Neste tempo de homenagem a nossa padroeira, Santa da Nossa Comunidade, dentro do nosso itinerário com o Senhor, vamos meditar as Sete Dores de Nossa Senhora, uma devoção antiga cultivada por Santo Afonso Ligório, que busca difundir a devoção a essa Mãe dolorosa. Isso se deve ao seu amor pela Paixão de Cristo e pela missão corredentora de Maria aos pés da Cruz. Já no século dezoito os escritores eclesiásticos falavam da “compaixão da Virgem”, fazendo referência a participação da Mãe de Deus nas dores do Crucificado. Os monges servitas, os padres franciscanos e outras ordens religiosas tinham uma profunda devoção às dores de Maria.
A vida de Nossa Senhora nos ajuda a compreender as nossas dores, e a dar um sentido a elas, ao sofrimento da Igreja e da humanidade. Pois, se Jesus Cristo é chamado de o “Homem das dores”, sua Mãe é a Mulher das Dores. A Virgem Maria passou por vários sofrimentos durante sua vida, os principais lembrados na oração da Igreja, especialmente na contemplação das suas sete dores.
Todos estes sofrimentos de Nossa Senhora estão presentes na Palavra de Deus e nos foram transmitidas pela Sagrada Tradição: a profecia do velho Simeão de que uma espada de dor transpassaria seu coração de Mãe;/ a fuga da Virgem de Nazaré com o Menino Jesus, sob a guarda de José, para o Egito;/ a perda de Jesus aos doze anos, depois da sua apresentação no Templo de Jerusalém;/ o encontro da Virgem Santíssima com Cristo no caminho do Calvário;/ a presença da Virgem das Dores na crucifixão do Filho;/ a presença dolorosa da Mãe de Deus na morte do seu Filho Jesus;/ sua dor de Mãe ao ver o sepultamento do seu amado Filho.
Em todos estes sofrimentos, a Mãe do Senhor estava com alguém: Jesus, José, João, e as santas mulheres citadas na Bíblia. Porém, em um acontecimento a Virgem Maria estava sozinha, era a única chama acesa em meio à noite escura da fé. Jesus Cristo estava morto e sepultado e, em meio a tantos sofrimentos, a sua Mãe Santíssima era a única que acreditava na ressurreição do Filho de Deus.
A primeira grande noite escura da fé na história da Igreja mostra Nossa Senhora em prantos e orações. Os apóstolos e os discípulos depois da crucifixão e morte de Jesus, tinham uma diferença com a fé de Maria, eles não acreditavam na Ressurreição.
No Domingo depois da Paixão, dois discípulos caminhavam tristes de volta para Emaús, lamentando a morte de seu Mestre; No mesmo dia, primeiro Maria Madalena, depois Pedro e João viram o túmulo de Cristo vazio, mas ainda não tinham compreendido que seu Mestre havia ressuscitado.
O próprio Senhor precisou aparecer aos onze apóstolos e lhes dar a luz do Espírito para que compreendessem que Ele havia ressuscitado. Mas, onde estava a Mãe de Jesus durante estes acontecimentos? Segundo a Tradição da Igreja, Nossa Senhora foi a única que passou por todos estes sofrimentos, por esta noite escura, com a chama da fé acesa. Até mesmo os apóstolos e os discípulos mais próximos de Jesus deixaram apagar-se esta chama de fé, no que era possível para Jesus. Maria manteve viva a fé, se encontrava em vigília, em ardente oração e aguardava confiante o comprimento da promessa da ressurreição gloriosa de seu Filho Jesus, tantas vezes anunciada aos apóstolos e discípulos.
Depois desta noite escura, muitas outras aconteceram na história da Igreja e da humanidade. Os cristãos foram visitados por inúmeros sofrimentos, perseguições, traições, tribulações. Os apóstolos foram perseguidos, presos e torturados, levados a morte. A humanidade por sua vez, tem padecido com guerras, genocídios, pandemias, perseguições étnicas e religiosas. Mas, nas nestas noites escuras da humanidade, a Virgem Maria está sempre presente, com a chama da fé acesa, em varias aparições nos alertando para o perigo da perdição de muitas almas.
A Mãe de Deus não está alheia aos nossos sofrimentos atuais, ela está a todo o momento tentando evitá-los, principalmente sobre as grandes calamidades que nos assolam. Mas, a Santíssima Virgem preocupa-se principalmente, ainda mais com a perdição das almas, por este motivo tem intercedido por todos nós junto ao seu Filho Jesus porque ela é bem aventura segundo reza nas escrituras.
Em todas suas aparições, por todas as partes do mundo, a Virgem Maria nos ensina a fazer o que ela fez naquela noite escura da fé. Ela nos ensina a manter a chama da nossa fé acesa, pela nossa união com ela através da oração, do sacrifício, do jejum, da penitência, oferecidos pela salvação dos pecadores. A Virgem Maria das Dores também nos ensina que os sofrimentos, as tribulações, as perseguições, unidos à Paixão de Cristo, contribuem para a salvação das almas.
Assim, na noite escura da fé, pela qual a nossa Igreja, a humanidade e talvez até nós mesmos estejamos passando, temos na Santíssima Virgem Maria aquela que não deixará essa chama da fé em nós se apagar. Nos unamos a Nossa Senhora das Dores, pois grande e inabalável é a sua fé, para oferecermos a ela os nossos sofrimentos, as nossas orações, os nossos sacrifícios, pelos que sofrem: pelos pobres pecadores e pelos agonizantes; pelo fim definitivo desta covid 19 que assolou nosso planeta e trouxe dor a muitas famílias; por tantos cristãos perseguidos, principalmente pelo Islamismo e pelo Comunismo; pelas guerras que temos visto, pelas crianças não nascidas, vítimas do terrível genocídio que se chama aborto; pelas vítimas da ideologia de gênero, do feminicídios, pelas drogas que destrói as famílias e consequentemente está destruindo a sociedade.
Se no princípio do cristianismo a fé do seu povo e a própria Igreja quase acabou, restando somente a chama da fé de Maria, grande é a responsabilidade que nos é dada por Deus em nosso tempo, pois talvez sejamos os únicos em nossa casa, no nosso trabalho, em nossa comunidade, a manter acesa a chama da fé naquela que foi a mãe de Jesus. Neste tempo de grandes incertezas, sofrimentos e tribulações, que a Mãe da Igreja e desta comunidade, nos ajude a permanecer firmes e unidos na fé. Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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