sequência, Maria canta, enaltecendo o Senhor, que fez maravilhas por ela e por seu povo. O Magnificat é proclamação forte, aguerrida e revolucionária da ação divina na história humana. Demonstra a predileção de Deus pelos humildes e pobres, e o desejo de estabelecimento de um mundo de relações mais igualitárias e justas. Cantando, Maria resume os feitos do Senhor na história do povo de Israel e prolonga seu “sim” comprometido com o projeto salvífico de Deus.
Por fim, a imagem da mulher grávida, capaz de dar à luz a novidade de Deus para o mundo, une-se à imagem da mulher assunta e acolhida por Deus. A espera inicial do “novo” se liga ao destino dado pelo Senhor como dom aos que creem. Maria, mulher de fé, procede a cada um de nós!
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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